Dezembro 08 2013

BOLETÍM CULTURAL

CATINA MUNDI

 

 

LA FINALIDAD DE ESTE BOLETÍN, BIEN DEFINIDA EN SU PROPIO TITULO ,

OBEDECE MÁS A UN SENTIMIENTO DE PATRIOTISMO CULTURAL QUE DE INTERÉS MATERIAL.

 

  Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica

  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

   Casa de Mexico,  casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.

  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

…Para las niñas y  niños de Portugal, México, Costa Rica,  Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…

                         

PUBLICAÇÃO  MENSAL, em  PORTUGUÊS e CASTELHANO,  QUE TEM  COMO  OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES  PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES  E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.  (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)

Presentación

Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

 

 Feliz Navidad -- Felices Pascoas

Merry Chrismas

Joyeux Noël

 

 

Citações de Nelson Mandela

 

Nelson Mandela

Nelson MandelaÁfrica do Sul
1918 // 2013Estadista, Nobel da Paz
Citações
"Uma boa cabeça e um bom coração são sempre uma combinação formidável."Tema - Coração
"Depois de termos conseguido subir a uma grande montanha, só descobrimos que existem ainda mais grandes montanhas para subir."Tema - Desafio
"A educação e o ensino são as mais poderosas armas que podes usar para mudar o mundo."Tema - Mudança
"Ser pela liberdade não é apenas tirar as correntes de alguém, mas viver de forma que respeite e melhore a liberdade dos outros."Tema - Liberdade
"Eu aprendi que a coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas aquele que conquista por cima do medo."Tema - Medo
"Se falares a um homem numa linguagem que ele compreenda, a tua mensagem entra na sua cabeça. Se lhe falares na sua própria linguagem, a tua mensagem entra-lhe directamente no coração."Tema - Comunicação
"Se tu queres fazer as pazes com o teu inimigo, tens que trabalhar com o teu inimigo. E então ele torna-se o teu parceiro."Tema - Inimigo
"Tudo parece impossível até que seja feito."Tema - Desafio
"É melhor liderar a partir da rectaguarda e colocar outros à frente, especialmente quando estamos a celebrar uma vitória por algo de muito bom que aconteceu. Mas deves tomar a linha da frente quando há perigo. Desta forma as pessoas irão apreciar a tua liderança."Tema - Liderança
"O dinheiro não cria o sucesso, mas sim a liberdade de criar o sucesso."

Nelson Mandela: por trás do grande homem, houve três grandes mulheres

Nelson Mandela: vida social e política intensa, mesclada com vida pessoal rica e turbulenta Foto: Juda Ngwenya / ReutersNelson Mandela: vida social e política intensa, mesclada com vida pessoal rica e turbulentaFoto: Juda Ngwenya / Reuters
  • Viviane VazDireto de Bruxelas

 

O homem que buscou paz e o fim da segregação racial na África do Sul e no mundo também buscou amor. Encantador na vida política e na pessoal, Nelson Mandela foi casado três vezes. Para o advogado e ativista político, ficar longe e sem notícias da família, era ficar “seco como um deserto” (confira carta no fim desta página). Mas, ao mesmo tempo, os dois primeiros casamentos não sobreviveram aos desafios da liderança de Mandela contra o apartheid.

 

Sua primeira luta política - e sentimental - começou com a fuga de um casamento arranjado. O regente de seu clã em Transkei, no sudeste da África do Sul, arrumou-lhe uma esposa para casá-lo aos 22 anos. “Sem dúvida minha futura mulher tem tanta vontade de se livrar de mim, quanto eu dela”, lembra Mandela na autobiografia, "Longa Caminhada até a Liberdade".

 

saiba mais

 

O primeiro amor
Junto com o amigo, Justice, Mandela foge para Johannesburgo sonhando com a emancipação. Na capital da África do Sul, como estagiário de advocacia de Walter Sisulu, Mandela descobre sua vocação política e o primeiro amor. Na casa do chefe e mentor, o jovem Mandela conhece a enfermeira Evelyn Mase. “Uma menina bonita e tranquila que veio do campo”, recorda Mandela.

 

Eles se casaram em 1944 e tiveram dois filhos, Thembi e Makgatho, e duas filhas, Makaziwe e Pumla. Ao biógrafo Anthony Sampson, Evelyn lembra que o casal vivia com pouco dinheiro nos primeiros anos e não pagavam aluguel para sua irmã, mas mesmo assim eram felizes. “Todo mundo que nos via dizia que nós fazíamos um casal muito bonito”, recordou Evelyn.

 

Mas o casal não conseguiu conciliar as maneiras de ver religião e política. Absorvido pela militância, Mandela começava a ser tornar um líder do Congresso Nacional Africano (ANC em inglês), movimento contra a opressão dos negros sul-africanos. Convertida em testemunha de Jeová depois de perder a primeira filha, Evelyn se voltou cada vez mais à igreja.

 

“Quando eu lhe dizia que estava servindo à nação, ela respondia que servir a Deus estava acima disso. Um homem e uma mulher com visões tão diferentes sobre seus papéis na vida não podem continuar juntos”, escreve Mandela. A união se desfez em 1957. Somente anos após o divórcio, com a eleição de Mandela para presidente em 1994, Evelyn afirma que a força do ex-marido vinha para a “obra de Deus”.

 

Mandela e Graça Machel, durante cerimônia em escola em Toronto Foto: AP
Mandela e Graça Machel, durante cerimônia em escola em TorontoFoto: AP

 

Winnie
Advogado bem sucedido e divorciado, Mandela andava em carro americano importado quando avistou a assistente social Winnie Nomzamo em um ponto de ônibus. “Não sei se algo como o amor pode nascer à primeira vista, mas sei muito bem que no momento em que vi Winnie Nomzamo, eu queria tê-la como mulher”, escreve Mandela na autobiografia.

 

Eles se casam em 1958. Winnie contou em em seu livro de memórias que Mandela nunca lhe propôs casamento. “Um dia Nelson parou o carro no acostamento da estrada e disse: 'Sabe, tem uma mulher que é costureira, você tem que ir vê-la, ela vai fazer seu vestido de noiva. Quantas madrinhas você quer ter?'”, recorda. Segundo ela, ele não foi arrogante, foi apenas algo que ele estava certo e decidido. “Eu só respondi: a que horas?”, completa.

 

As duas filhas do casal - Zenani e Zinzi - nascem nos primeiros dois anos de convivência, em meio à luta política, detenções e processos impostos pelo sistema de apartheid. Em sua autobiografia, Winnie também reclama da falta de tempo com Mandela. “Nunca houve este tipo de vida que você pensa como vida em família, uma jovem esposa que senta com seu marido. Você simplesmente não podia separar Nelson de seu povo: a luta, a nação vinha primeiro”, descreve Winnie.

 

Nem uma vez, desde que voltei da prisão, Winnie entrou em nosso quarto quando eu estava acordado... Fui o homem mais solitário no período em que fiquei com ela.

Nelson MandelaSobre Winnie, diante da corte de divórcio, em 1995

 

Em 38 anos de união oficial, Winnie e Mandela conviveram por apenas cinco anos. O líder da ANC foi detido em 1962 e passou 27 anos preso. Diante da corte de divórcio, em 1995, Mandela revelou a solidão dentro do matrimônio. “Nem uma vez, desde que voltei da prisão, Winnie entrou em nosso quarto quando eu estava acordado... Fui o homem mais solitário no período em que fiquei com ela”.

 

Winnie também foi detida e torturada inúmeras vezes durante o regime do apartheid. Hoje ela é reconhecida na África do Sul por ter continuado a militância de Mandela enquanto ele esteve preso, mas também foi acusada por envolvimento em métodos violentos durante o período de resistência.

 

No aniversário de libertação de Mandela, ela o recordou como um homem adorável, trabalhador árduo, comprometido com a luta pela liberdade. “E não era um anjo, assim como a maioria dos seres humanos. Ele nunca clamou ser um santo”.

 

Mandela e Winnie Madikizela-Mandela, após a saída do líder da prisão, na Cidade do Cabo Foto: AP
Mandela e Winnie Madikizela-Mandela, após a saída do líder da prisão, na Cidade do CaboFoto: AP

Após a prisão
Em 1990, depois de ser libertado, Mandela reencontrou Maputo Graça Machel, viúva do presidente moçambicano Samora Michel. Desta vez, o amor não acontece à primeira vista. É pouco a pouco que ele se vê enamorado de uma mulher 27 anos mais jovem.

 

Aos 78 anos, Mandela revela à imprensa “o maravilhoso sentimento de estar apaixonado”, algo em que não acreditava ser ainda possível. Assim como as primeiras mulheres, Graça admite que Mandela podia ser “muito impaciente e teimoso”, “um símbolo, mas não um santo”.

 

Eles se casam no aniversário de 80 anos de Mandela. “Ele é capaz de amar muito profundamente, mas tenta controlar isso muito bem em suas aparições públicas”, revelou Graça ao biógrafo Sampson. “Na vida privada ele se permite ser humano. Ele gosta que as pessoas saibam que ele é feliz”.

 

Ao deixar a presidência em 1999, Mandela decidiu morar com Graça em seu pequeno vilarejo ancestral de Qunu, e criaram uma fundação em defesa dos direitos humanos. Mas continou a influenciar a política nacional e mundial até o último suspiro.

 

“Queria muito me aposentar e descansar e passar mais tempo com meus filhos, meus netos e claro, com minha esposa. Mas os problemas são tais que ninguém consciente de que pode usar alguma influência para trazer paz... fica difícil dizer não”, disse em 2002. Dois anos depois, prometeu que “se aposentava da aposentadoria” para ficar com a família e amigos.

Vasco Núñez de Balboa (1475-1519)


Navegante y conquistador español, descubridor del océano Pacífico. Nació en la villa extremeña de Jerez de los Caballeros (provincia de Badajoz). Se embarcó en el año 1500 para el Nuevo Mundo en la expedición de Rodrigo de Bastidas, con quien exploró las costas caribeñas desde el cabo de la Vela, en la península de la Guajira, hasta el golfo del Darién. A su regreso en 1502 pasó por Jamaica y se estableció en La Española, en la villa de Salvatierra, donde vivió varios años sin obtener éxito económico alguno y se cargó de deudas. En 1510 se embarcó como polizón en uno de los barcos de la expedición que Martín Fernández de Enciso se proponía hacer llegar con auxilios a su socioAlonso de Ojeda, en Nueva Andalucía, en la costa colombiana de Urabá. A su llegada, Enciso, a propuesta de Balboa, trasladó el emplazamiento a Darién, en la costa panameña. Aquí fundaron en 1510 el primer asentamiento estable que perduró en América, el municipio de Santa María la Antigua del Darién, en el que los colonos depusieron a Enciso y eligieron un cabildo. Diego de Nicuesa, gobernador de Veragua, futura Castilla del Oro, consideró el asentamiento una intromisión en su territorio y decidió castigar a los colonizadores. Balboa lo derrotó y, con ello, no sólo supo ganarse las simpatías de los colonos sino que además consiguió que, en diciembre del mismo año, el virrey Diego Colón, máxima autoridad en América, le nombrase lugarteniente suyo en el Darién. El rey, por su parte, le nombró el 23 de diciembre de 1511 capitán y gobernador interino del Darién.

Llegada al Pacífico:
En sus campañas de conquista de nuevas tierras y de alianzas o sometimiento de los indígenas, Balboa tuvo noticias de la existencia hacia el sur de un gran mar y de tierras donde abundaba eloro; quizá se referían al Imperio inca del Perú. A raíz de tales noticias, Núñez de Balboa organizó una expedición con 190 españoles (entre los que se encontraba Francisco Pizarro) y 800 indios que atravesó por primera vez el istmo de Panamá. El 25 de septiembre de 1513 avistó el ansiado mar, al que llamó mar del Sur debido a la dirección seguida por la expedición desde el punto de partida, pero que más tarde fue llamado océano Pacífico por la expedición de Fernando de Magallanes (1520), a causa de los suaves vientos alisios que en él soplaban. Luego de tomar posesión del mar en nombre de España, Balboa y sus hombres regresaron a Darién en enero de 1514.

Meses más tarde llegó Pedrarias Dávila desde España a Santa María la Antigua del Darién, nombrado por el rey gobernador del Darién y acompañado de Enciso. Desde el primer momento, las relaciones entre Pedrarias y Balboa no fueron muy cordiales. Por otro lado, a Balboa se le nombró el 23 de septiembre de 1514, aunque subordinado a Castilla del Oro, adelantado de la mar del Sur y gobernador de Panamá y Coiba, lo que no fue bien recibido por Pedrarias Dávila, de quien Balboa era su subordinado. Este fue un motivo más de fricción en las difíciles relaciones que ambos mantenían. Entre 1517 y 1518, Balboa exploró el golfo de San Miguel. Tras la repoblación de la ciudad abandonada de Acla, Balboa se propuso continuar las exploraciones por el mar del Sur. La construcción de unos barcos por parte de Balboa y el anuncio de la llegada de un nuevo gobernador en sustitución del anciano Pedrarias Dávila, hicieron que éste temiera que Balboa testificase en su contra y lo mandó detener. Acusado de traidor, rebelde y autor de abusos, así como de la muerte del gobernador Nicuesa, Núñez de Balboa fue juzgado, sentenciado y decapitado el 12 de enero de 1519 en Acla (Darién).


BastidasEl descubrimiento del Pacífico. Por Ch.F.Lummis:
Nació Balboa en la provincia de Extremadura, en 1475. Embarcóse, con Bastidas, con rumbo al Nuevo Mundo en 1501, y entonces vio Darién; pero se estableció en la isla Española. Nueve años después se trasladó con Enciso a Darién, y allí permaneció. La vida en el Nuevo Mundo era entonces muy turbulenta, y los primeros años de la de Balboa fueron muy movidos; pero tenemos que pasarlos por alto. Pronto hubo disturbios en la colonia de Darién. Enciso fue depuesto y llevado a España como prisionero, y Balboa tomó el mando. A su llegada a España, Enciso echó toda la culpa a Balboa, y consiguió que el rey condenara a éste por el delito de alta traición. Al saber esto, determinó Balboa dar un golpe maestro cuya resonancia le granjease de nuevo el favor del rey. Había oído a los indígenas hablar de otro Océano y del Perú -los que no habían visto todavía ojos europeos-, y se hizo el propósito de hallarlos. En septiembre de 1513 se embarcó para Coyba con ciento noventa hombres, y desde aquel punto, con sólo noventa que le siguieron, atravesó a pie el istmo hasta llegar al Pacífico, realizando uno de los viajes más horribles que pueda imaginarse, por su longitud.

Balboa toma posesión del Pacífico (1513)Fue el 26 de septiembre de 1513 el día en que, desde la cima de una sierra, los harapientos y ensangrentados héroes contemplaron la inmensidad azul del Mar del Sur, que no se llamó Pacífico hasta mucho tiempo después. Bajaron a la costa, y Balboa, vadeando el nuevo Océano hasta la rodilla -blandiendo en alto su espada con la mano derecha, y con la izquierda el invicto pendón de Castilla-, tomó posesión solemne de aquel mar en nombre del rey de España. Los exploradores regresaron a Darién el 18 de enero de 1514, y Balboa envió a España una relación de su gran descubrimiento. Pero Pedro Arias de Avila había ya salido de la madre patria para sustituirle. Al fin la nueva de la proeza de Balboa llegó a conocimiento del rey, el cual le perdonó y le nombró Adelantado; y algún tiempo después casó el descubridor con la hija de Pedro Arias. Siempre con grandes planes, Balboa condujo el material necesario a través del istmo con muchísimo trabajo, y en las playas del azul Pacífico construyó dos bergantines, que fueron los primeros buques que se hicieron en las Américas. Con éstos tomó posesión de las islas de las Perlas, y después salió en busca del Perú; pero tuvo que retroceder por la fuerza de lastormentas, que pusieron un fin desastroso a su empresa. Su suegro, celoso del brillante porvenir de Balboa, le llamó a Darién, engañándolo con un mensaje traicionero; y le prendió y lo hizo ejecutar en público el año 1517, acusándole falsamente de alta traición. Tenía Balboa todo el temple de un gran explorador, y, a no ser por la infame acción de Avila, es probable que hubiese alcanzado más altos honores. Su valor era pura audacia, y su energía incansable; pero fue imprudente y descuidado en su actitud con respecto a la corona.(Ch.F.Lummis)


Francisco de Xerez (1495-):
Nacido en Sevilla, en 1514 llegó al Darién con la expedición de Pedrarias. Permaneció en Castilla del Oro durante la siguiente década. Participó junto con Vasco Nuñez de Balboa, Gaspar de Espinosa y otros capitanes en las exploraciones que se realizaron por el interior del istmo. Fue uno de los pobladores de Acla, donde ejerció las funciones de escribano público del Cabildo. Participó en la conquista del Perú desde el primer intento fallido realizado por Francisco Pizarro, Diego de Almagro y Hernando de Luque, en 1524. Entre 1528 y 1530, residió en Natá donde ejerció como de escribano al servicio del gobernador Pedro de los Ríos. Este último año, al regresar Francisco Pizarro de entrevistarse con el Emperador en Toledo, Francisco de Xerez se enroló una vez más en las huestes pizarristas que conquistaron el imperio inca. Gracias a sus servicios Pizarro lo nombró su Secretario en Cajamarca y recibió una suculenta cantidad de orodel rescate de Atahualpa. Con una pierna fracturada regresó a Sevilla en junio de 1534. Un mes más tarde, apareció publicada su obra Verdadera Relación de la conquista del Perú. Radicado en Sevilla se dedicó a comerciar con Tierra Firme y se transformó en un próspero mercader. Hacia 1549 sus negocios tuvieron serios problemas y adoptó el nombre de Francisco López de Xerez. A partir de entonces, se le pierde la pista, aunque algunos autores indican que empobrecido regresó al Perú en compañía de su familia donde murió.

 Fonte:http://www.mgar.net/exp/balboa.htm

publicado por luiscatina às 13:11

Novembro 27 2013

BOLETÍM CULTURAL CATINA MUNDI

 

LA FINALIDAD DE ESTE BOLETÍN, BIEN DEFINIDA EN SU PROPIO TITULO ,

OBEDECE MÁS A UN SENTIMIENTO DE PATRIOTISMO CULTURAL QUE DE INTERÉS MATERIAL.

 

  Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica

  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

   Casa de Mexico,  casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.

  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

…Para las niñas y  niños de Portugal, México, Costa Rica,  Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…

                         

PUBLICAÇÃO  MENSAL, em  PORTUGUÊS e CASTELHANO,  QUE TEM  COMO  OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES  PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES  E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.  (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)

Presentación

Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

 

D. CARLOS I

“O Martirizado” Rei de Portugal: 1863 - 1908

 QUANDO TUDO ACONTECEU...


1863: Nasce em Lisboa a 28 de Setembro, filho primogénito de D. Luís I e D. Maria Pia, que o baptizaram com o nome de Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon Saxe-Coburgo Gota. É o rei D. Carlos I. – 1878:Acompanha a mãe a Itália para assistir ao funeral de Vítor Manuel II. – 1886: Casa com Maria Amélia de Orleães, princesa de França. – 1888: Publica A Defesa do Porto de Lisboa e a Nossa Marinha de Guerra. – 1889: Sobe ao trono, por morte do pai, a 19 de Outubro. – 1890: Perante o ultimato inglês devolve as suas condecorações inglesas. – 1892: Visita oficialmente a Espanha. – 1895: Participa pessoalmente na homenagem a João de Deus. – 1901: Toma parte nos funerais da rainha Vitória de Inglaterra. – 1904: Inaugura o caminho de ferro de Santarém a Vendas Novas. Visita oficialmente vários países europeus. – 1905: É recebido com especial solenidade em França. – 1906: Permite e apoia a ditadura de João Franco que dissolverá o Parlamento em Abril de 1907. – 1907: Recebe um prémio de Oceanografia em Itália. – 1908: Morre, assassinado, em Lisboa, no dia 1 de Fevereiro. Jaz em S. Vicente de Fora.

O CAÇADOR

E assim, desta forma marcada de tragédia, termina o reinado daquele que ficará para a história com os cognomes de «O Martirizado», «O Diplomata», ou «O Caçador». Este último devido à sua grande paixão pela caça.

A este propósito, uns anos antes, mais concretamente em 1890, o poeta Guerra Junqueiro satirizara as práticas cinegéticas do soberano através dos versos «O Caçador Simão», onde previa que o caçador acabaria por ser caçado, numa clara alusão à possibilidade de a Monarquia findar pela morte violenta do rei.

Simão é o último dos nomes próprios do rei D. Carlos. Agora, o penúltimo rei da monarquia que dominava Portugal de aquém e de além-mar, jazia sem vida, também ele abatido como qualquer animal de caça, diversão a que se dedica com entusiasmo desmedido.

Na verdade, em matéria de caçadas, D. Carlos não deixa margem para dúvidas. Quer pelo o seu apego, quer pela sua pontaria estava entre os melhores. Só na última surtida, três dias antes da sua morte, cinco raposas, sete perdizes, um tordo e noventa coelhos provaram o sabor das suas balas e a certeza da sua mira. Em Vila Viçosa existe um alvo onde o rei acertou, a uma distância de 30 passos, dez vezes consecutivas no mesmo buraco de bala, mesmo ao centro.

Senhor de uma pontaria infalível, o monarca manuseava espingardas de caça, de guerra, pistola ou revólver com igual exactidão e engenho. À pistola, enfiava sucessivas balas em buracos de fechaduras.

Desde os sete anos que anda nestas lides do tiro. Aos nove deu às escondidas algum dinheiro ao ajudante-de-campo do pai para lhe comprar uma espingarda de dois canos, para pólvora e chumbo. 

Conhecido como grande apaixonado da vida ao ar livre, D. Carlos não perde muito tempo dentro dos gabinetes da governação.

O rei leva a vida entre as longas caçadas de Vila Viçosa, Sintra ou Mafra e a prática de tudo o que é bom desporto na época.

Joga ténis quase todos os dias nos courts que manda fazer no palácio das Necessidades. Monta a cavalo por tudo quanto é canto para a equitação. Corre de bicicleta nas provas desportivas do velódromo da Palhavã. Entra em competições com os seis Peugeots que tem na garagem. Dedica-se à esgrima de forma exímia. Devota-se com toda a alma às coisas do mar.

Quer sejam os bons banhos na baía de Cascais ou as regatas com o iate Maris Stella muito do seu tempo vai para a área da investigação oceanográfica onde produz obra de reconhecido valor.

A sua educação fora orientada por alguns dos melhores mestres da altura. Júlio Joubert Chaves inicia-o nas primeiras letras. Depois, António José Viale e Alves de Sousa ensinaram-lhe português, latim, grego, geografia e história. Aprendeu alemão com Schneider e Röder e inglês com Coolinggrige e Davidson. Na química, física, matemática e história natural, foi seu professor Augusto José da Cunha. De desenho foi primeiro mestre Teodoro da Mota. Na música recebeu lições de Manuel Inocêncio dos Santos. Na ginástica teve Pedro Martins e no jogo de armas contou com Petit e António Martins. Foram o coronel Vito Moreira e Gromicho Couceiro quem lhe ensinaram equitação e Maria Teresa de Assis Mascarenhas quem o assistiu na educação doméstica. Teve lições de pintura com Miguel Ângelo Lúpi e Henrique Casanova e colheu ensinamentos de zoologia do professor Manuel Paulino e de Alberto Girard.

Desportista, caçador, cientista, agricultor e artista, dotado de um grande talento para a pintura, D. Carlos evidencia-se, sem favor, como um dos reis mais cultos de toda a história portuguesa.

D. Carlos vivia como rei de um País de que não desejava ter muitas maçadas. Entre as maçadas e as caçadas não hesitava na escolha.

Desde muito cedo fizera de Vila Viçosa um local de eleição para as suas digressões cinegéticas e de lazer relaxante. Os ministros e até o próprio presidente do Ministério tinham de rumar até esta vila alentejana quando havia algo a tratar ou o rei os chamava.

Foi o que sucedeu no dia anterior ao regresso fatídico de 1 de Fevereiro de 1908.

Nesse dia recebe o ministro da Justiça, que ali se desloca com um decreto elaborado pelo Governo reunido na noite de 30 para 31.

O documento foi assinado por D. Carlos, nesse mesmo dia 31 de Janeiro. Com este novo diploma régio o primeiro-ministro João Franco fica mandatado para desencadear violentas acções sobre quem ousasse contra a política e o regime vigentes.

O Governo ficava com poderes totais para meter num navio e atirar para Timor, Angola ou outra colónia distante, qualquer indivíduo, mal fosse pronunciado por delito político ou crime de imprensa, prevendo ainda a isenção de julgamento e o efeito retroactivo da lei.

No dia 28 de Janeiro tinha rebentado em Lisboa um movimento revolucionário que, praticamente, já estava condenado mesmo antes de sair para a rua.

Tudo correra mal para os conjurados, que não conseguiram levar por diante qualquer dos seus intentos. Nas vésperas tinham sido presos alguns dos principais cabecilhas da revolta, entre os quais Luz de Almeida, chefe máximo da Carbonária, detido no dia 25 junto ao Jardim da Estrela. Igual sorte tiveram João Chagas, António José de Almeida, França Borges e outros destacados dirigentes republicanos, que vão logo parar às enxovias de João Franco quando a este lhe chegou o cheiro do esturro.

Às 4 da tarde, ao sinal dado a partir do antigo elevador da Biblioteca, na Calçada de S. Francisco, respondeu em força o aparato policial que esperava a oportunidade para fazer mais algumas prisões de apreciável significado: Afonso Costa, Ribeira Brava, Egas Moniz e mais um lote de gente influente vai fazer companhia aos que já estavam a contas com a Polícia.

João Franco não deixa margem para dúvidas, quanto às suas intenções de esmagar tudo o que possa causar-lhe embaraços. «Os republicanos estão precisando de sabre como de pão para a boca», dizia ele com todo o arrojo.

Como recorda Raul Brandão, as coisas eram de tal ordem que só se ouvia dizer: «Venha tudo, venha o pior, venha o Diabo do Inferno que nos livre disto!»

«Até as mulheres estão furiosas com o Franco» diz Raul Brandão. «Há-as que dizem: ‘Eu vou matá-lo!’ Mas há também quem o defenda e aplauda como nenhum ministro foi defendido e aplaudido. Um padre franquista barafusta em plena Rua do Ouro: ‘Eu até agora dizia que o João Franco tinha uns c. que não cabiam em Lisboa. Agora, não, agora digo bem alto: o João Franco tem uns c. que não cabem em Portugal!’»

Mas nem todos pensavam desta forma: «Isto termina, fatalmente, por um crime ou por uma revolução», advertia o monárquico Júlio Vilhena, assustado com as proporções das arremetidas franquistas.

 REI

O penúltimo rei de Portugal é o resultado do cruzamento de quase todas as casas reais europeias. Tem primos espalhados pela Europa fora.

Há dezanove anos que D. Carlos é rei de Portugal. Em 19 de Outubro de 1889, na velha cidadela de Cascais, assistira ao termo da penosa agonia de seu pai, D. Luís I, e fora sua mãe a rainha D. Maria Pia a primeira pessoa a prestar-lhe a homenagem.

- Abençoo-te, Carlos, para que sejas tão bom rei como foste bom filho - dissera, na mesma altura, ao cobrir-se com os véus de viuvez, a mãe do novo soberano.

Começou, aliás, da pior forma o reinado de D. Carlos.

Logo em Janeiro de 1890, a Inglaterra exigiu, em termos brutais, que Portugal renunciasse ao chamado «mapa cor-de-rosa», nome dado ao projecto de se aproveitarem as explorações portuguesas no interior do continente africano para se estabelecer a ligação entre Angola e Moçambique. O Governo cedeu e ordenou a retirada portuguesa de alguns territórios já ocupados.

O seu reinado poderá dividir-se em fases distintas, correspondentes a outros tantos aspectos da política interna e externa portuguesas.

Na fase, que decorre nos três anos que se seguem imediatamente à ascensão ao trono do novo monarca, pretende inaugurar um período de verdadeira regeneração nacional, que substitua a cansada demonstração partidária do governo de seu pai D. Luís. Ao cingir a coroa, em 1889, D. Carlos ouve exortações veementes para que exerça o poder pessoal que, na verdade, e mesmo no âmbito da Carta, competia aos soberanos constitucionais.

É António Enes, jornalista, escritor e homem de Estado, falando-lhe do que se esperava do jovem rei, e exortando-o a preparar-se para o governo «como para uma luta entrecortada de incertezas e aventuras em que o afrontarão mais adversidades do que o ajudarão os favores das circunstâncias e serviços dos homens, de dia para dia mais acanhados de estatura e mais falsos e egoístas de coração.» E que acentuava, como se pressentisse a tragédia final: — «Espera-se do reinado novo uma política nova que conserve o bom e corrija o mau da política velha: mas, por isso mesmo, o senhor D. Carlos há-de sentir a coroa de ouro cravar-lhe espinhos na fronte e o manto pesar-lhe nos ombros com todo o enorme peso da ventura e da honra de um país que tão pouco faz da sua parte para ser venturoso e conservar-se honrado.»

É também Oliveira Martins, aconselhando-o a corrigir o «indefinido sentimento de tédio e desconsolação que tem invadido muitos dos que melhores serviços podiam prestar ao seu país»

«Em tais circunstâncias, com tais elementos, como se pode ser Rei? De um modo só: reinando, isto é, governando.» E acrescentava, recordando a apóstrofe célebre de José Falcão, destacado adversário da realeza: - «Se a Monarquia nos pode salvar, faça-o: o nosso alvo é o País e não o sistema.»

Ser bom rei, porém, não seria tarefa muito fácil para aquele príncipe de 26 anos, a quem o pai deixou uma monarquia desacreditada, uma administração pública feita ao gosto dos interesses dos dois partidos que se revezavam alternadamente no Poder - o Progressista e o Regenerador - um défice de 83 400 contos e uma oposição republicana que principiara poucos anos antes, mas que progredia rapidamente.

Será precisamente com o pretexto da falência do rotativismo partilhado durante vários anos entre os partidos dinásticos Regenerador e Progressista que D. Carlos se «lembra» de João Franco em Maio de 1906: «Há muito a fazer e temos, para bem do País, que seguir por caminho diferente daquele trilhado até hoje; para isso conto contigo e com a tua lealdade e dedicação, como tu podes contar com o meu auxílio e com toda a força que te devo dar.» - Anuncia o rei na carta em que convida João Franco a formar governo.

Este, não só aceita como não demora muito a entrar em ditadura, dissolvendo o Parlamento em Abril de 1907, contra a forte oposição tanto de republicanos como dos demais partidos monárquicos.

Do rei tem todo o apoio para esta decisão: «São precisas obras e não palavras. De palavras, bem sabemos, está o País farto», escreve D. Carlos na carta que envia na altura ao chefe do seu Governo. Já algum tempo antes tinha respondido a um pedido de demissão de João Franco com esta argumentação: «Há muita coisa a fazer e creio que se pode e deve fazer e temos de seguir o nosso caminho doa a quem doer.»

Era suposto que os governos resultassem da composição partidária das câmaras de deputados e que estes resultassem da vontade dos cidadãos, expressa pelo voto. Na prática, porém, é quase sempre o contrário que sucede. É dos governos que resulta a composição da Câmara dos Deputados e escassíssimas vezes perde as eleições para deputados o partido que as faz, isto é, o partido que está no poder quando elas se efectuam.

Assim, os governos mudavam não tanto pela natural expressão da vontade do eleitorado, mas porque o rei os fazia cair. E muitas vezes a Câmara dos Deputados era dissolvida porque, na sua composição actual, não seria favorável a um novo governo.

A chave de todas as escolhas é, portanto, o rei. A queda dos governos e a dissolução das câmaras de deputados eram levados a efeito por decisão régia. É ele quem determina a oportunidade e o sentido da mudança. Baseia-se regularmente na opinião dos chefes partidários que considera mais representativos, mas a decisão final é sempre dele. Da opção régia dependiam a oportunidade e a orientação partidária que, com toda a probabilidade, iria ser seguida no futuro mais próximo.

O monarca ficava assim sistematicamente exposto ao desgaste constante, quer, para uns, como autor formal das crises, quer, para outros, como suporte artificioso de situações impopulares para evitar a abertura de crises.

É neste cenário que lança João Franco na governação ditatorial e que, em Novembro de 1907 dá uma entrevista ao jornal Le Temps, onde explica: «Caminhávamos não sei para onde. Foi então que dei a João Franco os meios de governar. Fala-se da sua ditadura, mas os outros partidos, os que mais gritam, pediram-me, também, a ditadura. Para a conceber, exigia garantias de firmeza. Precisava de uma vontade sem fraqueza para levar as minhas ideias a bom fim. João Franco foi o homem que eu desejava.»

Opinião diversa tinham outros que, como Magalhães Lima, grão-mestre da Maçonaria, haveria de escrever: «A ditadura franquista, com os seus corregedores à maneira de Pina Manique, irritava a opinião, e pode bem dizer-se que muito contribuiu para acelerar a marcha da República».

Vive-se num período em que tudo o que estava a acontecer servia para dar mais razão aos que nunca paravam de conspirar contra o poder monárquico.

«Sabe-se hoje que foi por essa ocasião que maior incremento tomou a propaganda revolucionária e que maior desenvolvimento tomaram as associações secretas, cuja organização até essa data estava apenas vagamente esboçada.» Estas palavras do franquista Álvaro Pinheiro Chagas são bem elucidativas quanto aos efeitos da política repressiva de João Franco.

A par da repressão franquista, ia aumentando o número de fabricantes clandestinos de bombas artesanais, que de vez em quando se davam a conhecer, principalmente quando violentas explosões punham a descoberto as suas actividades secretas, como acontece em Agosto e em Novembro de 1907, uma na Rua de Santo António, à Estrela, outra na Rua do Carrião, estando nesta última implicado o então estudante e jovem jornalista Aquilino Ribeiro.

A explosão das bombas de dinamite na Rua do Carrião vem pôr as sociedades secretas na lista das prioridades da polícia secreta monárquica que destaca para as investigações um dos seus mais hábeis peritos, o agente Ciro, bem conhecido dos revolucionários.

Enquanto isto, D. Carlos, em carta a João Franco, ia dizendo: «Quanto aos anarquistas… não me admira que nestes momentos turvos alguns apareçam e alguma coisa tentem; mas para isso é que nós cá estamos e por certo nem a ti nem a mim será o medo que nos fará mudar caminho. Cada vez mais me convenço que o caminho que nós traçamos é o bom, para não dizer o único e portanto já sabes que me encontras ao teu lado a ao governo, por pensamentos, palavras e obras!» 

Logo de seguida, em entrevista ao jornal francês Le Temps, na qual o rei se reafirma solidário com o governo franquista diz que «tudo está calmo em Lisboa, como no país» e que «só os políticos se agitam».

Contrariamente ao que o rei pensava, o tempo era de actividade constante para conspiradores. Todos quantos tivessem gosto pela intriga e pela aventura dispunham de muito por onde escolher.

Aberta a todas as classes sociais e perspectivada para um objectivo mais voluntarioso e desinibido, a Carbonária Portuguesa depressa se transforma numa autêntica vanguarda popular. Nela cabem todos os que amam a conspiração, todos os que desejam combater, todos os que estão dispostos a passar da «teoria à prática».

Médicos, engenheiros, advogados, professores de todos os ramos de ensino, estudantes, oficiais superiores do Exército e da Armada, sargentos, alguns administradores de concelho, funcionários públicos de todas as categorias e de todos os ministérios, proprietários, lavradores, comerciantes, lojistas, empregados de comércio, actores, operários, cocheiros, condutores e guarda-freios, ferroviários e — não há que duvidar — até agentes e guardas da Polícia chegam a fazer parte da Carbonária Portuguesa.

O REINADO

Como se nada disso lhe interessasse, o rei continuava a viver como gostava.

D. Carlos não se poupa em gastos que custam caro ao País. Muda de iate como quem muda de camisa. O Amélia I depressa se torna pequeno para dar lugar ao Amélia II que não demora muito até ser ultrapassado pelo Amélia III a que logo sucede o Amélia IV.

Entre outros casos mais ou menos conhecidos, fala-se na compra de dois prédios na Calçada das Necessidades que o rei adquire para os seus encontros extra-conjugais.

O País era pobre, e se não podia ter um rico rei, muito menos podia sustentar um rei rico.

A par com a famosa questão dos adiantamentos, que fazem da família real o maior devedor do erário público, na Câmara dos Pares do Reino, em 1906, são feitas acusações em que se afirma terem sido gastas nos arranjos da sala de jantares solenes do Palácio das Necessidades, e nas iluminações eléctricas deste Palácio e dos da Ajuda e Belém, quantias que rondam as fabulosas somas de 131 891$715 réis para o primeiro caso e 354 082$333 réis para os segundos.

Desde 19 de Outubro de 1889 que D. Carlos recebe um conto de réis de vencimento por dia, importância que junto à dos vencimentos dos seus familiares custa ao País mais de 520 contos anuais, soma esta muito superior às que recebem as famílias reinantes de países mais ricos como a Noruega e a Dinamarca onde esses vencimentos são, respectivamente, de 1 203 200 e 481 700 coroas, ou seja, em réis 301 040$640 e 120 520$080 contos.

D. Carlos não via com agrado que a questão dos adiantamentos à casa real fosse tratada nessa altura: «Estamos diante de uma fogueira, que desejamos apagar, e não se apaga fogo lançando-lhe lenha», dizia em carta a João Franco.

Usando da palavra sobre a escandalosa questão, Afonso Costa, destacado dirigente da oposição republicana, em plena sessão das Cortes chega a proferir:

«Por muito menos crimes do que os cometidos por D. Carlos I rolou no cadafalso a cabeça de Luís XVI!»

Estava-se no dia 20 de Novembro de 1906. Decorria a sessão n.º 34 da Câmara de Deputados. O político republicano, aludindo às dívidas que o soberano tinha para com o tesouro público, ia dizendo:

«E mais ordena o povo, solenemente, que, logo que tudo esteja pago, diga o Sr. Presidente do Conselho ao Rei:

- Retire-se, Senhor, saia do País, para não ter de entrar numa prisão, em nome da lei!...

Vozes: - Ordem! Ordem!

(Levanta-se sussurro.)

O Sr. Presidente (agitando a campainha): - Peço ordem.

(A agitação aumenta progressivamente. Todos os Srs. Deputados estão de pé.)

O orador (conseguindo dominar o tumulto): Por muito menos crimes do que os cometidos por D. Carlos I rolou no cadafalso, em França, a cabeça de Luís XVI!

O Sr. Presidente (agitando a campainha): - Peço ordem. Ou o Sr. Afonso Costa retira as últimas expressões emprega das ou terá de lhe ser aplicado o regimento.

O orador: - Por muito menos rolou no cadafalso a cabeça de Luís XVI!

Vozes: - Ordem! Ordem!

(Grande sussurro e agitação.)

O Sr. Presidente: - Proponho à Câmara a censura regimental ao Sr. Deputado Afonso Costa.

Consultada, a Câmara resolveu afirmativamente.

O Sr. Presidente: - A Câmara resolveu aplicar ao Sr. Afonso Costa a censura, com suspensão de exercício das suas funções de deputado. Convido V. Ex.ª a sair.

O Sr. Afonso Costa: - Eu respondo pelos meus actos!

(O Sr. Deputado diz outras frases que não são ouvidas na mesa dos taquígrafos.)

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª não pode falar. Convido-o a retirar-se do edifício das Cortes.

(Recrudesce o tumulto.)

Vozes: - Saiam todos!

O Sr. Presidente: - Está suspensa a sessão. Convido todas as pessoas presentes, que não são deputados, a ausentarem-se da sala.

Eram 5 horas e 3 quartos da tarde.

Recusando-se o Sr. Deputado Afonso Costa a aceder ao convite da Presidência, entra na sala a força armada, que o acompanha até fora do edifício.»

O país vive dias amargos. A todo o momento surgem novos confrontos com as forças policiais. D. Carlos escreve a João Franco e incita-o: «seja como for e suceda o que suceder, temos que caminhar para diante, ainda que a luta seja rude e áspera (e espero-a) porque aqui mais do que nunca, parar é morrer, e eu não quero morrer assim… nem tu!»

«Sem luta não há prazer em vencer, e a vitória sem combate, e combate sério, nunca é uma vitória duradoura», declara o monarca.

A contrastar com esta determinação estão as dúvidas que se ouvem por todo o lado.

Até mesmo os grandes partidos do constitucionalismo monárquico procuram manter-se a uma certa distância de João Franco.

Os progressistas de Luciano de Castro e José de Alpoim aconselham reacção enérgica contra a Ditadura, enquanto, por seu turno, os regeneradores marcam uma posição de franca hostilidade ao Governo, com o seu chefe, Hintze Ribeiro, a falar nestes termos:

«Ninguém é mais monárquico do que eu, mas quero a Monarquia aliada à Liberdade e não ao Absolutismo. É assim que eu sou monárquico. Mais um ano deste Governo e Portugal tornar-se-á republicano.»

Mas a violência franquista não estava para perder sem-cerimónia a sua brutalidade.

No dia 31 de Janeiro, João Franco consegue convencer o rei a assinar um decreto que agrava grandemente a situação dos oposicionistas detidos nos cárceres da ditadura.

Era o tal decreto que, no fundo, habilitava o Governo a eliminar todos os discordantes da sua política e é a última recordação que o monarca vai deixar ao povo.

Ao assiná-lo, parece que ainda murmurou:

«Assino a minha sentença de morte.»

Na verdade, na tarde do dia seguinte, D. Carlos caía às balas de dois carbonários que, no dizer de vários depoentes, em princípio, «apenas» se dispunham a eliminar o ditador João Franco.

No dia 1 de Fevereiro de 1908, nenhumas providências excepcionais foram tomadas porque para João Franco não havia razões algumas para tal… D. Manuel alude a este facto no seu diário: «Aquele Terreiro do Paço estava deserto, nenhuma providência! Isso é que me custa mais a perdoar ao João Franco.»

Da velha rainha-mãe Maria Pia ouve incriminações contundentes:

- Diziam que o senhor era o coveiro da monarquia. Foi pior. Foi o assassino de meu filho e de meu neto.

«A vossa obra, Senhor Presidente», teria dito ao chefe do Governo a rainha-mãe, D. Maria Pia, indicando-lhe os cadáveres do filho e do neto estendidos no chão do Arsenal.

«Se», dirá mais tarde o antigo ministro da monarquia António Cabral, «o Sr. João Franco tem abandonado o poder, desse por onde desse e houvesse o que houvesse, em vez de ir para a ditadura!... Quantos desgostos profundíssimos teria poupado à sua alma alanceada! De quantos danos teria livrado o País! Quantos desastres, quantos crimes, quantos infortúnios teria evitado!...»

A consumação do regicídio foi um acto descaradamente público enquanto perpetuado por homens a cara descoberta. Porém, nunca suficientemente esclarecido ao ponto de se saber muito mais do que aquilo que todos viram no Terreiro de Paço.

Falou-se sempre de outros cúmplices que, inclusive, estiveram envolvidos directamente no atentado do Terreiro do Paço.

Um grupo de que faziam parte além de Buíça e Costa, um tal José Nunes e outros, teria reunido na Quinta do Xexé, aos Olivais, e ali, na madrugada de 1 de Fevereiro, combinam o plano que os encaminha desde cedo para o local onde tudo irá acontecer.

Manuel José dos Reis da Silva Buíça, de 32 anos, transmontano natural de Bouçais, professor num colégio privado, antigo sargento do Exército medalhado como atirador de 1ª classe e Alfredo Luís da Costa, de 23 anos, alentejano natural de Casével, caixeiro, antigo empregado dos Grandes Armazéns do Chiado, são executores que desaparecem tão rápido como tinham aparecido.

Na manhã de dia 1, Alfredo da Costa foi a casa de Meira e Sousa, na Rua Nova do Almada, onde conta ao director do jornal O País tudo o que está para acontecer. Este tenta dissuadi-lo e faz até menção de lhe fechar a porta, porém nada consegue face à reacção de Costa que tira de um bolso a pistola e volta o cano contra si próprio e diz:

- Ou me deixa sair ou mato-me já aqui!... «Tem que ser…». Prossegue o futuro regicida. «Agora peço-lhe ainda uma coisa. Uma obra de caridade… É que eu não escapo… Tenho uma irmã; é uma garota que está na minha terra… Proteja-a; faça por ela o que puder…»

Cerca das 5 horas da tarde, portanto, mais ou menos meia hora antes do atentado, o mesmo Meira e Sousa, subindo a Rua do Ouro, cruza-se com o Costa e comparsas, que, por sinais, o saúdam dirigindo-se para o Terreiro do Paço a caminho do local onde vão praticar a proeza.

Meira segue em direcção ao Rossio, ali permanecendo na companhia do armeiro Heitor Ferreira, que terá sido o importador da carabina alemã com que o Buíça haverá de, momentos depois, matar o príncipe real.

A morte do rei traz o desânimo às fileiras monárquicas que não poupam o chefe do Governo, apontando-o como o principal culpado do que tinha acontecido no Terreiro do Paço.

Quando o tentaram avisar de que a vida do rei corria sério perigo responde: «Pois quê? É lá possível tocar em el-rei... Todas as medidas estão tomadas. Há polícia em Vila Viçosa, a linha do caminho-de-ferro está vigiada. Que mais quer? Boatos, sempre boatos…».

O próprio rei desconfiava do ambiente que o circundava. Não ignorava que a sua vida andava em perigo permanente. Quando lhe falavam das circunstâncias ameaçadoras, a resposta invariavelmente era esta: - As minhas armas estão sempre carregadas.

E um dia, denunciando a sua apreensão, chama João Franco e diz-lhe:

- Oh! João, tu disseste que irias caçar no terreno dos republicanos. E se eles caçam a minha pessoa ou a tua? - Pessoa alguma se atreveria, meu senhor (foi a resposta).

- Eu sei lá, João... eu sei lá.

D. Carlos sentia que havia algo que não estava correcto; e um dia, passeando com o seu ajudante, tenente-coronel José Lobo de Vasconcelos, desabafa: «Tu julgas que eu ignoro o perigo em que ando? No estado de excitação em que se acham os ânimos, qualquer dia matam-me à esquina de uma rua. Mas, que queres tu que eu faça? Se me metesse em casa, se não saísse, provocaria um grande descalabro. Seria a bancarrota. E que ideia fariam de mim os estrangeiros, se vissem o rei impedido de sair? Seria o descrédito. Eu, fazendo o que faço, mostro que há sossego no País e que têm respeito pela minha pessoa. Cumpro o meu dever. Os outros que cumpram o seu.»

«O rei morreu na tarde do 1.º de Fevereiro, no Terreiro do Paço. A Monarquia morreu essa noite, no Paço das Necessidades», escreve alguns meses depois um jornal republicano.

Penúltimo e trigésimo segundo soberano de Portugal, D. Carlos foi uma figura histórica incontornável, tendo reinado num dos mais conturbados períodos da vida política nacional.

Portugal que D. Carlos tem para reinar é aquele que Guerra Junqueiro retrata no poemaPátria, com um vigoroso quadro do País no fim do século. É um texto que ilustra a atitude derrotista e o mito da decadência. Destacam-se algumas afirmações como as que se seguem:

«- Os políticos:

«Dois partidos monárquicos, sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, na hora do desastre, de sacrificar à monarquia ou meia libra ou uma gota de sangue.

Um partido republicano composto sobretudo de pequenos burgueses da capital, adstritos ao sedentarismo crónico do metro e da balança, gente de balcão, não de barricada, com um estado-maior pacífico e desconexo de velhos doutrinários, moços positivistas, românticos, jacobinos e declamadores.»

- A burguesia:

«Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal.»

- O clero:

«Um clero português desmoralizado e materialista, um clero jesuítico, estrangeiro ou estrangeirado, força superior cosmopolita, invencível, adaptando-se com elasticidade inteligente a todos os meios e condições.»

- O exército:

«Um exército que importa em 6000 contos não valendo 60 réis, como elemento de defesa e garantia autonómica.»

- O povo:

«Humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai, um povo que eu adoro, porque sofre e é bom.»

- A economia:

«Um regime económico baseado na inscrição e no Brasil, perda de gente e perda de capital, autofagia colectiva, organismo vivendo e morrendo do parasitismo de si próprio.

Humanizar o ensino, nacionalizar a indústria, um clero português e cristão, a justiça fora da política, o exército fora de S. Bento, os burocratas para a burocracia, o professorado para as escolas, o poder legislativo entregue às forças independentes e vivas do País, arrotear o solo, colonizar a Africa — tudo era possível, tudo era simples desde que nos dessem uma fé, uma crença, vida luminosa, uma alma!»

E foi neste Portugal que ocorreu o 1.º de Fevereiro de 1908. Dia em que morreu D. Carlos I, penúltimo rei da Monarquia Portuguesa.

Fonte: http://www.vidaslusofonas.pt/d_carlos_i.htm


publicado por luiscatina às 18:30

Outubro 13 2013

BOLETÍM CULTURAL

CATINA MUNDI

 

 

LA FINALIDAD DE ESTE BOLETÍN, BIEN DEFINIDA EN SU PROPIO TITULO ,

OBEDECE MÁS A UN SENTIMIENTO DE PATRIOTISMO CULTURAL QUE DE INTERÉS MATERIAL.

 

  Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica

  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

   Casa de Mexico,  casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.

  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

…Para las niñas y  niños de Portugal, México, Costa Rica,  Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…

                         

PUBLICAÇÃO  MENSAL, em  PORTUGUÊS e CASTELHANO,  QUE TEM  COMO  OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES  PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES  E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.  (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)

Presentación

Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

 

07 DE OUTUBRO - A BATALHA DE LEPANTO -

ORIGEM DA FESTA DE NOSSA DO ROSÁRIO

 



A BATALHA DE LEPANTO - ORIGEM DA FESTA DE NOSSA DO ROSÁRIO

7 DE OUTUBRO DE 1571


Quando, no ano da Redenção de 1566, o Cardeal Ghislieri foi elevado ao trono pontifício com o nome de Pio V, a situação da Cristandade era angustiante. Com efeito, fazia aproximadamente um século que os turcos avançavam sobre a Europa, por mar e através dos Bálcãs, no intuito insolente de sujeitar à lei de Mafoma as nações católicas, e sobretudo de chegar até Roma, onde um de seus sultões queria entrar a cavalo na Basílica de São Pedro.

Mas o pior dos males não vinha de fora. O flagelo do protestantismo fizera apostatar a Inglaterra (subjugando a Irlanda e ameaçando a Escócia), continuava a alastrar-se pela Alemanha e convulsionava a França. A esse quadro de desgraças somava-se a cobiça dos reis e príncipes católicos, que já não eram movidos por aquele zelo da Fé e adesão à Igreja, que levara seus antepassados a atender à convocação da cruzada aos brados de "Deus o quer!". Alguns não hesitavam ante vergonhosas e espúrias alianças com os próprios turcos, para investir contra outras nações católicas, visando conquistas territoriais, glória mundana e poder.

O poderio otomano atinge seu ápice

Em 1457 caíra Constantinopla. Transposto o Bósforo, os infiéis avançaram sobre as regiões balcânicas, subjugando a Albânia, a Macedônia, a Bósnia. Ao mesmo tempo iam tomando uma a uma as ilhas do arquipélago grego. Nos primeiros anos do século XVI, o sultão Selim I aumentou seu poderio conquistando a Pérsia e o Egito. O ano de 1522 viu cair a fortaleza de Rhodes, defendida heroicamente pelos monges cavaleiros da Ordem de S. João de Jerusalém, como o bastião avançado da Cristandade, para onde se haviam retirado após a perda de seu último reduto na Palestina, o forte de São João d’Acre. Em 1524 o novo sultão Solimão II, chamado o magnífico, ocupava e tratava duramente Belgrado. Seis anos mais tarde, 300.000 otomanos chegaram às portas de Viena. Não conseguindo tomar a cidade depois de quinze violentos assaltos, retiraram-se, levando cativos 3.000 cristãos.

A crônica anônima publicada em 1573 registra com espanto que em setembro de 1534 o senhor de Túnis, Barba Ruiva, terrível corsário do Sultão, "atacou uma cidade através de uma praia marítima romana", apanhando os habitantes de modo tão imprevisto, que estes não puderam resistir. A cidade foi saqueada e queimada, e todos os seus moradores de 10 a 30 anos foram levados como escravos. Pouco depois o mesmo pirata assaltava Fondi, senhorio dos príncipes Colonna e Itri, desta vez sem grande êxito. Roma não estava longe...

No litoral dalmático os turcos não cessavam de atacar, saqueavam e destruíam as cidades que estavam debaixo da tutela da sereníssima república de Veneza: Clissa, Prevesa, Castelnuovo e as ilhas mais ao sul, próximas à Grécia. Enquanto a Espanha engajava-se individualmente numa guerra contra a Tunísia e a Argélia, em 1541 as hostes do Crescente investiam novamente contra Viena. Em junho de 1552 tomavam elas parte da Transilvânia, onde os cristãos perderam em três batalhas 25 mil homens. No ano seguinte o sultão alia-se ao Rei Cristianíssimo, Henrique III da França, para a conquista da Córsega, domínio do rei da Espanha, Imperador Carlos V.

Nesse ínterim os bravos cavaleiros da Ordem de São João de Jerusalém, que haviam perdido Rhodes mas não queriam abandonar a luta contra o Crescente, transferiram-se para a Ilha de Malta, ao sul da Sicília. De sua nova fortaleza faziam incursões marítimas, que representavam um grande entrave à expansão turca, pois esses "escorpiões do Mediterrâneo" — como os chamavam com ódio os infiéis — atacavam toda e qualquer embarcação inimiga, incorporando à própria frota as naus que apresavam. As riquezas que estas estivessem transportando eram confiscadas para o Comum Tesouro da Ordem, e os prisioneiros postos a remar nas galés. Em 1565 Solimão II enviou uma poderosa armada contra a ilha, mas os monges-cavaleiros resistiram com tal denodo, que o sultão teve que retirar-se, perdendo na empresa um de seus melhores generais, Dragut Rais, e mais de trinta mil homens.

Apesar desta derrota, o poderio turco atingia o seu auge. Dispondo de um exército numeroso e aguerrido, cuja sanha anticatólica era liderada por um corpo de renegados, os janízaros, gozavam de uma situação econômica florescente. Solimão o Magnífico reinava sobre um império imenso, que se estendia de Belgrado a Aden, de Bagdad à Argélia. Ansiava conquistar a Itália para aniquilar o Papado, fundamento da Religião inimiga, e o projeto já não parecia uma quimera. De resto, a atitude omissa do Imperador Maximiliano e as perpétuas querelas entre as nações católicas mais poderosas — a Espanha, a França e Veneza — só podiam augurar bom termo ao avassalador avanço turco.

São Pio V convida os príncipes a unirem suas forças

Pio V, o dominicano que havia sido Grande Inquisidor, era como um raio de luz da Idade Média a fulgurar sobre aquela Europa imersa nas sombras da heresia protestante e do neopaganismo humanista. Escrevia o grande São Carlos Borromeu ao Rei de Portugal, a respeito do recente conclave: "Desde que o conheci, julguei que a Cristandade não podia ser melhor governada que por ele, e consagrei-lhe todos os meus esforços". E o Rei da Espanha, Filipe II, expressa seus sentimentos em carta ao Arcebispo de Sevilha: "Dou graças infinitas a Deus por esta eleição. Ele se dignou dar-nos um Pontífice de uma vida tão exemplar, que disso se pode esperar um grande bem para a conservação de nossa santa Fé". Devoto insigne da Virgem, penetrado de zelo pela causa de Deus, ardia na alma do novo Pontífice o desejo de soerguer a Cristandade para um duplo combate: contra o protestantismo e contra o adversário otomano.

No próprio ano de sua elevação ao pontificado, comunicou ele ao Rei da Espanha e ao Imperador seu intento de promover uma aliança dos príncipes contra o sultão. Em março, escreveu vigorosa carta ao Grão-Mestre da Ordem de São João de Jerusalém, Jean de La Valette, que tencionava abandonar a Ilha de Malta com seus cavaleiros, por lhe parecer impossível continuar enfrentando a ameaça dos turcos, que derrotara gloriosamente no ano anterior. Depois de enaltecer o heroísmo de que o Grão-Mestre dera mostras naquela ocasião, o Papa censura e repele o seu projeto de retirada e o exorta paternalmente: "Ponde de lado a idéia de abandonar a ilha. Permanecei aí com vossa Ordem bem unida. Vossa simples presença em Malta inflamará a coragem dos cristãos e imporá respeito ao otomano, pelo terror do nome que o fulminou no ano passado. Sabei que ele teme vossa pessoa, mais que todos os vossos soldados reunidos". La Valette leu a carta do Papa diante do Conselho da Ordem, beijou respeitosamente o documento pontifício, e depois o solo da ilha, e exclamou: "A voz de vosso Vigário, ó Jesus, indica o meu dever. Ficaremos aqui, e aqui morreremos".

No mês de maio desse ano, cai mais uma ilha do arquipélago jônico, Quios, e em setembro a cidade de Szigethvar, na Hungria. De todos os lados afluem notícias da aproximação de forças turcas: de Tarento, de Corfu, de Veneza...

Em Roma, São Pio V vigia e procura obter todas as informações possíveis sobre a marcha dos acontecimentos. Chega-lhe então a boa nova de que Solimão II morrera enquanto era travada a batalha de Szigethvar, e que deixara o trono para seu filho Selim II, mole, sensual e sem a fibra do pai.
Animado pelo desaparecimento de um inimigo tão temível como fora Solimão, nem por isso São Pio V se deixa levar pela idéia de que todo o risco era passado. Em março, publicara uma bula na qual descrevia com palavras cheias de dor o perigo turco e afirmava que somente com muita penitência poderia o povo fiel aplacar a ira de Deus e esperar seu poderoso auxílio. No mês seguinte, encarecia a necessidade de o clero ter costumes puros, pois ao armar-se a Cristandade contra o Crescente, só lhe podiam valer as preces dos ministros de Deus que levassem uma vida sem mácula. Em julho era publicado um Jubileu extraordinário pelo bom êxito da guerra contra os turcos, e pôde-se ver o próprio Sumo Pontífice participando de uma procissão rogatória para afastar a ameaça que pesava sobre a Europa.

Em dezembro, o Papa dirige às nações católicas novo brado de alarma e o convite a se unirem numa liga em defesa da Cristandade. Mas ninguém quer ouvi-lo. Veneza, por suas desconfianças para com os Habsburgos e por seus interesses econômicos, preferia conservar-se numa perigosa e dispendiosa neutralidade armada, mantendo relações pacíficas com os turcos. Filipe II mostra-se também pouco inclinado a formar uma coligação, alegando que necessitava de todas as suas forças para enfrentar a revolta dos protestantes nos Países Baixos. O Imperador Maximiliano II pensava antes de mais nada em socorrer a Hungria. O Rei de Portugal igualmente se omitia. Na França estalavam as guerras de religião, e pouco se podia esperar das intrigas da Rainha-Mãe.

O projeto da Liga ficou estacionário por três anos, durante os quais o Papa procurava ajudar o Imperador contra os turcos na Hungria, buscava socorro para a Ordem de Malta e erguia fortificações nas costas dos Estados Pontifícios.

Ameaçada pelo sultão, Veneza aceita a idéia da Liga

Um fato inesperado veio precipitar os acontecimentos e quebrar a atonia dos príncipes católicos em face dos apelos do Papa.

Em fins de 1569 chegava a Constantinopla a notícia de que o arsenal veneziano fora destruído pelo golfo, e devido a uma má colheita a Península toda estava ameaçada pela fome. Essas informações vinham com cores exageradamente fortes, fazendo crer que Veneza estava reduzida à impotência. Diante disso, Selim II decidiu romper a paz antes ajustada com a Sereníssima República e enviar-lhe na primavera um ultimato: ou Veneza entregava uma de suas possessões preferidas, Chipre, ou era a guerra.

A República de São Marcos, que ao longo dos últimos trinta anos mantivera relações amistosas com a Sublime Porta, compreendeu que, pelo menos a bem de seus interesses, era preciso não alimentar mais ilusões, e urgia buscar o auxílio das outras potências católicas.

Não podia ela contar com a Alemanha nem com a França, empenhadas em aquietar graves turbulências internas. Restavam a Espanha e a Santa Sé. Da parte do Papa, a acolhida foi benévola. Quanto à Espanha, então a maior potência do continente — cujos vice-reis governavam Nápoles, a Sicília, a Sardenha e Milão, e de quem dependiam ainda Gênova, a Sabóia e a Toscana — não eram das melhores as suas relações com os venezianos.

Para o Pontífice Romano, cujos olhos nunca se haviam desviado do plano de uma confederação anti-otomana, as circunstâncias pareciam tornar-se favoráveis para uma aproximação entre as duas potências católicas. Os primeiros passos dados nesse sentido pelo Núncio Apostólico em Veneza não encontraram, porém, ambiente receptivo. A Senhoria queria apenas a mediação do Papa junto aos demais Estados, para obter dinheiro, mantimentos e tropas, e assim fortalecer-se a si mesma. Mas não desejava uma aliança com sua rival, a Espanha, que lhe acarretasse muitos compromissos.

Entretanto, poucas semanas mais tarde o Núncio Facchinetti informava o Papa de que Veneza, ante o inevitável da guerra, estava propensa a aceitar a idéia de uma coalizão das potências católicas. Poucos dias depois, um emissário turco apresentava-se à entrada de Veneza para transmitir o ultimato do Sultão. Conduzido por uma escolta, foi recebido em uma audiência de apenas um quarto de hora pelo Senado, que o despediu com "palavras frias e cheias de dignidade", contendo uma rotunda negativa: com esperança na justiça de Deus, a República defenderia pelas armas a Ilha de Chipre, da qual era legítima senhora.

Também a Espanha procura seus próprios interesses


A reação da Espanha ante o apelo de S. Pio V, para que entrasse na Liga contra os turcos, traduziu-se na atitude de seus dois embaixadores em Roma, os Cardeais Zuñiga e Granvela. Para aumentar o mais possível o preço da adesão de seu governo, os dois diplomatas valiam-se de rodeios e subterfúgios, dando a entender que Filipe II não pensava em aderir à Liga, e sobretudo não aprovava uma aliança com Veneza.

No consistório reunido em fevereiro de 1570, os Cardeais, em sua maioria, concordaram com o Pontífice quanto à iminência da queda de Chipre se a Espanha não interviesse sem demora. O Cardeal Granvela contestou, pedindo que não precipitassem seu rei e a Igreja numa empresa incerta e perigosa. Acrescentou que a República de São Marcos não era digna de confiança e não merecia apoio imediato; que melhor seria esperar, para ver se ela entrava mesmo em guerra com os turcos; e que sempre seria tempo para uma ajuda da Espanha. Acreditava que Deus queria castigar Veneza e dar uma lição à sua soberba e egoísmo. A estas considerações opôs-se o Cardeal Commendone, o qual lembrou todos os serviços prestados por Veneza à Cristandade e à Santa Sé, e que, além do mais, não era somente ela que estava em jogo, mas a honra e o bem da Cristandade.
Terminado o consistório com a quase unanimidade de opinião dos cardeais quanto a este último ponto, São Pio V ofereceu ao Doge valioso auxílio pecuniário (representado pelo dízimo do clero veneziano) para a defesa de Chipre, e ao mesmo tempo deu um passo decisivo para mover Filipe II a fazer uma aliança com Veneza.

Tendo-lhe a Senhoria confiado a direção das negociações com Madri, o Papa escolheu para encaminhá-las um de seus melhores diplomatas, de origem espanhola ademais, o clérigo da Câmara Apostólica, Luiz de Torres. O enviado do Papa devia realçar junto a Sua Majestade Católica que nenhum monarca poderia enfrentar sozinho o Grão-Turco, e que se impunha a união de todos os príncipes católicos para derrubar o inimigo comum. Filipe II era conjurado, pela misericórdia de Deus, a enviar o quanto antes à Sicília uma esquadra poderosa, para proteger Malta e garantir a rota que levaria socorros à Ilha de Chipre. A Liga entre a Espanha e Veneza deveria ter caráter defensivo e ofensivo e ajustar-se para sempre, ou pelo menos por um prazo determinado.

Em meados de maio, Filipe II acedeu em outorgar poderes a Granvela, Pacheco e Zuñiga para as negociações desejadas por Pio V. O Papa chorou de alegria ao saber disso. Em junho, nomeou Marco Antonio Colonna — pessoa grata a Filipe II, a quem servira outrora, e também a Veneza — como chefe da esquadra auxiliar pontifícia. No dia 11 o Príncipe Colonna dirigiu-se solenemente ao Vaticano. Depois de ouvir a Missa do Espírito Santo na capela pontifícia, ajoelhou-se aos pés do Papa, para prestar-lhe juramento e receber de suas mãos o bastão de comando e a bandeira de seda vermelha, na qual se viam Jesus Crucificado, o Príncipe dos Apóstolos, o brasão de Pio V e o lema "In hoc signo vinces".

O Príncipe tomou a peito o chamado do Papa, e apesar de ter recebido o comando de apenas doze galeras (o máximo que comportavam os recursos do tesouro pontifício), entregou-se por inteiro à tarefa de equipar a pequena esquadra. Colonna encontrou na nobreza romana as melhores disposições para tomar parte em tão gloriosa empresa. Dirigiu-se logo depois para Veneza, passando por Loreto, onde encomendou sua pessoa e sua esquadra à proteção de Maria Santíssima, pois sabia que teria diante de si não poucas dificuldades.

Seis meses perdidos em negociações

No mês de julho chegava a Roma Miguel Soriano, representante da República de São Marcos, para entabular com a Espanha as negociações da Liga, sob a égide e mediação do Pontífice Romano. Começaram elas em julho, com um inflamado discurso em que o Papa exortava todos para a nova cruzada.
As difíceis tratativas prolongaram-se desmedidamente, trazendo à tona os jogos de interesses às vezes mesquinhos de ambas as partes. Ora os espanhóis demonstravam desconfiança para com as intenções de Veneza, e receavam uma "combinazione" desta com a Sublime Porta; ora eles mesmos queriam dobrar e até triplicar o preço dos cereais que iriam de Nápoles para Veneza; por seu lado, os venezianos diziam-se impossibilitados de contribuir com mais de uma quarta parte dos gastos da guerra, quando eram sobejamente conhecidas as possibilidades do tesouro da Senhoria...

Apesar de seu temperamento fogoso, São Pio V intervinha com uma paciência e cordura heróicas. Aqui ele conciliava, ali aparava arestas, acolá estimulava. A discussão sobre o número de embarcações a serem fornecidas pelas duas partes foi causa de novas discórdias. Chegou-se afinal à questão do comando supremo, que a Espanha chamava a si, mas Soriano, embaixador de Veneza, interveio para lembrar que o pavilhão veneziano exerceria maior força de atração nos mares orientais, especialmente para levar a sublevarem-se os povos cristãos oprimidos pelo Crescente.

Foi nessa ocasião que o Cardeal Morone sugeriu para generalíssimo dos exércitos cristãos o nome do irmão bastardo de Filipe II, D. João d’Áustria, o qual se havia distinguido extraordinariamente na guerra contra os mouros no norte da África. Chegou-se enfim ao acordo de que o Papa tomaria a iniciativa de convocar outros príncipes, e especialmente o Imperador; que nenhum dos confederados poderia ajustar a paz; e que o Pontífice deveria ser o supremo juiz nos litígios da Liga.

Fez-se então um esboço dos itens do acordo. Enquanto isso os espanhóis consultavam seu Rei sobre se as três esquadras — espanhola, pontifícia e veneziana — deviam ser unificadas num só corpo. Em fins de julho Veneza aceitava D. João como generalíssimo, e dias depois era apresentado ao Pontífice o projeto da Liga.

A perda de tempo com as reivindicações de vantagens e com as disputas sobre pontos de vista divergentes já se fazia sentir. Enquanto a peste dizimava a esquadra veneziana, em setembro os turcos atacavam a Ilha de Chipre e sitiavam Nicósia, a qual caía depois de 48 dias de resistência heróica.

O desânimo começava a espalhar-se pela Cristandade. Quando Granvela chegou a dizer ao Papa que os turcos eram excessivamente fortes, e que talvez só pudessem ser vencidos se atacados em diversas frentes, incluindo a África, a Albânia e a Hungria, São Pio V, tomado de forte emoção e com lágrimas nos olhos, retrucou-lhe que a culpa disso era dos príncipes católicos, os quais deviam arrepender-se de sua atitude antes que fosse tarde demais, e só expiariam sua falta se se resolvessem afinal a unir-se na defesa da causa da Cristandade. Falou ainda de São Ladislau e de Scanderbeg, na Polônia e na Albânia, como exemplos da força dos que põem sua confiança na poderosa justiça do Altíssimo. Que se armassem e se unissem, pois Deus os ajudaria: sua causa era a de Deus.

No fim do ano o Papa resolveu escrever uma carta de próprio punho a Filipe II. Nela o Pontífice traduzia suas mais amargas queixas. Dizia que, depois que se tinha conseguido contornar as últimas dificuldades com os venezianos, eram os comissários espanhóis que procuravam entravar a conclusão da aliança. Qualificava essa atitude de estranha e suspeita. Tendo intimado o Núncio de Madrid — o qual devia entregar a missiva — a não aceitar evasivas do Rei, Pio V aguardou com sublime paciência a resposta. Enquanto isso, chegavam as piores notícias: Os turcos sitiavam Famagusta, ameaçavam Corfu e Ragusa; o Núncio em Veneza, Facchinetti, anunciava em fevereiro de 1571 que, se não se ultimasse imediatamente a Liga, havia perigo de que a Senhoria ajustasse as pazes com a Sublime Porta, ainda que à custa da perda de Chipre.

"Qui seminant in lacrimis, in exsultatione metent"

"Quem semeia nas lágrimas, colhe na alegria" — diz o Salmo do real Profeta (Sl.125,5). Os sofrimentos morais do Santo Padre iriam encontrar o consolo merecido.

Em março chegaram, com diferença de dias, as respostas do Rei da Espanha e do Doge de Veneza. Havia ainda algumas graves discordâncias, mas um último esforço dos auxiliares do Papa superou-as. Afinal, em meados de maio, do rigoroso segredo em que se desenvolviam as tratativas emergiu a boa nova: estava concluída a Santa Liga. A aliança ajustada entre o Papa, o Rei da Espanha e a República de Veneza devia ser estável, ter caráter ofensivo e defensivo e dirigir-se não somente contra o sultão, mas também contra seus Estados tributários: Argel, Túnis e Trípoli.

A tríplice aliança contaria com duzentas galeras, cem transportes, 50 mil infantes espanhóis, italianos e
alemães, 4.500 cavalos ligeiros e o número de canhões necessário. Em cada outono se celebraria um convênio em Roma, sobre a campanha do ano seguinte. Espanha e Veneza deviam defender-se mutuamente em caso de ataque. O Papa arcaria com uma sexta parte dos gastos, a Espanha com três sextos, e Veneza com o restante. O generalíssimo D. João d’Áustria aconselhar-se-ia com os comandantes das tropas venezianas e pontifícias, e nas deliberações decidiria a maioria dos votos. O lugar-tenente de D. João seria o Príncipe Colonna. Era facultado ao Imperador e aos demais príncipes católicos ingressar na Liga.
O Sumo Pontífice transbordava de santa alegria. Publicou um Jubileu geral, para atrair as bênçãos do Deus das batalhas sobre o exército cristão. Tomou parte nas procissões rogatórias, que se realizaram ainda no mês de maio em Roma, e mandou cunhar uma medalha comemorativa.

Por tua mão será abatida a soberba do inimigo

Tratava-se agora de acelerar os preparativos da tríplice armada, acertar o ponto de encontro e os planos da batalha. Ao mesmo tempo o incansável São Pio V enviou legados ao Imperador e aos outros príncipes, a fim de instá-los a ingressarem na Liga.

Além disso, nomeara ele uma Congregação cardinalícia especialmente incumbida das providências da guerra. Um documento da época relata que naqueles dias só se viam soldados nas ruas da Cidade Eterna.
Em meados de junho a esquadra pontifícia fazia-se à vela para o sul, ancorando em Nápoles, onde devia encontrar-se com as naus espanholas. Já no mês anterior o Papa havia escrito uma carta a Filipe II, pedindo-lhe para apressar a partida de D. João, a fim de não se perder a boa ocasião.

Como os espanhóis tardassem para adiantar a empresa, os navios do Papa zarparam novamente em julho rumo a Messina, ponto convencionado para o encontro das três armadas. Poucos dias depois chegavam os venezianos, comandados pelo valoroso veterano Sebastião Veniero. Enquanto isso, vinham notícias de que o inimigo acuava Creta, Citera, Zanta e Cefalônia.

Como entre a nobreza de Roma, também entre os fidalgos da Espanha reinava vivo entusiasmo pela Cruzada, tendo-se alistado numerosos deles. Zarpando de Barcelona com 46 galeras, Dom João d’Áustria chegou a Gênova em meados de julho. Dali enviou um emissário a Veneza, a fim de comunicar que já estava a caminho de Messina, e outro ao Papa (o Rei Filipe II negara-lhe a permissão de passar por Roma), para agradecer a escolha para o posto de generalíssimo e escusar-se do atraso. Quando o representante do príncipe espanhol se despediu do Pontífice, este encarregou-o de dizer a D. João que se lembrasse sempre de que ia combater pela Fé católica, e de que por isso Deus lhe daria a vitória. Ao mesmo tempo o Papa enviou ao generalíssimo o estandarte da Liga.

O estandarte era de damasco de seda azul e ostentava a imagem do Crucificado, tendo aos pés as armas do Papa, da Espanha, de Veneza e de D. João. O Príncipe recebeu-o solenemente em Nápoles das mãos do Vice-Rei, o Cardeal Granvela, na Igreja de Santa Clara, com a presença de muitos nobres, entre os quais os príncipes de Parma e de Urbino. "Toma, ditoso Príncipe — disse-lhe o Cardeal — a insígnia do verdadeiro Verbo humanado. Toma o sinal vivo da santa Fé, da qual és o defensor nesta empresa. Ele te dará uma vitória gloriosa sobre o ímpio inimigo, e por tua mão será abatida sua soberba. Amém!" Um forte clamor ecoou da multidão que enchia a nave: "Amém! Amém!"

Vivamente angustiado ante as notícias do avanço turco, São Pio V mandou no dia 17 uma carta de próprio punho ao generalíssimo, exortando-o a sair sem demora ao encontro do inimigo. D. João zarpou então para Messina, onde foi recebido com júbilo indizível.

De uma formosura varonil, louro e de olhos azuis, no esplendor da juventude — tinha 24 anos de idade — profundamente aristocrático, o filho de Carlos V causou enorme impressão nos sicilianos que o estavam recepcionando. O porto, juncado de naus cristãs, assemelhava-se a uma floresta de mastros que balouçavam serenamente sobre o mar, à espera do momento em que deveriam singrar águas tintas de sangue. Era uma terrível ameaça para o inimigo e um irresistível chamado para aqueles novos cruzados.

Os soldados preparam-se por três dias de jejum

Nos primeiros conselhos de guerra, D. João empenhou-se em comunicar seu ardor aos setenta oficiais ali reunidos e em beneficiar-se, em troca, de sua prudência e maturidade. Mesmo aí, não deixou de haver alguns desentendimentos, que fizeram perder mais três semanas em deliberações.

Alguns generais achavam que a campanha iria ser meramente defensiva, dado o poderio do inimigo. Outros afirmavam que as naus turcas não eram muito eficientes. O próprio D. João mostrou-se hesitante, até que o Núncio Odescalchi, que viera distribuir partículas do Santo Lenho para que houvesse uma partícula em cada nau, comunicou ao Príncipe que o Pontífice lhe prometia em nome de Deus a vitória, por cima de todos os cálculos humanos. Mandava dizer que, se a esquadra se deixasse derrotar, iria ele mesmo à guerra, com seus cabelos brancos, para vergonha dos jovens indolentes.

D. João tomou uma série de medidas para preservar o caráter sacral da expedição. Proibiu a presença de mulheres a bordo e cominou pena de morte para as blasfêmias. Enquanto se esperava o regresso de uma esquadrilha de reconhecimento, todos jejuaram três dias, e nenhum dos 81 mil marinheiros e soldados deixou de confessar-se e comungar, o mesmo fazendo os condenados que remavam nas galeras. Jesuítas, franciscanos, capuchinhos, dominicanos, iam e vinham no meio daquela gente rude, para purificar os corações e preparar um exército verdadeiramente de cruzados.

Nos dias 16 e 17 de setembro, nos quais se deu a partida de Messina, o espetáculo foi deslumbrante. As naus começaram a mover-se duas a duas, encimadas por bandeiras cujas cores as distinguiam segundo a posição que assumiriam na batalha. À frente tremulavam as bandeiras verdes de Andrea Doria, o comandante dos espanhóis. Em seguida vinha a batalha ou centro, com suas bandeiras azuis, e o gonfalão de Nossa Senhora de Guadalupe sobre a nau de D. João d’Áustria. Os estandartes do Papa e da Liga ficaram guardados para o momento do embate. À direita da batalha vinha Marco Antonio Colonna na nau capitânia do Papa; à esquerda, o veneziano Sebastião Veniero, grande conhecedor das lides do mar, vigoroso com seus setenta anos, altivamente em pé na popa de sua nau.

A divisão de Veneza, comandada pelo nobre Barbarigo, seguia atrás, com bandeiras amarelas; as bandeiras brancas de D. Álvaro de Bazán, Marquês de Santa Cruz, fechavam aquele imponente cortejo naval. Uma figura toda vestida de púrpura destacava-se de entre a multidão reunida no porto. Era o Núncio papal, que dava a bênção a cada barco que passava, com seus cruzados piedosamente ajoelhados na ponte: nobres revestidos de armaduras refulgentes, soldados de variados uniformes, marinheiros de roupas e gorros vermelhos. Os remos compassados e as velas que se iam enfunando levavam-nos em demanda do inimigo da Fé. Na sua armadura dourada, terrível como um anjo vingador, avultava a figura de D. João d’Áustria, a quem o próprio São Pio V aplicaria depois da vitória o que o Evangelho diz de São João Batista: "Fuit homo missus a Deo, cui nomen erat Ioannes" — Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João (Jo. 1,6).

O estandarte da Liga é içado na nau capitânia



Deixando o estreito de Messina, as naus da Liga costearam o litoral da Calábria e da Apúlia, e de lá seguiram para a ilha de Corfu, depois para Gomenitsa, nas costas da Albânia, onde aportaram no último dia do mês de setembro.

Ao longo desse percurso foram encontrando sinais da passagem dos turcos: restos carbonizados de igrejas e casas, objetos de culto profanados, corpos dilacerados de sacerdotes, mulheres e crianças covardemente assassinadas. A inconformidade com o crime e o desejo de uma santa vingança faziam-se sentir no coração de todos os cruzados e revigoravam neles a vontade de lutar.

Nesse meio tempo os espias informaram que a esquadra inimiga estava ancorada em Lepanto, um porto localizado pouco mais ao sul, no estreito de igual nome, o qual liga o Golfo de Patras ao de Corinto. Tratava-se agora de tomar a iniciativa da luta, indo ao encalço do inimigo.

Feitos todos os preparativos para a batalha, no dia 6 de outubro os navios da Liga deixaram a costa da Albânia em direção a Cefalônia, ilha do Arquipélago Jônico situada defronte ao Golfo de Patras, ao fundo do qual se achavam os navios turcos. Foi aí que os católicos receberam a notícia de que Famagusta, capital de Chipre, caíra em poder do Crescente, e que o general Mustafá cometera as piores atrocidades com o comandante da praça, Marco Antonio Bragadino, a quem mandara esfolar vivo, e cuja pele cheia de palha fizera conduzir por toda a cidade. A narração dessas crueldades acendeu o ódio da tropa cristã, que ansiava por defrontar-se com os otomanos.

O embate já então era iminente, dada a proximidade em que se encontravam os dois exércitos. O vento soprava do Levante, o céu estava encoberto e o mar era cinzento e cheio de névoa naquele sexto dia do mês. Os católicos não sabiam que o vento que os detinha era o mesmo que convidava o inimigo a deixar seu refúgio em Lepanto, e assim tornava possível a batalha. Com efeito, se os turcos não se resolvessem a sair, seria muito difícil desalojá-los de seu reduto. O estreito de Lepanto era protegido por duas fortalezas, cujos canhões fariam grande estrago à armada da Liga. A noite caiu, envolta em um silêncio misteriosamente cheio de prenúncios.

Às duas horas da madrugada do domingo, 7 de outubro, um vento fresco vindo do poente limpou completamente o céu, prometendo um dia ensolarado. Antes do amanhecer, D. João mandou levantar âncoras e soltar as velas. Quando as naus cristãs, tendo passado pelo canal que ficava entre a ilha de Oxia e o cabo Scrofa, desembocavam no golfo de Patras, uma fragata ligeira mandada em reconhecimento veio ao seu encontro, com a informação de que a esquadra turca estava a poucas milhas de distância. A bandeira que devia sinalizar a presença do inimigo tremulou no mastro da capitânia vanguarda. Depois de uma rápida deliberação com Veniero, o generalíssimo ordenou que todos se dispusessem em ordem de batalha. Fez-se ouvir o troar de um canhão, enquanto era içado o estandarte da Santa Liga no mastro mais alto da galera capitânia.

"Aqui venceremos ou morreremos" — bradou D. João entusiasmado, ao acompanhar as evoluções da esquadra católica.

Seis pesadas galeras venezianas, comandadas por Francisco Duodo, rumaram lentamente para seus postos, na vanguarda. Como que no desejo de esmagar os otomanos num terrível amplexo, a esquadra católica procurou estender-se o quanto pôde, desde o litoral até o alto mar. À esquerda o veneziano Barbarigo, com 64 galeras, alargou seu flanco em direção ao litoral, para evitar um envolvimento dos inimigos pelo norte. Dom João comandava o centro, ladeado por Colonna e Veniero; o catalão Requeséns vinha um pouco mais atrás. A esquadra espanhola de Andrea Doria, com 60 naus, formava a ala direita, em direção ao mar alto. As 35 embarcações do Marquês de Santa Cruz aguardavam ordens à retaguarda, para uma eventual intervenção.

Também o almirante otomano — Kapudan-Pachá Muesinsade Ali, que passou à História como Ali-Pachá — dispôs sua esquadra para o combate. A ala direita, que devia defrontar-se com Barbarigo, compunha-se de 55 galeras e era comandada por Maomé Shaulak, governador de Alexandria; a ala esquerda, à qual cabia opor-se a Andrea Doria, era formada por 73 unidades às ordens do temível corsário Uluch Ali (Occhiali), um renegado calabrês que, segundo se dizia, fora frade; o centro, finalmente, com 96 galeras, estava sob o mando direto do próprio Ali-Pachá e constituía a elite da armada infiel. Uma divisão de reserva ficara à retaguarda.

O generalíssimo turco parecia querer investir resolutamente pelo centro, e ao mesmo tempo envolver os cristãos, aproveitando-se da sua superioridade numérica sobre estes (286 naus contra 208). O vento soprava de leste, favorável aos infiéis, enquanto os católicos tinham que se mover à força de remos. Decorreram quatro horas até que as duas armadas estivessem prontas para o confronto. O vento amainara.
A essa altura, Doria chegava à nau de D. João d’Áustria para propor um conselho de guerra, no qual se discutisse se convinha ou não dar combate a um inimigo numericamente superior. O generalíssimo limitou-se a responder-lhe: "Não é mais hora de falar, mas de lutar!" Doria voltou ao seu posto, tendo antes proposto a D. João que mandasse cortar o enorme esporão que pesava na proa das galeras. A vantagem desta medida, indicada pelo astuto genovês, revelou-se enorme: aliviou as naus, facilitando as manobras, e ademais permitiu que o canhão central, em vez de atirar por cima, visasse diretamente o alvo, com maior impacto.



D. João quis passar uma última revista a suas tropas. Subiu a uma fragata e percorreu o corpo central e a ala direita da esquadra. Dom Luiz de Requeséns foi incumbido de visitar a outra ala. O comandante supremo apresentou-se aos nobres e à tripulação de cada nau, levando na mão um crucifixo e conclamando com ardor para o lance iminente: "Este é o dia em que a Cristandade deve mostrar seu poder, para aniquilar esta seita maldita e obter uma vitória sem precedentes". E mais adiante: "É pela vontade de Deus que viestes todos até aqui, para castigar o furor e a maldade destes cães bárbaros. Todos cuidem de cumprir seu dever. Ponde vossa esperança unicamente no Deus dos Exércitos, que rege e governa o universo". A outros, dizia: "Lembrai-vos de que combateis pela Fé; nenhum poltrão ganhará o Céu".
A resposta a essas palavras eram aclamações estrepitosas, e não havia quem não se mostrasse ao jovem general em atitude ufana e combativa. Enquanto isso, ele fazia distribuir escapulários, medalhas e rosários. O entusiasmo levou a tropa a tomar-lhe o chapéu e as luvas; por fim D. João voltou à sua capitânia, a fim de armar-se para o combate.

Ouvia-se do lado do inimigo um som fanhoso de cornetas, um crescendo de vociferações, o estrépito de címbalos e o sinistro percutir das cimitarras sobre os escudos. Os infiéis entretinham-se com danças, acompanhadas pelo crepitar de armas de fogo. Escachoam as gargalhadas, e a soldadesca escarnece da presunção dos que ousavam enfrentar o poderio imenso do sultão: "Esses cristãos vieram como um rebanho, para que os degolemos!" A ordem dada por Ali-Pachá era não fazer prisioneiros.

Reaparece D. João. Sua armadura e seu elmo brilham ao sol, que agora está a pino, sem nenhuma nuvem a toldar o céu. O Príncipe ajoelha-se e reza. Todos os seus homens fazem o mesmo. No meio de um silêncio grandioso, os religiosos davam a última bênção e a absolvição geral aos que iam expor-se à morte pela Fé. Do lado inimigo também tudo se aquietara. Anjos e demônios pareciam fazer sentir sua presença e a transcendência do fato que ia ocorrer.

A cabeça de Ali-Pachá na ponta de uma lança

As esquadras se aproximam. No momento azado, Ali-Pachá manda dar um tiro de canhão para chamar os cristãos à luta. Dom João d’Áustria aceita o desafio, respondendo com outro tiro. O vento mudara inesperadamente. Os estandartes do Crucificado e da Virgem de Guadalupe investem contra as bandeiras vermelhas de Maomé, marcadas com a meia-lua, estrelas e o nome de Alá bordado a ouro. Nesse momento o Céu já enviara um augúrio da vitória: o primeiro tiro que partira contra os infiéis lhes afundara uma galera. Aos gritos de "Vitória! Vitória! Viva Cristo!", os cruzados lançaram-se com toda a energia na batalha.



Os turcos procuravam dar a maior amplitude a seu deslocamento, para envolver um dos flancos do adversário. Doria tenta impedir-lhes a manobra, mas afasta-se demais da zona que lhe havia sido designada, abrindo um perigoso vão entre a ala sob seu comando e o centro da esquadra cristã.

Os 264 canhões de Duodo, abrindo fogo, conseguem romper a linha inimiga. Começam as abordagens.
O apóstata italiano Uluch Ali entra pelo vazio deixado por Doria. Com suas melhores naves, lança-se no combate em que o centro dos cristãos estava engajado, e com algumas galeras pesadas mantém Doria afastado. Neste lance iam sendo aniquiladas as tropas de Doria, e a reserva do Marquês de Santa Cruz não podia socorrê-las, pois estava empenhada em auxiliar os venezianos da ala esquerda, junto ao litoral.

Ali-Pachá, reconhecendo pelos estandartes a galera de D. João, abalroou-a com seu próprio navio, proa contra proa, e lançou sobre ela toda uma tropa de janízaros escolhidos. Neste momento o conselho de Doria provou sua eficácia: desembaraçada do esporão, a artilharia da nau católica pôs-se a dizimar a tripulação da "Sultana", a nave de Ali-Pachá. Em socorro desta acorreram mais sete galeras turcas, que despejaram mais janízaros sobre a ponte ensangüentada da capitânia de D. João. Duas vezes a horda turca penetrou nesta até o mastro principal, mas os bravos veteranos espanhóis obrigaram-na a recuar. Dom João contava agora com apenas dois barcos de reserva, sua tropa tinha sofrido muitas baixas, e ele mesmo fora ferido no pé. A situação ia-se tornando cada vez mais perigosa, quando o Marquês de Santa Cruz, tendo liberado os venezianos, veio em socorro do generalíssimo e este pôde repelir os janízaros.

A batalha chegara ao seu auge. As águas tingiam-se de sangue, ressoavam gritos e gemidos dos que lutavam, dos feridos, mutilados e agonizantes. O estrondo das armas de fogo entrecruzava-se com o tinir das lâminas de aço, num concerto trágico e grandioso. Sucediam-se umas às outras as proezas. O sangue nobre corria. Um após outro caíram Juan de Córdoba, Fábio Graziani, Juan Ponce de León. O velho Veniero lutava de espada na mão, à frente de seus soldados. O general veneziano Barbarigo tombara ferido por uma flecha no olho, quando, para dar ordens a seus homens, afastara o escudo que o protegia. "É um risco menor do que o de não conseguir fazer-me entender numa hora destas!" — respondera a alguém que o advertia do perigo. O jovem Alexandre Farnese, Duque de Parma, entrou sozinho numa galera turca, e não morreu. De sua parte, o inimigo tentava toda espécie de manobras e dava inegáveis provas de valor.
O momento era crítico, e ainda deixava muitas dúvidas quanto ao desenlace da batalha, quando Ali-Pachá, defendendo a "Sultana" de mais uma investida cristã, caiu morto por uma bala de arcabuz espanhol (ou suicidou-se, segundo outra versão). Eram 4 horas da tarde.

O corpo do generalíssimo dos infiéis foi arrastado até os pés de D. João. Um soldado espanhol avançou sobre ele e cortou-lhe a cabeça. Esta, por ordem do Príncipe, foi então erguida na ponta de uma lança, para que todos a vissem. Um clamor de alegria vitoriosa levantou-se da capitânia católica. Os turcos estavam derrotados, e o pânico espalhou-se celeremente entre suas hostes, a partir do momento em que o estandarte de Cristo começou a drapejar sobre a "Sultana".

Uluch Ali ainda investiu sobre a ala direita comandada por Andrea Doria. Mas, atacado pelo Marquês de Santa Cruz, tratou de fugir.

O veneziano Girolamo Duodo conta que "uma grande parte dos escravos cristãos, que se encontravam nos navios inimigos, compreendeu que os turcos estavam perdidos. Apesar dos guardas, esses infelizes multiplicaram seus esforços para buscar a salvação na fuga e favorecer a vitória dos nossos. Em pouco tempo, ei-los combatendo em todos os setores onde há guerra, com uma coragem sem igual. Seu ardor é decuplicado pelos gritos que ecoam de todos os lados: "A vitória é nossa!". Nos navios da Liga, os galés — que tinham sido armados de espada — abandonavam os remos quando havia abordagem e lutavam valentemente contra os turcos.

Uma Senhora de aspecto majestoso e ameaçador

Os restos da esquadra inimiga batem em retirada e se dispersam, enquanto as trombetas católicas proclamam a todos os ventos a vitória da Santa Liga, na maior batalha naval que a História jamais registrara.

A tarde começava a cair e prometia um mar agitado. No crepúsculo daquele santo dia, os navios da Liga se reagrupavam e mal podiam navegar através dos restos da batalha: cadáveres, remos e mastros espalhados bizarramente pela água. As embarcações apresadas vinham à retaguarda das galeras católicas, arrastadas humilhantemente pela popa.

As perdas dos infiéis tinham sido enormes: 30 a 40 mil mortos, 8 ou 10 mil prisioneiros (entre os quais dois filhos de Ali-Pachá e quarenta outros membros das famílias principais do império), 120 galeras apresadas e cinqüenta postas a pique ou incendiadas, numerosas bandeiras e grande parte da artilharia em poder dos vencedores. Doze mil cristãos escravizados alcançaram a liberdade. A Liga perdeu doze galeras e teve menos de 8 mil mortos.

Soube-se depois que, no maior fragor da batalha, os soldados de Mafoma tinham avistado acima dos mais altos mastros da esquadra católica uma Senhora, que os aterrava com seu aspecto majestoso e ameaçador.

É hora de dar graças a Jesus Cristo pela vitória

Bem longe dali, o Papa aguardava ansioso notícias da esquadra católica. Desde a chegada de D. João a Messina, redobrara de orações e jejuns pela vitória das armas cristãs, e instava para que monges, cardeais e fiéis rezassem e jejuassem na mesma intenção. Confiava sobretudo na eficácia do rosário, para obter o socorro onipotente da Virgem.

No dia 7 de outubro ele trabalhava com seu tesoureiro, Donato Cesi, o qual lhe expunha problemas financeiros. De repente, separou-se de seu interlocutor, abriu uma janela e entrou em êxtase. Logo depois voltou-se para o tesoureiro e disse-lhe: "Ide com Deus. Agora não é hora de negócios, mas sim de dar graças a Jesus Cristo, pois nossa esquadra acaba de vencer". E dirigiu-se à sua capela.

As notícias do desfecho da batalha chegaram a Roma, por vias humanas, duas semanas depois, por um correio que vinha de Veneza. Na noite de 21 para 22 de outubro o Cardeal Rusticucci acordou o Papa, para confirmar a visão que ele tinha tido. No meio de um pranto varonil, São Pio V repetiu as palavras do velho Simeão: "Nunc dimittis servum tuum, Domine, in pace" (Luc.2,29). No dia seguinte, a notícia foi dada em São Pedro, após uma procissão e um solene "Te Deum".


Soube-se depois que, no maior fragor da batalha, os soldados de Mafoma tinham avistado acima dos mais altos mastros da esquadra católica uma Senhora, que os aterrava com seu aspecto majestoso e ameaçador.

 

Fonte: http://gloria.tv/?media=343469

 

El 12 de Octubre de 1492

Video



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Conocerás los detalles más importantes que recordamos cada 12 de Octubre.

Locución: Amelvi Barrera Alarcón - Animación: Rebeca Zavatti

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publicado por luiscatina às 17:57

Setembro 11 2013

BOLETÍM CULTURAL

CATINA MUNDI

 

 

LA FINALIDAD DE ESTE BOLETÍN, BIEN DEFINIDA EN SU PROPIO TITULO , OBEDECE MÁS A UN SENTIMIENTO DE PATRIOTISMO CULTURAL QUE DE INTERÉS MATERIAL.

 

  Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica

  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

   Casa de Mexico,  casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.

  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

…Para las niñas y  niños de Portugal, México, Costa Rica,  Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…

                         

PUBLICAÇÃO  MENSAL, em  PORTUGUÊS e CASTELHANO,  QUE TEM  COMO  OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES  PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES  E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.  (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)

Presentación

Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

 

Perfil de António Borges: Um exemplo de "profissionalismo, competência e dignidade"

Era militante do PSD, partido do qual foi vice-presidente da Comissão Política Nacional, entre 2008 e 2010, sob a liderança de Manuela Ferreira Leite.

"A verdade é que o cancro acabou por derrotá-lo, mas nunca vencerá o exemplo de máximo profissionalismo, competência e dignidade que deixa a quem o conheceu e privou com ele", disse no domingo Alexandre Soares dos Santos, "chairman" da Jerónimo Martins, comentando a morte de António Borges, que era também administrador daquela empresa.

 

António Mendo de Castel-Branco de Amaral Osório Borges nasceu em Ramalde, Porto, a 18 de Novembro de 1949. Era casado e tinha quatro filhos. Faleceu domingo no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, vítima de um cancro no pâncreas que lhe havia sido detectado em 2010.

António Borges licenciou-se em Economia e Finanças, em 1972, no antigo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa. Em 1976 estabeleceu-se nos Estados Unidos, onde obteve os graus de Mestre e Doutor em Economia. Em 1980 foi docente do INSEAD, em França, instituto do que qual foi director e reitor nos anos 90.

 

Era militante do PSD, partido do qual foi vice-presidente da Comissão Política Nacional, entre 2008 e 2010, sob a liderança de Manuela Ferreira Leite. Entre as muitas funções que desempenhou na sua vida profissional, destacam-se as de vice-governador do Banco de Portugal e vice-presidente do conselho de administração do Goldman Sachs, em Londres.

 

Foi também consultor do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e da OCDE. Em 2010, no ano em que lhe foi diagnosticada a doença, foi nomeado director do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI) de onde saiu um ano depois, por divergências com a directora-geral, Christine Lagarde, que este domingo assina um comunicado onde em nome de todos, no FMI, apresentas as "mais profundas condolências à família e de António [Borges] e a todos os seus muitos colegas e amigos em Portugal e em todo o mundo".

 

O corpo de António Borges encontra-se na Basílica da Estrela onde esta segunda-feira, às 11h00, é celebrada uma missa de corpo presente, seguindo-se o funeral.

 

Costumes da Bíblia - Os vários usos do azeite

O óleo de oliva é citado em várias situações bíblicas, com ampla importância física e espiritual

Não são poucas as passagens da Bíblia, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, em que o azeite de olivaaparece com um importante significado. Hoje mais popular na alimentação, também teve ao longo da história um forte sentido espiritual, além de outros usos, como em medicamentos e cosméticos.

 

A oliveira, cujo fruto dá origem ao tipo de azeite mais usado no mundo (existem os feitos com outros vegetais), surgiu na região que hoje compreende a Síria – não por acaso, segundo a Bíblia, onde já se situou o famoso Jardim do Éden, primeira morada do homem. Também já foram achadas oliveirasfossilizadas na área do atual Irã.

Há indícios de que o óleo extraído das azeitonas já era usado há 6 mil anos. Os povos da Mesopotâmia o usavam como protetor contra o frio. Untavam a pele com o azeite, que “pega emprestado” o calor do ambiente e não deixa o corpo perder o seu com facilidade. Guerreiros da época também o passavam para ressaltar a musculatura, a fim de intimidar os adversários.

O óleo extraído das azeitonas foi usado por milênios como combustível para lamparinas, fornecendo iluminação noturna nos imóveis, acampamentos ou com intuito cerimonial, como nas menorás (candelabros judaicos de sete lâmpadas, como os que eram usados no Tabernáculo e no Templo de Salomão).

Os mercadores de Tiro eram importantes comerciantes de azeite. Vendiam-no até mesmo ao Egito, já que as azeitonas egípcias não eram de boa qualidade. Israel também produzia muito azeite, mas também o comprava de Tiro. Relatos da comercialização do produto aparecem em livros bíblicos como 2 Crônicas, 1 Reis, Isaías, Ezequiel e Oseias.

Os fenícios e gregos espalharam o uso do azeite pelas outras regiões mediterrâneas (até hoje o óleo grego figura entre os melhores do mundo). Médicos da Grécia já o utilizavam em seus unguentos no século 7 antes de Cristo (a.C.), assim como os romanos e os próprios israelitas, além dos mesopotâmicos e egípcios, como atestam vários achados arqueológicos.

Usos

Além da utilização em temperos e para fritar alimentos, e também para conservá-los, o azeite era matéria-prima de medicamentos de uso tópico (como cremes e pomadas), de cosméticos (cremes e óleos para cabelos e pele) ou ainda misturado a essências perfumadas para uso no corpo ou em ambientes. Misturado a especiarias e flores, com ele era feito uma espécie de incenso.

O sentido espiritual do azeite é frequente até os dias atuais para povos como os judeus e os cristãos. O óleo simboliza a presença do Senhor, também representando o Espírito Santo. Com ele, eram ungidos reis e sacerdotes, conforme a vontade de Deus (como mostrado no vídeo abaixo, da minissérie “Rei Davi”, quando o profeta Samuel ungiu o jovem filho de Jessé).

 

Jacó, em suas experiências com Deus em Betel, por duas vezes ergueu altares de pedra, sobre os quais deitou azeite (Gênesis 28:18 / 35:14).

Nos sacrifícios diários, também era usado o azeite, sempre de ótima qualidade (como em Êxodo 29:40), assim como na purificação dos leprosos (Levítico 14:10-18). Manjares para ofertas a Deus eram comumente usados sem fermento e com azeite. A ausência do fermento significa a abstinência do pecado, enquanto o azeite simboliza a presença do Senhor. Quando as ofertas eram feitas para a expiação de pecados (Levítico 5:11) ou por causa de ciúmes (Números 5:15), entretanto, não se usava o azeite.

Também era comum os judeus untarem levemente o corpo com azeite após o banho (tem um eficiente efeito hidratante e suavizante da pele) ou antes de importantes festas. Mas em ocasiões tristes como a de luto, ele não devia ser usado – o óleo simbolizava, entre muitas coisas, a alegria.

Em uma das famosas parábolas contadas por Jesus, um samaritano encontra um judeu vitimado por agressão (ilustração acima) e, piedosamente, trata suas feridas com vinho (desinfecção, por causa do álcool) e azeite (com propriedades cicatrizantes). Este uso terapêutico também aparece em Isaías 1:6 (amolecimento de chagas para tratamento), além da cura espiritual (Marcos 6:13 e Tiago 5:14).

Falando em Jesus, Ele próprio, às vésperas de Sua prisão e execução, passou por momentos de oração noJardim das Oliveiras (foto abaixo), no Getsêmani (“lagar de azeite”, do hebraico – “lagar” é como se designa a moenda que extrai o óleo das azeitonas, ou o local onde ela fica).

 

Graças aos antigos mercadores do Mediterrâneo, o uso do azeite se propagou para outras terras, que também passaram a produzi-lo. Hoje, o óleo é usado na culinária, cosmética e medicina de várias culturas, inclusive noBrasil, onde chegou pelas mãos dos colonizadores portugueses e espanhóis, cujos países hoje produzem azeite em larga escala, exportado para várias regiões do planeta. Nosso país é o sétimo maior importador mundial de azeite e o segundo de azeitonas, produtos presentes maciçamente em nossa culinária diária. Embora não tenhamos tradição no plantio de oliveiras, pesquisas já começam a dar frutos em Minas GeraisRio Grande do Sul e Santa Catarina, e logo poderemos consumir muito azeite de olivas brasileiras, cuja cultura se propagará para outros estados de clima propício.

 

 História do Azeite em Portugal


Em Portugal, os vestígios da presença da oliveira datam da Idade do Bronze, mas só nos séculos XV e XVI o seu cultivo se generaliza a todo o país, sendo que o primeiro documento salvaguardando a mancha de oliveiras do País foi o chamado "Código Visigótico", que previa uma multa de cinco soldos para quem arrancasse oliveira alheia (contra apenas três soldos de multa se fosse outra a árvore).

Foi em Évora (1392) que se lavrou a primeira regulamentação do ofício de lagareiro, mas só no século XVI Coimbra (1515) e Lisboa (1572) lhe seguiram o exemplo.  Também os forais dos mouros forros de Lisboa, Alcácer do Sal, Palmela, Almada, dados por D. Afonso Henriques, em 1170, e mais tarde o dos mouros do Algarve (1269) e o de Évora (1273) se referem expressamente a cultura da oliveira.  Tomar, sede da Ordem dos Templários, viu regulamentada a exploração olivícola desde 1162, por autoridade do mestre Gualdim Pais, no primeiro foral concedido aquela vila, e em Coimbra e Santarém, no século XII, a cultura da oliveira, a extracção do azeite e o seu comércio já eram praticados em escala apreciável.  

Não obstante os processos de produção continuarem rudimentares, o azeite foi premiado em exposições internacionais. O "Azeite Herculano" recebe o primeiro prémio nas exposições universais de Anvers (1894) e de Paris (1889).  O sector do azeite possuía também empresários de maior importância, cuja acção reivindicativa era, na década de 30 (século XX), bastante razoável.  Estes grandes produtores exigiam, sobretudo, o condicionamento da importação de azeite e outros óleos, defendendo que só deveria recorrer-se a importação, por exemplo, em conjunturas de alto preço.

Entre 1945 e 1947, regista-se um surto de estruturas industriais no País, entre as quais se contavam os lagares de azeite, todavia, este desenvolvimento industrial conduziu ao êxodo das populações rurais para as cidades, tornando escassa a mão-de-obra na agricultura. 

Nas últimas décadas assistimos a uma nova aposta na produção de azeite, com a plantação de novos olivais a uma escala pouco vulgar no nosso país, recorrendo a técnicas e tecnologias mais avançadas para optimizar todo o processo, desde a produção da azeitona até à obtenção do azeite.



Apicultura - Produção de Mel

 

Produção de Mel

Apresentação

A apicultura é uma das atividades capazes de causar impactos positivos, tanto sociais quanto econômicos, além de contribuir para a manutenção e preservação dos ecossistemas existentes. A cadeia produtiva da apicultura propicia a geração de inúmeros postos de trabalho, empregos e fluxo de renda, principalmente no ambiente da agricultura familiar, sendo, dessa forma, determinante na melhoria da qualidade de vida e fixação do homem no meio rural.

O Brasil apresenta características especiais de flora e clima que, aliado a presença da abelha africanizada, lhe conferem um potencial fabuloso para a atividade apícola, ainda pouco explorado. Nesse sentido, a Embrapa, vem apoiando o desenvolvimento da apicultura no Brasil, especialmente na região Nordeste, por intermédio da Embrapa Meio-Norte, que tem como um de seus objetivos promover a geração e transferência de tecnologias, que visem à melhoria do desempenho do agronegócio apícola, contribuindo dessa forma, com o aumento de produtividade e a melhoria da qualidade dos produtos da colméia.

Esse documento contém importantes informações, apresentadas de maneira prática, que juntamente com as ações de pesquisa e desenvolvimento que vêm sendo executadas nessa área, irão favorecer o aumento da competitividade do setor, tanto para o mercado interno, como para o externo, contribuindo para elevar o país a uma posição de destaque no mercado mundial de mel.

Maria Pinheiro Fernandes Corrêa Chefe- Geral

Introdução e Histórico

O mel, que é usado como alimento pelo homem desde a pré-história, por vários séculos foi retirado dos enxames de forma extrativista e predatória, muitas vezes causando danos ao meio ambiente, matando as abelhas. Entretanto, com o tempo, o homem foi aprendendo a proteger seus enxames, instalá-los em colméias racionais e manejá-los de forma que houvesse maior produção de mel sem causar prejuízo para as abelhas. Nascia, assim, a apicultura.

Essa atividade atravessou o tempo, ganhou o mundo e se tornou uma importante fonte de renda para várias famílias. Hoje, além do mel, é possível explorar, com a criação racional das abelhas, produtos como: pólen apícola, geléia real, rainhas, polinização, apitoxina e cera. Existem casos de produtores que comercializam enxames e crias.

O Brasil é, atualmente, o 6° maior produtor de mel (ficando atrás somente da China, Estados Unidos,

Argentina, México e Canadá), entretanto, ainda existe um grande potencial apícola (flora e clima) não explorado e grande possibilidade de se maximizar a produção, incrementando o agronegócio apícola. Para tanto, é necessário que o produtor possua conhecimentos sobre biologia das abelhas, técnicas de manejo e colheita do mel, pragas e doenças dos enxames, importância econômica, mercado e comercialização.

As abelhas são descendentes das vespas que deixaram de se alimentar de pequenos insetos e aranhas para consumirem o pólen das flores quando essas surgiram, há cerca de 135 milhões de anos. Durante esse processo evolutivo, surgiram várias espécies de abelhas. Hoje se conhecem mais de 20 mil espécies, mas acredita-se que existam umas 40 mil espécies ainda não-descobertas. Somente 2% das espécies de abelhas são sociais e produzem mel. Entre as espécies produtoras de mel, as do gênero Apis são as mais conhecidas e difundidas.

O fóssil mais antigo desse gênero que se conhece é da espécie já extinta Apis ambruster e data de 12 milhões de anos. Provavelmente esse gênero de abelha tenha surgido na África após a separação do continente americano, tendo posteriormente migrado para a Europa e Ásia, originando as espécies Apis mellifera, Apis cerana, Apis florea, Apis korchevniskov, Apis andreniformis, Apis dorsata, Apis laboriosa, Apis nuluensis e Apis nigrocincta.

As abelhas que permaneceram na África e Europa originaram várias subespécies de Apis mellifera adaptadas às diversas condições ambientais em que se desenvolveram. Embora hoje essa espécie seja criada no continente Americano e na Oceania, elas só foram introduzidas nessas regiões no período da colonização.

Histórico da Apicultura

Pesquisas arqueológicas mostram que as abelhas sociais já produziam e estocavam mel há 20 milhões de anos, antes mesmo do surgimento do homem na Terra, que só ocorreu poucos milhões de anos atrás.

No início, o homem promovia uma verdadeira "caçada ao mel", tendo que procurar e localizar os enxames, que muitas vezes nidificavam em locais de difícil acesso e de grande risco para os coletores. Naquela época, o alimento ingerido era uma mistura de mel, pólen, crias e cera, pois o homem ainda não sabia como separar os produtos do favo. Os enxames, muitas vezes, morriam ou fugiam, obrigando o homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para consumo.

Há, aproximadamente, 2.400 anos a.C., os egípcios começaram a colocar as abelhas em potes de barro. A retirada do mel ainda era muito similar à "caçada" primitiva, entretanto, os enxames podiam ser transportados e colocados próximo à residência do produtor.

Apesar de os egípcios serem considerados os pioneiros na criação de abelhas, a palavra colméia vem do grego, pois os gregos colocavam seus enxames em recipientes com forma de sino feitos de palha trançada chamada de colmo.

Naquela época, as abelhas já assumiam tanta importância para o homem que eram consideradas sagradas para muitas civilizações. Com isso várias lendas e cultos surgiram a respeito desses insetos. Com o tempo, elas também passaram a assumir grande importância econômica e a ser consideradas um símbolo de poder para reis, rainhas, papas, cardeais, duques, condes e príncipes, fazendo parte de brasões, cetros, coroas, moedas, mantos reais, entre outros.

Na Idade Média, em algumas regiões da Europa, as árvores eram propriedade do governo, sendo proibido derrubá-las, pois elas poderiam servir de abrigo a um enxame no futuro. Os enxames eram registrados em cartório e deixados de herança por escrito, o roubo de abelhas era considerado um crime imperdoável, podendo ser punido com a morte.

Nesse período, muitos produtores já não suportavam ter que matar suas abelhas para coletar o mel e vários estudos iniciaram-se nesse sentido. O uso de recipientes horizontais e com comprimento maior que o braço do produtor foi uma das primeiras tentativas. Nessas colméias, para colheita do mel, o apicultor jogava fumaça na entrada da caixa, fazendo com que todas as abelhas fossem para o fundo, inclusive a rainha, e depois retirava somente os favos da frente, deixando uma reserva para as abelhas.

Alguns anos depois, surgiu a idéia de se trabalhar com recipientes sobrepostos, em que o apicultor removeria a parte superior, deixando reserva para as abelhas na caixa inferior. Embora resolvesse a questão da colheita do mel, o produtor não tinha acesso à área de cria sem destruí-la, o que impossibilitava um manejo mais racional dos enxames. Para resolver essa questão, os produtores começaram a colocar barras horizontais no topo dos recipientes, separadas por uma distância igual à distância dos favos construídos. Assim, as abelhas construíam os favos nessas barras, facilitando a inspeção, entretanto, as laterais dos favos ainda ficavam presas às paredes da colméia.

Em 1851, o Reverendo Lorenzo Lorraine Langstroth verificou que as abelhas depositavam própolis em qualquer espaço inferior a 4,7 m e construíam favos em espaços superiores a 9,5 m. A medida entre esses dois espaços Langstroth chamou de "espaço abelha", que é o menor espaço livre existente no interior da colméia e por onde podem passar duas abelhas ao mesmo tempo. Essa descoberta simples foi uma das chaves para o desenvolvimento da apicultura racional. Inspirado no modelo de colméia usado por Francis Huber, que prendia cada favo em quadros presos pelas laterais e os movimentava como as páginas de um livro, Langstroth resolveu estender as barras superiores já usadas e fechar o quadro nas laterais e abaixo, mantendo sempre o espaço abelha entre cada peça da caixa, criando, assim, os quadros móveis que poderiam ser retirados das colméias pelo topo e movidos lateralmente dentro da caixa. A colméia de quadros móveis permitiu a criação racional de abelhas, favorecendo o avanço tecnológico da atividade como a conhecemos hoje.

Introdução da Apis mellifera no Brasil

As abelhas da espécie Apis mellifera foram introduzidas no Brasil em 1840, oriundas da Espanha e

Portugal, trazidas pelo Padre Antônio Carneiro. Provavelmente as subespécies Apis mellifera mellifera (abelha preta ou alemã) e Apis mellifera carnica tenham sido as primeiras abelhas a chegar em nosso país.

Em 1845, imigrantes alemães introduziram no Sul do País a abelha Apis mellifera mellifera. Entre os anos de 1870 a 1880, as abelhas italianas, Apis mellifera ligustica foram introduzidas no Sul e na Bahia.

Não se tem registro preciso da introdução das abelhas no Norte e Nordeste do país, mas em 1845 Castelo Branco afirmava: "as abelhas do Piauí não têm ferrão".

Naquele período, a maior parte dos apicultores criava as abelhas de forma rústica, possuindo poucas colméias no fundo do quintal, onde, em razão da baixa agressividade, eram criadas próximo a outros animais, como porcos e galinhas. O objetivo principal da maioria dos produtores era atender às próprias necessidades de consumo.

Em meados de 1950, a apicultura sofreu um grande baque em razão de problemas com a sanidade em função do surgimento de doenças e pragas(nosemose, acariose e cria pútrida européia), o que dizimou 80% das colméias do País e diminuiu a produção apícola drasticamente. Diante desse quadro, ficou evidente que era preciso aumentar a resistência das abelhas no País.

Assim, em 1956, o professor Warwick Estevan Kerr dirigiu-se à África, com apoio do Ministério da

Agricultura, com a incumbência de selecionar rainhas de colméias africanas produtivas e resistentes a doenças. A intenção era realizar pesquisas comparando a produtividade, rusticidade e agressividade entre as abelhas européias, africanas e seus híbridos e, após os resultados conclusivos, recomendar a abelha mais apropriada às nossas condições.

Dessa forma, em 1957, 49 rainhas foram levadas ao apiário experimental de Rio Claro para serem testadas e comparadas com as abelhas italianas e pretas. Entretanto, nada se concluiu desse experimento, pois, em virtude de um acidente, 26 das colméias africanas enxamearam 45 dias após a introdução.

A liberação dessas abelhas muito produtivas, porém muito agressivas, criou um grande problema para o Brasil. O pavor desse inseto invadiu o mundo em razão de notícias sensacionalistas nas televisões, jornais e revistas internacionais, que não condiziam exatamente com a verdade, mas ajudavam nas vendas. Nesse período, nenhum animal foi mais comentado em livros, entrevistas, reportagens e filmes do que as "abelhas assassinas" ou "abelhas brasileiras", como eram chamadas.

As "abelhas assassinas" eram consideradas pragas da apicultura e começaram a surgir campanhas para a sua erradicação, não só dos apiários, mas também das matas, com a aplicação de inseticidas em todo o País. Essa atitude, além de ser uma operação de alto custo, provocaria um desastre ecológico de tamanho incalculável.

Toda essa campanha acabou provocando o abandono de muitos apicultores da atividade e uma queda na produção de mel no País. Na verdade, o que acontecia era uma completa inadequação da forma de criação e manejo das abelhas africanas. Embora as técnicas usadas fossem adaptadas às abelhas européias, para as abelhas africanas, as vestimentas eram inadequadas; os fumigadores, pequenos e pouco potentes; as técnicas de manejo, impróprias para as abelhas e as colméias dispostas muito próximas das residências, escolas, estradas e de outros animais. Todos esses fatores, em conjunto com a maior agressividade, facilitavam o ataque e os acidentes.

Com isso, muitos produtores considerados amadores abandonaram a atividade e os que permaneceram tiveram que se adaptar as novas técnicas de manejo, profissionalizando-se cada vez mais para controlar a agressividade das abelhas.

Na tentativa de amenizar a situação, distribuíram-se entre os apicultores rainhas italianas fecundadas por zangões italianos. Tal iniciativa não deu certo porque os produtores, já sabendo da maior produtividade das abelhas africanas, eliminavam as rainhas italianas. A solução foi distribuir rainhas italianas virgens, que se acasalavam com zangões africanos, obtendo uma prole mais produtiva e menos agressiva.

Outros fatores importantes que contribuíram para a redução da agressividade das abelhas africanas e para o crescimento e desenvolvimento da atividade foram: a interação entre produtores e pesquisadores nos congressos e simpósios; a criação de concursos premiando novos inventos; a liberação de créditos para a atividade; a participação do País em eventos internacionais; o investimento em pesquisas; a criação da Confederação Brasileira de Apicultura em 1967; e a valorização progressiva de outros produtos apícolas.

Hoje, as abelhas chamadas de africanizadas, por terem herdado muitas características das abelhas africanas, são consideradas como as responsáveis pelo desenvolvimento apícola do País, de modo que o Brasil, que era o 28º produtor mundial de mel (5 mil t/ano), passou para o 6º (20 mil t em 2001). A agressividade é considerada por muitos apicultores como um forte aliado para se evitar roubo da sua produção e ainda vêem a vantagem de serem tolerantes a várias pragas e doenças que assolam a atividade em todo o mundo, mas não têm acarretado impacto econômico no Brasil.

Raças de Abelhas Apis mellifera

O habitat das abelhas Apis mellifera é bastante diversificado e inclui savana, florestas tropicais, deserto, regiões litorâneas e montanhosas. Essa grande variedade de clima e vegetação acabou originando diversas subespécies ou raças de abelhas, com diferentes características e adaptadas às diversas condições ambientais.

A diferenciação dessas raças não é um processo fácil, sendo realizado somente por pessoas especializadas, que podem usar medidas morfológicas ou análise de DNA.

A seguir, apresentam-se algumas características das raças de abelhas introduzidas no Brasil.

Apis mellifera mellifera (abelha real, alemã, comum ou negra)

• Originárias do Norte da Europa e Centro-oeste da Rússia, provavelmente estendendo-se até a Península Ibérica.

• Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas. • Possuem língua curta (5,7 a 6,4 m), o que dificulta o trabalho em flores profundas.

• Nervosas e irritadas, tornam-se agressivas com facilidade caso o manejo seja inadequado.

• Produtivas e prolíferas, adaptam-se com facilidade a diferentes ambientes.

• Propolisam com abundância, principalmente em regiões úmidas.

Importância econômica


publicado por luiscatina às 10:41

Agosto 23 2013

BOLETÍM CULTURAL

CATINA MUNDI

 

 

LA FINALIDAD DE ESTE BOLETÍN, BIEN DEFINIDA EN SU PROPIO TITULO , OBEDECE MÁS A UN SENTIMIENTO DE PATRIOTISMO CULTURAL QUE DE INTERÉS MATERIAL.

 

  Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica

  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

   Casa de Mexico,  casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.

  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

…Para las niñas y  niños de Portugal, México, Costa Rica,  Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…

                         

PUBLICAÇÃO  MENSAL, em  PORTUGUÊS e CASTELHANO,  QUE TEM  COMO  OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES  PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES  E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.  (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)

Presentación

Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

 

 

"Medo" explica segredos por revelar sobre descolonização de Angola - investigadora

"Acho que há medo de tocar nestes assuntos. Há medo de afrontar os militares, os políticos, mesmo que estejam mortos", afirmou a jornalista e doutoranda em História no Instituto de Ciências Sociais, em Lisboa, autora do livro que será lançado na quinta-feira.

O jornalismo deu-lhe "muito calo" para a escrita "rápida" e a linguagem "fluida", método que advoga. "Se os historiadores querem arranjar leitores e ter público, têm que escrever como os jornalistas, porque, hoje em dia, não se pode perder tempo com floreados e agradecimentos. Não, os factos são estes, as interpretações ficam a vosso cargo", aconselhou.

Alexandra Marques não nasceu em Angola e não tem qualquer ligação a África, mas aceitou a sugestão de um professor para tratar em tese o tema "polémico" dos retornados.

Começou à procura de documentação em "fontes primárias que comprovassem" o que se passou em Angola e Moçambique, do 25 de Abril de 1974 até às independências. Foi aí que tropeçou nos "fundos militares", dispersos por várias instituições, alguns dos quais recentemente desclassificados e ainda "completamente virgens".

A autora estranhou que, por exemplo, ainda ninguém tenha explorado o fundo privado António Belo, no Centro de Documentação 25 de Abril "há já alguns anos".

Em Portugal vigora o "hábito de as famílias ou os secretários das comissões guardarem as atas, levarem-nas para casa e não as entregarem a arquivos públicos", o que impediu o acesso ao espólio de Rosa Coutinho e limitou a consulta a "duas a três pastas" do de Melo Antunes.

Apesar disso, Alexandra Marques disse ter descoberto "bastantes" segredos, mas confessou que "não estava à espera de encontrar tantas revelações".

Por exemplo, chegou à conclusão que, não tendo assim ficado "escrito" no Acordo do Alvor, "os ministros que fossem indicados por Portugal para o futuro governo de transição tinham que ter aval prévio (...) dos movimentos de libertação" -- aval com que "Melo Antunes concordou".

Mas "uma coisa de que realmente não fazia ideia" é que o então ministro dos Negócios Estrangeiros Melo Antunes foi a Luanda para tentar "convencer os comandantes operacionais a barrarem a reentrada da FNLA [Frente Nacional de Libertação de Angola]" na cidade.

O livro também desfaz "mitos", assinalou. Um deles é o de que Mário Soares e Almeida Santos "defenderam a realização de eleições em Angola antes da independência", como têm defendido alguns historiadores.

"Não é verdade. Nunca defenderam, sempre acharam disparatado, porque não havia tradição (...) nem durante o regime salazarista, nem durante o marcelismo, o Estado Novo nunca esteve preocupado em preparar Angola para um regime democrático", contrapôs. Ao contrário, Mário Soares e Almeida Santos acreditavam que, se houvesse eleições, "acabava tudo aos tiros".

Na descolonização portuguesa, "cada caso foi um caso", mas em Angola o processo foi "mais complexo e difícil", e esteve "sempre ligado ao português". Quando Portugal "vira à esquerda", a 11 de março de 1975, em Angola "a ala mais esquerdista do MFA [Movimento das Forças Armadas] também é reforçada", com reflexos "em vários acontecimentos", realçou a autora.

Alexandra Marques procurou produzir "algo novo" e não limitar-se a citar trabalho já feito. Simultaneamente, quis homenagear os milicianos que estavam nos quartéis e fizeram relatórios de "minúcia e clareza" e "relatos emotivos".

O livro "Os segredos da descolonização de Angola" é lançado na quinta-feira, às 18:30, na Fnac do Colombo, com as intervenções dos generais Heitor Almendra e Pedro Pezarat Correia e do coronel José Vilalobos Filipe.

 

 

O tempo que nos corre nas veias

 

Há tempos falava de História fazendo alusão a uma frase de William Faulkner «o passado nunca passa» do livro Palmeira Bravas.
Diz-nos António Rosa Mendes que «O passado nunca passa precisamente porque os seres humanos não têm Natureza, tem História. Nós somos feitos de passado, somos o resumo daquilo que está para trás de nós e, portanto, aquilo que está para trás de nós não passa na medida em que nós incorporamos todas essas experiências do passado. O que sucede é que frequentemente nós somos muito ingratos em relação àqueles que nos antecederam e que construíram este mundo que nós herdamos. A nossa condição de humanos é sermos herdeiros. Portanto somos feitos de tempo. Pelas nossas veias não circula só o sangue, circula também o tempo. A nossa matéria é o tempo e nessa medida se queremos sinais de orientação em relação ao futuro temos que nos apoderar do passado».

A Identidade
Frei João de São José diz que «Há neste reino do Algarve muitas cousas notáveis e maravilhosas e tão particulares dele só, que não se acham em outro algum…». O livro quarto da «Corografia do Reino do Algarve» trata das particularidades do reino e marca o princípio de uma consciência de diferenciação da região. «O Frei João de São José, diz António Rosa Mendes, escreveu a sua Corografia sobre o Algarve em 1577, em plena época do Renascimento e essa memória consagra a identidade e a especificidade da região. Não sei se temos sempre presente que o nome Algarve é anterior ao nome de Portugal. Algarve é uma palavra de origem árabe que significava o ocidente. O ocidente do Al Andaluz, que é o nome que os mouros deram à Península Ibérica, era toda esta faixa atlântica que depois se veio a circunscrever no Algarve. Por outro lado o Algarve tem uma configuração perfeitamente demarcada no território português. Não é algo de artificial, ninguém pode dizer onde começa o Alentejo ou as Beiras, há sempre zonas de indefinição, há sempre uma grande incerteza porque Portugal é um país que não tem regiões. A não ser uma única região que é precisamente o Algarve desde logo demarcado por traços naturais muito nítidos. O Algarve separado do Alentejo por uma serra ríspida, pouco elevada mas bastante cavada e dificilmente transponível. Durante séculos apenas os almocreves com as suas bestas é que cruzavam aquela serra. É já dos nossos dias a auto-estrada que liga o Algarve a Lisboa. Portanto a região sempre foi muito demarcada de Portugal por essa serrania a norte, pela costa atlântica, também ela escarpada e pouco convidativa a ocidente, pelo rio Guadiana a leste, fronteira natural e depois também política com a Andaluzia, e a sul o Atlântico mediterrâneo.
Esta plataforma do mar ao sul foi essencial para a abertura de Portugal ao mar Mediterrâneo. Talvez nem sempre se sublinhe como é devido que o reino de Portugal não teria sobrevivido sem o Algarve.
Quando nos finais de Março de 1249 o rei D. Afonso III veio assenhorear-se do Algarve isso foi vital para a sobrevivência de Portugal enquanto reino independente porque a região também era disputado por Castela e é evidente que se a fronteira sul também ficasse limitada por Castela dificilmente o nosso país teria sobrevivido como país independente e acabaria caindo, como caíram todas as outras regiões da Península Ibérica, sobre a dominação do centralismo castelhano. Portanto o Algarve sempre foi estrategicamente vital para Portugal porque permitiu o acesso ao Mediterrâneo, ao golfo Luso-hispano-morroquino. O Algarve sempre teve uma relação de grande complementaridade com a Andaluzia embora nós hoje não nos apercebamos disso mas o comércio entre as duas margens do Guadiana foi muito intenso e quando digo comércio não falo apenas em termos económicos mas também no que concerne a fluxos de populações.
A história serve-nos para poder diagnosticar o presente e nesse sentido acho lamentável que o Algarve e Portugal não aproveitem o magnífico edifício do consulado que temos em Sevilha e que constituiria uma excelente sede para exposições e para os nossos empresários poderem promover a sua oferta perante o mercado andaluz e incrementar assim essas relações intensíssimas que são históricas com a Andaluzia.
Tudo isto para dizer que o Algarve tem uma identidade perfeitamente definida. O rei Dom Afonso III assim que no Tratado de Badajoz, em 1267, o rei Alfonso X de Castela reconheceu a soberania portuguesa sobre o Algarve, passou a intitular-se rei de Portugal e do Algarve. Apesar de não ter estruturas políticas o Algarve passou a constituir um reino à parte que figurou até à implantação da República».

Uma História do Algarve
Apesar dessa especificidade histórica e cultural ainda não se escreveu uma História do Algarve. «É uma situação que só se deve atribuir à lamentável negligência a que temos remetido o nosso passado. Ao pouco cultivo que temos feito dele. Ao autêntico genocídio cultural a que temos sido submetidos mormente nos últimos trinta ou quarenta anos desde a invasão turística massificada. Atenção isto não é uma alegação contra o Turismo. Falo do turismo predador, destruidor. Mas as culpas também se devem atribuir em primeira linha aos próprios algarvios. Não podemos estar à espera que outros venham fazer uma História do Algarve.
A História tem que ser realizada de uma forma sistemática, as investigações têm que ser conduzidas de uma forma organizada e isso não tem sucedido. Uma História do Algarve tem que ser orientada cientificamente e só há trinta anos existe no Algarve uma universidade. A História do Algarve está por fazer e até ao momento tem vivido de esforços individuais. Há dois anos criei aqui na Universidade do Algarve o primeiro Mestrado em História do Algarve. Já anteriormente através do professor Joaquim Romero Magalhães, que como é sabido é o principal especialista em história do Algarve, formamos uma equipa e um primeiro esboço do que será uma História do Algarve. Entretanto têm vindo a lume subsídios avulsos de grande valia importantíssimos para a História do Algarve de investigadores que trabalham por sua conta. Neste momento já estamos em condições de fazer uma grande síntese e partir para uma História do Algarve. Eu estou confiante que nos próximos anos lograremos esse objectivo e essa História do Algarve será seguramente um elemento de capital importância para a preservação da identidade algarvia.
Para uma estimativa geográfica dos autores e das obras que definem a perspectiva que temos da história do Algarve o historiador, actual director da Biblioteca Central da Universidade da Algarve, considera incontornáveis os contributos individuais de Joaquim Romero Magalhães, «quer no Algarve Económico do século XVI quer no Algarve Económico dos séculos XVII e XVIII, duas obras complementares em que nos traça um panorama do Algarve na época da Modernidade. Por outro lado há cerca de dez anos surgiu uma tentativa de visão global «O Algarve da antiguidade aos nossos dias: elementos para a sua história» coordenado pela Doutora Maria da Graça Maia Marques com a colaboração de vários autores. É uma obra desigual mas de importante consulta. Por outro lado há outros autores contemporâneos que têm dado subsídios importante desde o professor Vilhena Mesquita passando por outros já falecidos como o Alberto Iria. De qualquer modo obras que necessitam ainda de ser sistematizadas, abrem pista de investigação que precisam de ser prosseguidas e daí referirmos que a História do Algarve exige uma equipa a trabalhar de acordo com um plano estabelecido que faça investigações de forma a suprir as muitas lacunas na historiografia referente ao Algarve e que possa fazer uma síntese coerente da história da região.
No mestrado em história do Algarve que dirijo há alunos que estão já a preparar as suas dissertações e que conto venham a ser também importantes contributos. Lamentavelmente existem poucos recursos, esta actividade não é devidamente valorizada, não se considera que a História seja absolutamente crucial como instrumento para nós compreendermos o mundo em que vivemos e portanto daí as dificuldades em concretizar estes planos».

350 Anos de Trevas
Pretendem alguns estudiosos explicar o atraso e algum atavismo das elites algarvias, do qual a inexistência de uma História do Algarve seria exemplo, com a incorporação tardia do Algarve no reino de Portugal. Rosa Mendes entende que «não se tem sublinhado o que foi o terrível ostracismo cultural a que o Algarve foi votado. É sabido que foi em Faro, no ano 1487, que o primeiro livro impresso em Portugal foi dado aos prelos na oficina judaica de Samuel Gacon, isso aconteceu repare-se logo nos primórdios da invenção da imprensa. É sabido que o aparecimento do livro foi a maior revolução cultural da história, o livro que é o grande condensador e o grande veículo de transmissão das ideias, o grande veículo da constituição do espírito crítico em que o leitor em diálogo com a palavra escrita é levado a formular o seu próprio pensamento. O Algarve, em Faro, foi pioneiro na introdução da imprensa em Portugal simplesmente dez anos depois implantou-se a intolerância no país. As minorias étnico-religiosas foram expulsas, refiro-me aos judeus e aos mouros, ou obrigados pela força a converter-se e no Algarve aconteceu uma tremenda desgraça cujo preço nós ainda continuaremos a pagar. Durante os séculos XVI, XVII, XVIII e a primeira metade do século XIX não houve imprensa no Algarve. Isto é uma catástrofe em termos culturais. No Algarve não havia onde imprimir livros. Não havia livros. Os poucos livros que existiam iam-se buscar a Lisboa ou a Sevilha. Eram contadas as pessoas que sabiam ler, menos ainda as que sabiam escrever e isso fez com que o Algarve há cem anos atrás tivesse uma taxa de analfabetismo ainda superior àquela que o resto do país apresentava. Acima dos oitenta por cento. Esta circunstância só sublinha a marginalidade do Algarve. Se Portugal é a periferia da Europa o Algarve era a periferia da periferia. Evidentemente não se recupera esse atraso sociocultural em trinta e poucos anos de democracia.
Se a tipografia de Samuel Gacon tem continuado aqui em Faro ou se se têm multiplicado nós teríamos, e a história não é apenas aquilo que foi é também aquilo que poderia ter sido, nós teríamos tido livros e autores. A nossa história teria sido muito diferente daquela que foi. É preciso não esquecer que é durante esses séculos em que nós não tivemos livros que a Europa descola do resto do mundo. É a época da revolução filosófica e científica, é a época das «Luzes», em que o conhecimento se expande, em que nasce a ciência moderna e nós ficamos à margem de tudo isso.
Paradoxalmente a esse silêncio intelectual o século XX, foi um século de especial florescimento literário e intelectual. Logo a abrir o século podemos recensear a aventura futurista que se acolheu nas páginas do jornal «O Heraldo», a edição dos Cadernos do Meio-Dia, o movimento da Poesia 61. A consagração de poetas como Ramos Rosa, Casimiro de Brito, Gastão Cruz, ou Nuno Júdice, de escritoras como Lídia Jorge para só falarmos dos contemporâneos.
«Temos ainda outras figuras como o Dr. Francisco Fernandes Lopes, um sábio, um humanista, um enciclopedista, um homem que tem uma obra extraordinária e apesar de ter vivido em entre Olhão onde nasceu e Faro onde foi professor no liceu a sua obra credencia-o como uma das figuras intelectuais mais importantes do século XX. As figuras referidas só nos levam a reflectir como é que foi possível surgirem essas figuras num ambiente cultural letárgico como é o algarvio. Só nos suscita ainda uma maior admiração por essas pessoas que lograram superar a estreiteza e o acanhado da vida cultural algarvia. No século XVIII, Damião António de Lemos Faria e Castro, um fidalgo que viveu no edifício onde hoje está instalado o Clube Farense, na rua de Stº. António, e que foi um incansável escritor, redigiu uma aula da Nobreza Lusitana, uma espécie de enciclopédia com a qual ele pretendia educar a nossa Nobreza, e escreveu a primeira História de Portugal seguida em vinte tomos, esse homem que viveu sempre em Faro no fim da vida desabafa numa carta ao Bispo Cenáculo, que era uma espécie de Ministro da Cultura do Marquês de Pombal, «Vossa Reverendíssima sabe o que é viver nos estreitos âmbitos e acanhados limites deste Reino do Algarve».
Reino em que no século XVIII o Faria e Castro não encontrava pessoas para uma tertúlia. Faria e Castro que quando quis imprimir os seus livros teve de se deslocar a Sevilha e outros a Lisboa.
Essas figuras destacaram-se pelo seu esforço hercúleo, pelo seu esforço pessoal o que nos leva a supor que se o ambiente cultural tivesse outro dinamismo muitas outras figuras seguramente teriam surgido. Não são tantas personagens de relevo que importam mas o nível cultural geral da população.

Sobre a Regionalização
Sobre se é possível falar de Regionalização sem atender à identidade algarvia António Rosa Mendes diz que distingue os regionalistas dos regionalizadores. «Oiço muito os regionalizadores mas parece-me que não são regionalistas. Para se defender uma região temos que em primeira linha salvaguardar a sua identidade. A vida é mudança e aquilo que permanece é a nossa identidade. Isto significa que defender o Algarve como região implica defender as suas características, aquilo que é específico que o diferencia das outras regiões: a cultura que aqui se faz e a nossa própria história. O que sucede é que os regionalistas, e refiro-me àqueles que têm mais impacto social e que nomeadamente reclamam a regionalização do Algarve, não proferem uma palavra em defesa da identidade algarvia.
Há uma destruição sistemática do litoral algarvio das características únicas da nossa arquitectura. Há o desvirtuamento daquilo que um poeta algarvio que eu gosto sempre de citar, António Pereira, num magnífico dístico, dizia «Sou Algarvio/ E a minha rua tem o mar ao fundo». Isto é a identidade algarvia. Quando isso continua a ser sistematicamente destruído a ponto de no Algarve se fazer um verdadeiro genocídio cultural das suas características únicas é contraditório que os regionalizadores não se empenhem prioritariamente em defender essa personalidade física e cultural. Se a regionalização que se pretende é apenas política está-se prestado um péssimo serviço ao Algarve. O Algarve é com efeito a única região que existe em Portugal. Deve reivindicar uma dívida histórica mas não ganhará nada se for uma das quatro ou cinco regiões do país porque em qualquer das circunstâncias será aquela que tem menos área, menos população e menos concelhos.
O Algarve só ganha se houver uma regionalização feita de baixo para cima com base nos nossos municípios, mobilizando a população, defendendo as características do Algarve e reclamando do poder central aquilo a que o Algarve tem direito na sua dívida histórica. O Algarve foi até aos inícios do século XIX uma autêntica colónia de Portugal. Inclusivamente o comércio que se fazia entre a região e o resto do país eram taxados. Só nos finais do século XVIII, com o Marquês de Pombal, se estabeleceu a livre circulação e só com o Liberalismo, na primeira metade do século XIX é que se unificou o mercado nacional.

O Allgarve
O nome é o arquétipo da coisa, dizia Platão. Nessa perspectiva o historiador entende que continua a suceder uma tentativa obstinada para despersonalizar o Algarve de que o «famigerado Allgarve é o exemplo mais frisante. O Allgarve é uma corruptela do nome Algarve. Só aí se reflecte toda a ignorância de quem teve essa infeliz ideia. Essa corruptela de transformar o nome que é a grande marca de identidade da região afecta o núcleo mais irredutível da sua intimidade. Quando se acrescenta esse «l» ao Algarve está-se nada mais, nada menos do que a coisificar o Algarve, a despersonalizá-lo, a atacar a sua identidade. Nos últimos quarenta anos o Algarve tem estado sujeito a uma destruição sistemática da sua arquitectura típica, das suas características geofísicas. Note-se a muralha de betão que tem cortado a relação entre a região e o mar a tal ponto de tornar anacrónico o verso do António Pereira. Esse desvirtuamento vem dar no Allgarve, na adulteração, na falta de respeito pela história, pela tradição, pelos lídimos algarvios e como tal teria que dar origem ao programa pimba que esse Allgarve também promove. Porque o Allgarve, sem prejuízo pela estima que tenho pelas pessoas que neste momento têm a responsabilidade da programação, cai no erro insultuoso de que há uma cultura para fornecer aos turistas e há outra cultura para os autóctones. O que é uma miopia flagrante, o que nós temos é que assumir a nossa tradição, a nossa memória e ao mesmo tempo acção, ou seja, participarmos cosmopolitamente nas vanguardas culturais. Fazermos aqui cultura que seja cultura feita por nós captando valores que vêm de fora, mas uma cultura que se dirija a todos e não uma parte para turistas e outra parte para autóctones como se nós aqui não merecêssemos a mesma coisa.
Gostaria a acentuar quanta consternação me causa que os regionalizadores e a s forças vivas do Algarve não tomem uma posição firme e categórica de repúdio por essa tremenda ofensa para a região que é desgraçado Allgarve».

 

 

América Espanhola

"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta"


Para compreender a sistematica dessas três civilizações, visualize os slides ao lado.

América Pré Colombiana: A era pré-colombiana incorpora todas as subdivisões períodicas na história e na pré-história das Américas, antes do aparecimento dos europeus no continente americano, abrangendo desde o povoamente original no Paleolítico Superior à colonização européia durante a Idade Moderna. O termo pré-colombiano é frequentemente utilizado especialmente no contexto das grandes civilizações indígenas das Américas, como as da Mesoamérica (os olmecas, os toltecas, os teotihuacanos, os zapotecas, os mixtecas, os astecas e os maias) e dos Andes (os incas, moches, chibchas, cañaris). Muitas civilizações pré-colombianas estabeleceram características e marcas que incluiam assentamentos permanentes ou urbanos, agricultura, e arquitetura cívica e monumental e complexas hierarquias sociais. Algumas dessas civilizações já tinham desaparecido antes da primeira chegada permanente dos europeus.



Aztecas - México: Os astecas foram uma civilização mesoamericana, pré-colombiana, que floresceu principalmente entre os séculos XIV e XVI, no território correspondente ao atual México. Na sucessão de povos mesoamericanos que deram origem a essa civilização destacaram-se os toltecas por suas conquistas civilizatórias, floresceram entre o século X e o século XII seguidos pelos chichimecas imediatamente anteriores e praticamente fundadores do Império Asteca com a queda do Império Tolteca.O idioma asteca era o nahuatl, eles foram derrotados e sua civilização destruída pelos conquistadores espanhóis comandados por Fernando Cortez.


Incas - Peru: A civilização inca foi uma cultura andina pré-colombiana e um Estado-nação, seu periodo na América do Sul data aproximadamente cerca de 1200 até à invasão dos conquistadores espanhóis e a execução do imperador Atahualpa em 1533. O império incluía regiões desde o extremo norte como o Equador e o sul da Colômbia, todo o Peru e a Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do Chile. A capital do império era a atual cidade de Cusco (em quíchua, "Umbigo do Mundo"). O império abrangia diversas nações e mais de 700 idiomas diferentes, sendo o mais falado o quíchua.


Maias - América Central: A civilização maia foi uma cultura mesoamericana pré-colombiana, notável por sua língua escrita (único sistema de escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo), pela sua arte, arquitetura, matemática e sistemas astronômicos. Inicialmente estabelecidas durante o período pré-clássico (2000 a.C. a 250 d.C.), muitas cidades maias atingiram o seu mais elevado estado de desenvolvimento durante o período clássico (250 d.C. a 900 d.C.), continuando a se desenvolver durante todo o período pós-clássico, até a chegada dos espanhóis. No seu auge, era uma das mais densamente povoadas e culturalmente dinâmicas sociedades do mundo.

Estrutura Econômica: o modo de produção era comunal, com ênfase para a agricultura de subsistência: milho, batata, cacau, feijão, abóbora, além de atividades de extrativismo para fins comerciais.

Imposição de Tributos: aos povos conquistados.

Realização de Obras Hidráulicas: modo de preparação despótico-tributário (Brasil) e o modo de produção asiático - Egito.

Estrutura Social: a estratificação da sociedade era uma divisão em forma de estamento:
Imperador: era conhecido como deus sol.

Elite Aristocrática: era guerreira.

O resto era composta por: sacerdotes/ magos, camponeses, e servos do Estado (escravos).

Estrutura Religiosa
Eram politeístas, os deuses pré-colombianos estavam associados aos fenômenos da natureza: sol, lua, chuva, raios. Os incas e astecas realizavam sacrifícios humanos com virgens.

América Colombiana Séc.XV e XVI, respectivamente 1492 a 1513.

Os Conquistadores: Foram os responsáveis pelo genocídio dos povos pré-colombianos.


Francisco Pizzaro: Foi um conquistador e explorador espanhol, entrou para a história como o "conquistador do Peru", tendo subjugado o Império Inca; no dia 16 de novembro de 1532, Pizarro com sua pequena força expedicionária chegou a Cajamarca onde, deixando seu exército fora da cidade aceitou o convide do imperador Atahualpa para um jantar no qual assassinou sua pequena guarda de honra e fez o próprio imperador seu prisioneiro. No ano seguinte Pizarro invadiu Cuzco com tropas indígenas e derrubou o Tahuantinsuyu (império inca). Julgando que a capital Cuzco estava muito distante e muito acima no altiplano, Pizarro fundou a cidade de Lima no dia 18 de janeiro de 1535, prosseguindo em árdua campanha pois as forças Incas tentaram retomar Cuzco sendo derrotadas por Almagro que, por isto, julgo-se em condições de tomá-la para si, gerando uma disputa com Pizarro que o derrotou e executou em 1538 na cidade de Ute.Entretanto, partidários de Almagro assassinaram Pizarro em 26 de junho de 1541.


Hernan Cortez: Foi um conquistador e explorador espanhol. Conquistou o centro do atual território do México a favor da coroa espanhola, particularmente Cortez foi diferente de seus antecessores que não procuravam saber nada sobre os índios, ele tinha uma percepção política e histórica de seus atos; foi atribuido a Cortez a invenção de uma tática de guerra de conquista e por outro lado a invenção de uma política de colonização em tempos de paz.Quando chegou ao México Montezuma era o imperador dos astecas e acreditou que Cortez era o Deus Quetzalcoatl que voltava do exílio para vingar-se; sua chegada no México ocorreu 1519 e coincidiu com a data precisa do calendário maia que indicava a chegada do deus Quetzalcoatl para reclamar a cidade de Tenochtitlán. Empenhado em conquistar o Império Asteca, queimou as naves para não voltar atrás e neutralizou a frota enviada contra ele. Auxiliado por sua amante nativa Marina de Viluta fez pactos com os povos inimigos dos Astecas e criou uma rede de alianças que assegurou sua vitória e a tomada de Tenochtitlan.
Cortés entrou em 9 de novembro de 1519 na cidade de Tenochtitlán depois de ter fundado Vera Cruz, em 1520 aconteceu a chamada Noite Triste (de 30 de junho a 1 de julho de 1520) com a morte de Montezuma, que, segundo cortés, foi atingido por uma pedra quando tentava acalmar seu povo, acabou morrendo três dias depois em razão do ferimento. Em 1522, Cortés venceu os Astecas e destruiu Tenochtitlan, em 1525 foi executado o último rei asteca. Carlos I porém, não estava satisfeito com ele e o criticou, em 1527 a Audiência do México assumiu o poder político e em 1535 foi estabelecido um vice-reinado.


Diogo de Almagro: Era um espanhol conquistador e companheiro, depois rival de Francisco Pizarro, ele participou da conquista espanhola do Peru e é creditado como o descobridor europeu do Chile; em 1525 ele se juntou ao irmãos Pizarro e Hernando de Luque no Panamá para a conquista do Peru.




Estruturas Espanhola

3.1 Estrutura Política - Conselho Real das Índias: comandava os Cabildos (eram iguais as câmaras municipais existentes na América portuguesa), as Casas de Contratación, os Vice-Reinados e as capitanias. Este órgão era o mais importante nas questões administrativas do império espanhol, tanto nas Américas quanto na Ásia por combinar funções legislativas, executivas e judiciárias.


Estrutura Econômica

Imposição do Mercantilismo: capitalismo comercial com ênfase para a mineração: ouro e prata, policultura e pecuária.

Cobrança de impostos: mita e encomienda

Mita: usado pela civilização inca, o índio saía de sua tribo por um período de tempo para uma região mineradora onde recebia um salário irrisório (se não morresse) e se conseguisse sobreviver, voltaria para casa.




Encomienda: era arrancado de sua tribo a força e levado as minas onde trabalharia até a sua morte.




Estrutura Social

Nesse sistema começam a se formar os novos sistemas sociais:

Chapettones: eram os espanhóis nascidos na metrópole, monopolizavam todos os cargos da esfera política.






Criollos: eram os espanhóis nascidos nas colônias, controlavam a estrutura econômica, porém não tinham acesso aos principais cargos públicos com exceção dos cabildos.




Capatazes e Feitores: eram mestiços frutos do cruzamento de índios e espanhóis, ocupavam funções secundárias dentro do contexto sócio-econômico.



Servos e Escravos: era a população dominada e explorada, submetida ao pagamento de impostos, mita e encomienda.






Estrutura Religiosa

Era a imposição do monoteísmo através dos padres da Cia. de Jesus, sendo estes os responsáveis pela difusão do eurocentrismo.
Independência do Brasil

Antecedentes históricos: metade do séc. XVIII


► expansão napoleônica.

► atrito com a Inglaterra.



► derrota francesa no Canal da Mancha.





► Napoleão impoe o bloqueio comercial e continental contra a Inglaterra.




► 14 de julho de 1787: Queda da Bastilha.






► 10 anos depois em 1799: início da Revolução Francesa.






► Napoleão invade Portugal.








► é assinado o Tratado de Fontainebleau em 1807 entre França e Espanha numa convenção secreta.






► a família real portuguesa foge para o Brasil com o aval britânic

 

publicado por luiscatina às 16:08

Julho 17 2013

BOLETÍM CULTURAL

CATINA MUNDI

 

 

LA FINALIDAD DE ESTE BOLETÍN, BIEN DEFINIDA EN SU PROPIO TITULO , OBEDECE MÁS A UN SENTIMIENTO DE PATRIOTISMO CULTURAL QUE DE INTERÉS MATERIAL.

 

  Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica

  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

   Casa de Mexico,  casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.

  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

…Para las niñas y  niños de Portugal, México, Costa Rica,  Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…

                         

PUBLICAÇÃO  MENSAL, em  PORTUGUÊS e CASTELHANO,  QUE TEM  COMO  OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES  PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES  E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.  (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)

Presentación

Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

 

 

Serenata na Sé Velha festeja classificação de Coimbra como Património Mundial

Mais de mil pessoas estiveram presentes na serenata que começou à meia-noite na escadaria da catedral e que foi organizada nas redes sociais.

 

 

Ao contrário das serenatas como a da fotografia, a da última noite foi feita sem microfones SÉRGIO AZENHA/ARQUIVO



  • UNESCO: Universidade de Coimbra integra «clube muito restrito» 

  • Homenagem a Coimbra num dia especial para a humanidade

  •  Vídeo

    Universidade de Coimbra é património mundial da Humanidade

     

  • Visita guiada a Coimbra Património Mundial

  •  Vídeo

    Coimbra celebra a eleição da UNESCO

  •  

    UNESCO: Coimbra quer mais que a distinção mundial

Mais mil pessoas concentraram-se na noite de sábado no Largo da Sé Velha, em Coimbra, para assistirem a uma serenata para festejar a inscrição da Universidade e Rua da Sofia na lista de Património Mundial.

A serenata, que teve início à meia-noite, na escadaria da catedral (também ela, como a praça que lhe deve o nome, integrada na área classificada pela UNESCO) foi “organizada de forma espontânea”, essencialmente através das redes sociais, por músicos e cantores de Coimbra, ao meio da tarde, disse, à agência Lusa, um dos promotores da iniciativa.

Aos músicos e cantores de Coimbra promotores da iniciativa pareceu-lhes que “era necessário celebrar” a decisão da UNESCO(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) de classificar a Universidade Alta e Rua da Sofia como Património da Humanidade, e que “uma de melhores maneiras” de o fazer seria com uma serenata, explicou José Manuel Vilhena, um dos participantes no espectáculo.

“Tanta gente que se reuniu aqui sem convocatória, para comemorar” a decisão da UNESCO, sublinhou, no final da serenata, o reitor da Universidade de Coimbra (UC), João Gabriel Silva. Afirmando-se “muito sensibilizado” pela espontaneidade com que as pessoas aderiram a esta festa e o modo, igualmente espontâneo, como ela surgiu, o reitor salientou que o reconhecimento da Universidade como Património da Humanidade “não pode ser encarado como um fim, mas um princípio”.

Vários anos depois, “voltou a fazer-se uma serenata na Sé Velha sem microfones”, comentavam, no final do espectáculo, alguns dos intérpretes, elogiando as condições acústicas do largo e sublinhando que faltaram “os microfones porque não houve tempo nem condições” para instalar ali equipamento sonoro.

A festa oficial para assinalar a classificação da Universidade Alta e Rua da Sofia como Património Mundial será na tarde de domingo, às 16h00, na Baixa da cidade, na Praça do Comércio, vulgarmente conhecida por Praça Velha, recordou, no final da serenata, o reitor João Gabriel Silva.

A UC foi classificada no sábado pela UNESCO Património Mundial da Humanidade, tornando-se no 16.º local com esta classificação em Portugal. O Comité do Património Mundial, reunido no Camboja, deliberou que o bem “Universidade Coimbra, Alta e Sofia”, proposto por Portugal, possuía inquestionável valor universal excepcional e que merecia ser classificado como Património de toda a Humanidade, referiu o Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), em comunicado.

A candidatura a Património Mundial foi preparada pela UC, em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra e outras entidades locais. A Universidade de Coimbra junta-se, assim, à lista de 15 locais já classificados pela UNESCO em Portugal, que inclui os centros históricos de Angra do Heroísmo, Évora, Porto e Guimarães.

Portugal tem como património mundial o Mosteiro da Batalha, Mosteiro de Alcobaça, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, bem como o Convento de Cristo, em Tomar. Na lista está ainda a Paisagem Natural de Sintra, os sítios pré-históricos de Arte Rupestre do Vale do Rio Côa e de Siega Verde, a Floresta Laurissilva da Madeira, o Alto Douro Vinhateiro, a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico e a maior fortificação abaluartada do mundo, em Elvas, como património mundial da UNESCO

 

Universidade de Coimbra, Alta e Sofia são Património da Humanidade

 

Soube-se hoje o que já se vinha anunciando há dias e construindo há séculos! A Universidade de Coimbra é património da humanidade…

Fazendo parte deste nosso património, desde a fundação da nação!

Universidade de Coimbra

Universidade de Coimbra e Alta de Coimbra

A Universidade de Coimbra, a Alta e a Sofia foram nomeados património mundial, na reunião da UNESCO que está a decorrer (22 de junho) em Phnom Penh, no Camboja.

Depois de algum tempo de espera, é oficial!

O projecto da candidatura começou a ganhar forma em 1999 a partir da tese de doutoramento que António Pimentel, actual director do Museu Nacional de Arte Antiga e o primeiro director científico da candidatura, realizou sobre o Paço das Escolas.

Com o tempo, a candidatura alargou também o seu âmbito: do Paço das Escolas passou a incluir toda a Alta universitária e Rua da Sofia, num conjunto de mais de 30 edifícios, e ao património material juntou o imaterial, como a produção cultural e científica, as tradições académicas, o papel desempenhado ao serviço da língua portuguesa.

 

 

Coimbra à Noite

O Tratado de Tordesilhas na "Memória do Mundo"

 

 

 

 

 

Na passada quarta-feira (dia 20 de Junho) foram apresentados ao Mundo mais alguns documentos que passaram a integrar o fundo da UNESCO para a "Memória do Mundo".

Eis parte de uma notícia da Agência Lusa, referindo-se ao Tratado de Tordesilhas, integrado naquele acervo:

 

"Na terça-feira, os peritos da UNESCO, reunidos em Paris, escolheram 38 das 50 candidaturas apresentadas pelos Estados para a inscrição na Memória do Mundo daquela agência da ONU, visando distinguir e atribuir um reconhecimento internacional do património documental mundial.

O Tratado de Tordesilhas - candidatura conjunta de Portugal e Espanha por se tratar de um acordo bilateral - foi assinado a 7 de Junho de 1494 entre o Rei D. Fernando II de Aragão e a Rainha Isabel II de Castela e o Rei D. João II de Portugal, estabelecendo novos limites para os territórios da duas coroas.

Por ter determinado a alteração da respectiva linha de demarcação da divisão do mundo para as duas potências, passando, de pólo a pólo, a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde, este documento tornou-se essencial para a compreensão da história da América e das relações entre a Europa e aquele continente, tornando-se uma referência para a história atlântica e universal.

De acordo com Silvestre Lacerda, foram assinadas na altura duas cópias, a que se encontra em Portugal, e que está disponível no site daquele organismo, e outra que se encontra no Arquivo Geral das Índias, em Sevilha, e também fica inserida no Registo da Memória do Mundo da UNESCO."

 

O Tratado de Tordesilhas foi assinado do seguimento de um outro Tratado, sempre esquecido e deixado para segundo plano, o Tratado de Alcáçovas.

Este Tratado foi assinado a 4 de Setembro de 1479, na nossa Vila de Alcáçovas, por representantes das Coroas Portuguesa e Espanhola. Foi a primeira divisão estratégica do Mundo entre as duas potências ibéricas, garantindo a Portugal o senhorio da Guiné, Açores e Madeira e proporcionou a Portugal a conquista do Reino de Fez, no Norte de África.

Não seria também um documento para a "Memória do Mundo"?

Mas antes de ficar na memória do Mundo teria que ficar na memória de todos os alcaçovenses e, para perpétuar essa memória teria que ser restaurado o cenário ainda existente de tão solene acto, o Paço Real da Vila de Alcáçovas.

 

Seria altura, depois de tantos impulsos dados por altas individualidades, de se partir na epopeia de conseguir a restauração do imóvel e a consagração do Tratado na "Memória do Mundo", epopeia que, bem visto, se pode comparar áquela que nos levou à Índia, às Américas, à Ásia e à recôndida África...

 

Indias Orientales y Indias Ocidentales



Las compañías comerciales:
Las Compañías por acciones constituyeron la expresión más típica del capitalismo comercial del s.XVII, y fueron ligadas a la expansión colonial de las potencias atlánticas. Eran sociedades con cartas constitucionales especiales otorgadas por sus gobiernos. Desempeñaron un importante papel en la expansión colonial de los países europeos. Se les concedieron importantes privilegios, a veces monopolísticos y tuvieron funciones colonizadoras y administrativas. En el siglo XVII tuvieron especial importancia en Norteamérica y Lejano Oriente. También proliferaron en el último cuarto del siglo XIX, especialmente en Africa. La más poderosa fue la Compañía de las Indias Orientales holandesa, pero la primera de este tipo surgió en Inglaterra. En España el estado detentó el monopolio del tráfico colonial hasta el siglo XVIII. Con la creación de la Real Compañía Guipuzcoana de Caracas (1728) se inicia un nuevo sistema de comercio. Más tarde le seguirían la Compañía de La Habana (1740) y la Real Compañía de Filipinas (1785) ente otras.

Compañías inglesas:
La fundación de la Compañía de las Indias Orientales fue una de las postreras grandes realizaciones de la reina Isabel I Tudor, en 1600. Consistía en una asociación, no de mercancías, como las "join stock" del siglo anterior, sino de capitales, a base de acciones, que se negociaban por venta y en la Bolsa. En esta sociedad poderosísima el capital estaba despersonalizado, es decir, desvinculado de su propietario, que ya no era un comerciante aventurero, sino un simple accionista. La compañía recibía del estado el monopolio comercial de las Indias Orientales, por la ruta de El Cabo. Los ingleses no lograron establecerse en Insulindia, emporio holandés, pero colocaron los cimientos de a conquista de la India: Surate, Madrás, Bombay (ésta como dote de boda), etc. A mediados del s.XVII el tráfico de la Compañía de las Indias Orientales se llevaba a cabo mediante unos 25 barcos anuales. 
Colonias del Norte de América: La actividad de las compañías de América alcanzó gran trascendencia. Más que el traslado de mercancías, su objetivo era fundar colonias de poblamiento. Eran compañías libres, a las que la corona inglesa concedía en monopolio la colonización de determinadas regiones y, lo más importante, la facultad de organizarlas según los propios estatutos de cada una. 
Colonias del Sur: Las colonias del Sur nacieron de la iniciativa de la Corona, que concedió su poblamiento a algunos nobles. Imperó en ellas la tolerancia religiosa (las del norte eran calvinistas) y la tierra se repartió en latifundios. Tuvieron un carácter marcadamente aristocrático. Lord Baltimore emprendió, en 1632, la colonización de Maryland, y los lores Albemarle, Ashley y Clarendon, la de Carolina en 1663.

Compañías holandesas:
La Compañía de las Indias Orientales holandesa, creada en 1602, fue modelo de sociedad capitalista, y evolucionó más rápidamente que la inglesa en lo que se refiere a la especulación. Viajes a India y a Insulindia se habían realizado con anterioridad, e incluso se constituyeron sociedades para tal fin; la novedad de aquélla reside en unificarlas a todas, y en su carácter permanente. Esta fabulosa compañía se fundó por iniciativa de los Estados Generales. Tengamos presente que Holanda era el único país en que los burgueses gobernaban. De hecho, los magistrados de las Provincias Unidas y los directores y consejeros de la Compañía eran las mismas personas. El Estado le dio a la Compañía el monopolio absoluto de las Indias Orientales, subordinó todos sus intereses a los de ella, y a su vez contribuyó con ciertos impuestos y puso a la disposición del Estado la potencia de su flota. La Compañía estableció su centro de operaciones en Batavia, en la isla de Java, que se convirtió en el corazón de una zona intensamente activa y codiciada por los demás. En Batavia se organizó una nutrida burocracia, se afincó un ejército de 10.000 a 12.000 hombres y tuvo una dotación de 40 a 60 barcos. Desde Insulindia y las Molucas los neerlandeses fundaron factorías en Siam, Annam, China y Japón. En 1623 arrojaron a los ingleses de su zona de influencia. En 1621 los holandeses crearon una Compañía de las Indias Occidentales, de régimen más liberal que la primera, pues los accionistas, a través de sus inspectores controlaban la actuación de los directores. Sin embargo, esta participación activa de los numerosos accionistas promovió diferencias y partidos, y la Compañía acabó disolviéndose en el año 1674. Entretanto, los holandeses se establecieron en Curaçao y Pernambuco (Recife) y otros puntos del Brasil, sembrando la inquietud en las comunidades hispánicas con sus piraterías. En América del Norte fundaron una pequeña factoría en 1626, Nueva Amsterdam, que al pasar a manos inglesas en 1664 fue denominada Nueva York. La Compañía del Norte se especializó en la pesca de la ballena, actividad en la que consiguieron, una vez más, la supremacía. La flota más importante era la holandesa, que sumaba cerca de 200.000 toneladas, siguiéndole la inglesa. Al adentrarse el sXVII esta relación se inclinó a favor de Gran Bretaña. Las rutas por mar del s.XVII apenas experimentan cambios, y se hallan determinadas por las mercancías. La importante ruta de las especias que iba de Insulindia (por El Cabo y contorneando Africa) hasta Lisboa y Amberes, al ser acaparada por los holandeses tuvo ahora por objetivo a Amsterdam, cuyos burgueses señoreaban en el Indico. La pimienta perdió su primacía como producto comercial y pasó a ocupar un lugar secundario, tras la seda y las porcelanas chinas.

Compañías francesas:
Las primeras compañías comerciales francesas se remontan al ministerio de Richelieu (1642). Fueron las deCanadá (Nueva Francia) y las de las islas de América. La primera trató de robustecer la penetración francesa en las orillas del río San Lorenzo (Canadá), donde, en 1608, Champlain había fundado Quebec. La colonización de este territorio, evangelizado por los jesuitas, progresaba muy poco a pesar del atractivo de sus pieles finas. Su promoción se debió sobre todo a Colbert (1649-1683), quien lo convirtió en el almacén de trigo de Francia. La Compañía de las islas de América (1635), Antillas, llevó a cabo una actividad con frecuencia extralegal, pues los colonos que se apoderaron de Martinica, Guadalupe, Granadina, Santo Domingo, etc., además de cultivar azúcar e importar negros, practicaban la piratería y el contrabando, siguiendo las huellas de los holandeses. En 1651, la Compañía fue liquidada y las tierras vendidas a los colonos. Pero las islas permanecieron, y aún permanecen algunas, bajo la soberanía de Francia. A Colbert se debe también la creación de la Compañía del Norte (para el Báltico), la de Levante (para el Mediterráneo oriental), la del Senegal y las de las Indias Occidentales y Orientales. Esta última abrió la perspectiva de las futuras colonias de Madagascar y la India.

Rutas en el s.XVII:
En el Indico las naves holandesas recalaban en innumerables factorías, con creciente competencia inglesa. También fueron los holandeses quienes desde 1620 en adelante se establecieron en las Antillas, y protegiendo abiertamente a los filibusteros y piratas, arrebataron a los españoles la supremacía en el Caribe. Los ingleses tuvieron una ruta particular en la colonias atlánticas de América del Norte, y los franceses las suyas de la región de Quebec y Mississippi.

Metales:
La ruta de los "metales", plata y oro, que iba de Veracruz y Lima hasta Cádiz o Sevilla, perdió la magnífica vitalidad que poseyera en el siglo anterior, debido al agotamiento de las minas y al anquilosamiento de la economía española. La plata desembarcada en Andalucía ya no era trasladada a Bilbao y luego a Amberes, sino que, tras la decadencia de esta ciudad, se prefirió la ruta Sevilla-Barcelona-Génova ("el puente de oro"), para desde aquí distribuirse entre los acreedores europeos. Avanzado el s.XVII, se abandonó también dicha ruta porque apenas entraba plata. 
Esclavos:
La ruta de los esclavos, en cambio, creció con la trata de negros, realizada legalmente o de contrabando por franceses, portugueses, holandeses e ingleses. Iba del golfo de Guinea hasta las Antillas y Brasil.

Puertos:
Los puertos más importantes del s.XVII fueron Amsterdam (la metrópoli de la economía colonial y de las finanzas) en Holanda; Londres, que seguía sus huellas; Copenhague, en Dinamarca; Ruan, Nantes y Burdeos, en Francia; Cádiz, y ya no tanto Sevilla, en España. En este país, Alicante, por donde antes se exportaban las lanas castellanas, había contraído su movimiento; y Barcelona, que en la Edad Media había creado un imperio en el Mediterráneo, ahora no se atrevía a avanzar más allá de Sicilia. Incluso las especias y los tejidos que procedían de Oriente los compraba en Marsella, Génova o Livorno. El Mediterráneo se había convertido en un mar local, alejado de las grandes rutas oceánicas, arrastrando a la decadencia a las florecientes repúblicas italianas (como Venecia) y a Barcelona. Sólo Marsella, beneficiada por sus pactos comerciales con Turquía, continuaba vigorosa. También los puertos hanseáticos (del norte de Alemania) perdieron su antigua hegemonía.


Compañías con actividad en Africa (s.XIX):
En el siglo XIX se emplearon compañías privilegiadas para el desarrollo del poder europeo en Africa. Destacaron la Compañía de Sierra Leona (1791), dedicada a la colonización de esclavos liberados, la Compañía Real de Níger (1886), la Compañía Imperial del Africa Oriental británica (1888) y la Compañía Británica de Africa del Sur (1889). Leopoldo II de Bélgica empleó el método de compañías en los primeros años de colonización del Congo. La compañía Británica del Norte de Borneo, fundada en 1881, sobrevivió hasta 1946 como importante medio de influencia en dicha zona. La mayor parte de las compañías de este último período tuvieron un poder más limitado que las primitivas y su ejercicio de las funciones administrativas fue relativamente pequeño.

 

 

Faleceu Mário Nunes

 220409 APRESENTACAO DO LIVRO SIMBOLOS DO PODER MUNICIPAL POR PAU

 

Mário Nunes, homem desde sempre ligado aos movimentos associativos,culturais e cívicosantigo vereador da Cultura da Câmara Municipal deCoimbra – nos mandatos de Carlos Encarnação – faleceu na manhã de sábado, na sua casa, em Coimbra.

De acordo com o que o DIÁRIO AS BEIRAS apurou, o seu funeral deverá realizar-se amanhã, domingo, para a vila do Espinhal, Penela, de onde Mário Nunes era natural.

Recorde-se que Mário Nunes presidiu durante anos ao Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC) e esteve sempre ligado, encontrando-se nos últimos tempos à frente da direção de A Providência Portuguesa – Casa da Mutualidade de Coimbra.

Mário nunes era colaborador do DIÁRIO AS BEIRAS e escrevia semanalmente, na secção de Opinião, às sextas-feiras.

publicado por luiscatina às 16:09

Maio 01 2013

BOLETÍM CULTURAL

CATINA MUNDI

 

 

LA FINALIDAD DE ESTE BOLETÍN, BIEN DEFINIDA EN SU PROPIO TITULO , OBEDECE MÁS A UN SENTIMIENTO DE PATRIOTISMO CULTURAL QUE DE INTERÉS MATERIAL.

 

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  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

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  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

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Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

 

Pêro da Covilhã

 

Pêro da Covilhã, também escrito Pedro de Covilhã, ou Covilhão (nascido em 1460 c., Covilhã, Portugal, morreu depois de 1526), no início Português explorador da África, que estabeleceu as relações entre Portugal ea Etiópia.

 

Como um menino, Pêro serviu o duque de Medina-Sidonia em Sevilla (Sevilha), durante seis ou sete anos, voltando a Portugal com o irmão do duque falecido em 1474 ou no início de 1475, quando passou para o serviço de D. Afonso V, em primeiro lugar como júnior escudeiro e depois como escudeiro, servindo com cavalo e armas. Ele acompanhou o rei quando ele reivindicou o trono castelhano e foi proclamada em Plasencia, e ele estava presente na batalha de Toro. Ele também acompanhou o rei em uma viagem infrutífera para a França para procurar ajuda de Louis XI. Com a morte de Afonso, Pêro servido seu filho João II como um escudeiro da guarda real e foi contratado como um mensageiro confidencial para a Espanha. Ele foi enviado em duas missões ao norte da África, um, sob o disfarce de um comerciante, para procurar a amizade do governador de Tlemcen, e outro para Fez para comprar cavalos de Dom Manuel, mais tarde rei (como Manuel I).

João II esperava lucrar com o comércio de especiarias da Índia e de fazer contato com o governante cristão da Abissínia (Etiópia), identificado com o Preste João semimythical. Abissínios já tinha visitado Roma e mesmo da Península Ibérica. John tinha enviado Diogo Cão (Diogo Cam) ao longo da costa oeste da África, e ele tinha descoberto o Congo e navegou mais além, mas a sua crença de que ele tinha chegado ou estava prestes a chegar a capa revelaram-se infundados. John, então, ordenou Bartolomeu Dias para prosseguir explorações de Cao. Ele também decidiu enviar os viajantes por terra para informar sobre a localização e comércio da Índia e Abissínia. Este movimento pode ter resultado de denúncias recebidas em 1486 no Benin (um reino na costa oeste da África), referindo-se a um grande governante longe para o leste. Pêro foi escolhido para a missão para a Índia, e Afonso de Paiva, um escudeiro que falava árabe, foi buscar Preste João e descobrir uma rota da Guiné para a Abissínia. Os homens deixaram Portugal maio 1487 com cartas de crédito de banqueiros italianos, chegaram a Barcelona e partiu para Nápoles e Rodes, onde assumiu o disfarce de comerciantes de mel e partiu para Alexandria. Tornaram-se doente, e seus produtos foram apreendidos, mas eles compraram outros bens e foi para o Cairo, juntando um grupo de norte-africanos viajam para Aden. Há separados eles, Pêro indo para a Índia, chegando a Cananor, Calicut e Goa. Ele então retornou para Ormuz, na Pérsia, em algum momento entre outubro de 1489 e março 1490. Enquanto isso, Afonso de Paiva tinha chegado Abissínia. Os dois tinham propostas para atender a Cairo. Pêro chegou o fim de 1490 ou início de 1491 e recebeu a notícia da morte de seu companheiro. Enquanto isso, João II tinha enviado dois mensageiros ao Cairo para instruir Pêro voltar quando a missão foi concluída. Pêro escreveu uma carta a John sobre suas experiências e continuaram a Abissínia. Um dos mensageiros acompanhou a Ormuz, onde eles se separaram. Pêro fez o seu caminho até o Mar Vermelho. Disfarçado como um muçulmano, ele visitou Meca e Medina. Ele também viu o Monte Sinai, atingindo Zeila em 1492 ou 1493, onde ele passou por caravana para a Abissínia, onde ele estava destinado a passar o resto de sua vida.

Pêro foi recebido pelo governador da Abissínia, o Imperador Eskender, e foi bem tratada e fez governador de um distrito. Ele não foi, no entanto, autorizado a deixar o país. Alguns anos depois, o regente da Abissínia, a rainha Helena, enviou um armênio chamado Mateus de Portugal. Ele chegou a Afonso de Albuquerque em Goa em 1512 e estava em Portugal, em 1514. Foi então que decidiu enviar uma embaixada Português para a Abissínia. O primeiro embaixador morreu, e seu sucessor, Dom Rodrigo de Lima, e seu partido saiu da Índia no campo do imperador 1517 e, finalmente, alcançado em Dezembro de 1520. Eles descobriram Pêro velho, mas robusto, e ele serviu como guia e intérprete. Quando eles voltaram em 1524, Pêro e sua esposa e família acompanhou-os para uma parte do caminho, e ele enviou o seu 23-year-old filho de Dom Rodrigo de ser educado em Portugal.

 

 


Breve biografía de Fray Bernardino de Sahagún 


Nace entre 1498 y 1500, Bernardino de Ribera en el pueblo leonés de Sahagún.

Fray Bernardino de Sahagún ingresa a la universidad de Salamanca el año de 1512 en donde aprendió y se actualizó en filosofía, teología, gramática, retórica y lenguas clásicas.

Ingresa a la orden de San Francisco en 1520 y en 1526 hace sus votos religiosos. Influenciado por el cardenal Jiménez de Cisneros concuerda con él en practicar dos principios fundamentales de la orden: pobreza y piedad.

Fray Bernardino de Sahagún llega en 1529 ala Nueva España con la misión de evangelizar a los habitantes originarios. El franciscano es enviado al Convento de Tlalmanalco, lugar en que aprenderá la lengua indígena.

En 1535 participó en la fundación del convento de Xochimilco y un año después en el Imperial Colegio de Santa Cruz de Tlatelolco para indios jóvenes hijos de caciques. En él enseñó a los indígenas latín por cuatro años y se preocupó por traducir al náhuatl los manuales para misioneros Sermones de Dominicas y de Santo, el cual corrigió 30 años después.

En 1545, el misionero se traslada al recién fundado convento de Santiago de Tlatelolco para atender a los enfermos de matlazáhuatl, enfermedad que le es contagiada.

 

De 1558 a 1565, el fraile franciscano comienza varias obras de contenido religioso, de las cuales algunas las escribirá en lengua náhuatl, entre ellas podemos mencionar:PostillaCantares o Psalmodia cristian; Colloquios y doctrina christiana con que los doze frayles de San Francisco enbiados por el Papa Adriano Sesto y por el Emperador Carlos quinto convirtieron a los indios de la Nueva EspañaEvangelios y Epístolas.Asimismo, comenzará el proyecto de los doce librosque hoy se conocen como Historia General de las cosas de la Nueva España.

Cinco años más tarde, se celebró una reunión para revisar la obra y acciones de los monjes franciscanos. Deciden distribuir los doce libros inconclusos de Bernardino de Sahagún en los conventos de la Provincia del Santo Evangelio.

Tiempo después, Sahagúnescribe un Sumario o resumen de lo tratado en los doce libros y los envía a España con los frailes Miguel Navarro y Gerónimo de Mendieta para conseguir apoyo financiero y continuar el proyecto.

En 1573 se le comisionó para que renovara al antiguo colegio de Tlatelolco, el cual se hallaba semiabandonado y al borde de la ruina. Por esos días regresó a Nueva España fray Miguel Navarro con el cargo de Comisario General de los franciscanos, es decir, su nombramiento le confirió la autoridad para que ordenara que se concentraran de nuevo los doce libros y se le devolvieran a fray Bernardino, quien se propuso terminarlos en un año.

Al fin se le dio un nombre a la obra: Historia general de las cosas de la Nueva España, pero estaba escrita en náhuatl.

El sucesor de Navarro, Rodrigo de Sequera, le pidió a fray Bernardino que tradujera su Historia al castellano y que lo acomodara en dos columnas en cada página para que pudieran compararse ambas versiones.

La obra quedó terminada en 1577 pero al año siguiente, los franciscanos que se oponían al trabajo de fray Bernardino logran influir en Felipe III, quien ordena la decomisión de la obra y pide el traslado de los doce libros a España.

Entre 1585-1589 ocupó el cargo de primer definidor de la Provincia del Santo Evangelio. El 5 de febrero de 1590 murió en la ciudad de México sin haber visto publicada su Historia, pues no fue sino hasta 1829 que Carlos María de Bustamante sacó la primera edición en español.

Juan Rodriguez Cabrillo

            Cabrillo, Juan Rodriguez (? -3 Janeiro 1543) marinheiro mercenário, construtor naval, e aventureiro nasceu de pais desconhecidos em um local desconhecido, embora a idéia de que ele foi Português foi por muito tempo promulgado pelos estudiosos. O mais provável é que ele nasceu dentro de poucos anos do-of-the-century vez (1499-1500), como ele primeiro é registrado no México (1519), como um homem crescido, mas ainda não se casou.

            Identidade nacional de Cabrillo entrou em questão na década de 1960, as publicações começaram a aparecer, sugerindo sua herança era espanhol, ao invés de Português, a verdade aguarda a descoberta de um registro original de nascimento de Cabrillo. Apesar de não haver registro de sua passagem para a América foi encontrado, Cabrillo, presumivelmente, partiu para Cuba, na época sob o controle da brutal Diego Velasquez. Há Cabrillo deve ter sido exposto ao sistema de encomiendos, grandes propriedades trabalhadas por escravos índios locais ou pessoas indianos levados cativos em terras mais distantes e transportados para Cuba para o trabalho.

            Governador Velasquez tinha um desejo insaciável de maior riqueza e posse de terra. Ele convenceu Hernán Cortez para navegar para o continente mexicano, na esperança de alargar o sistema encomiendo, mas depois, de duvidosa lealdade Cortez ', Velasquez rescindido a comissão. Cortez partiu de qualquer maneira. Velasquez ficou indignado e enviou uma força para prender Cortez. A força, inclusive Cabrillo, logo capitulou a Cortez e se juntou a ele para fazer a guerra contra o império asteca. É aqui no México aquele disco verificável de Cabrillo aparece pela primeira vez.

            Cabrillo foi próximo documentado em 1521, ainda no serviço de Cortez, auxiliando na construção de uma frota de um e dois mastros de navios, quadrado-equipados destinados a navegar lago Texcoco. Cabrillo, dirigindo um contingente de homens, foi enviado para as montanhas acusados de colheita alcatrão de pinheiro para impermeabilizar os cascos dos navios.

            Recompensado por seu serviço por direitos de propriedade, escravos e uma mina de ouro próspero, Cabrillo em direção ao sul e transferiu sua lealdade para com Pedro de Alvarado, cobrado como Capitão Geral da Guatemala e comissionados para explorar os mares do sul. Cabrillo fez sua fortuna no serviço como navio construtor, magistrado e mestre porto de Alvarado. Durante este tempo Cabrillo pai de três filhos com sua esposa não identificado indiano e se estabeleceram em Honduras como um cidadão com o seu próprio interesse em um encomiendo em Cobán. Ele foi capaz de construir seu próprio navio neste momento. Kelsey (Kelsey 1991:31) citado Bartolomé de las Casas (1552) e Francisco de Torres (1564), que deu testemunho sob juramento de tratamento de Cabrillo do povo indiano hondurenhas. De las Casas de Cabrillo disse: "Ele se separou casas, levando as mulheres e meninas e dar-lhes para os soldados e marinheiros, a fim de mantê-los satisfeitos e trazê-los para a sua frota." Torres falou do trabalho manual, "Juan Rodriguez Cabrillo foi servido por muito aqueles índios. Ele tinha o controle deles, e eles serviram de carregando suprimentos para suas minas e transporte passo para um navio que Juan Rodriguez estava construindo. A testemunha viu isto muitas vezes. "Outro índio, Juan Ximénez, foi relatado por Kelsey (Kelsey 1991:31) como escravizado em minas de Cabrillo. Ele disse: "Ele estava no quadrilha que Juan Rodriguez teve nas minas tirando ouro. Ele viu os índios da Cobán servindo Juan Rodriguez como se pertencessem a ele. Trouxeram-lhe feijão, milho, pimenta e sal;. Panelas de barro e panelas e pequenas taças para pulque como fontes para os índios a trabalhar em suas minas "Além Cabrillo manteve uma troca lucrativa com o Peru.

            Cabrillo embarcou para a Espanha em 1532. Lá ele cortejou e se casou com Beatriz, que voltou com ele para sua fazenda e produziu um segundo conjunto de crianças. Quando veio o convite de Alvarado, agora em parceria com o vice-rei da Nova Espanha, para explorar a costa oeste da América do Norte e encontrar a tão sonhada Atlântico a passagem do Pacífico, Cabrillo estava pronto. Ele era o segundo em comando, sob Alvarado, e quando Alvarado foi morto em 1541, o vice-rei deu Cabrillo primeiro comando da expedição.

            Foi durante o último ano de sua vida, que Cabrillo iria ganhar um lugar na história do mundo, por ser o primeiro documentado europeu a navegar na costa ocidental da América do Norte. Seus navios navegavam no que é hoje Ensenada, Baja California, México no dia 17 de setembro e em Porto de San Diego em 28 de setembro, o dia da festa de San Miguel, em 1542. Até o 10 de outubro os navios chegaram ilhas eles nomeados Santa Catalina e San Clemente. Na Ilha de S. Miguel, no que hoje é chamado de Canal de Santa Bárbara, Cabrillo quebrou o braço em uma queda. Quão longe Cabrillo norte viajou depois que ele quebrou o braço é contestada por estudiosos, alguns pensam que ele levou sua equipe para o norte até Fort Ross, outros pensam que eles foram tão longe como o russo ou o Rogue River. No entanto, o norte iam, eles se voltaram para o sul novamente, aparentemente ausente San Francisco Bay e parando para passar os meses de inverno em São Miguel Island. Em todos eles atribuídos cerca de quarenta nomes de lugares, muitos para ser mais tarde renomeado por Viscaino, incluindo o porto de San Miguel, rebatizada, San Diego, o nome que carrega até hoje.

            O jogo de volta da viagem significou um desastre para a pequena flotilha, o clima manteve tripulações dos navios de ir a terra para reabastecer de alimentos, combustível e abastecimento de água. Forçado sempre para o sul, os homens estavam com fome e doentes, quando eles foram finalmente capazes de reprisar seu desembarque na Ilha de S. Miguel. Úmero de Cabrillo se recusou a curar e seu estado de saúde piorou e ele morreu na Ilha de S. Miguel. Robert Heizer uma vez que documentou uma pedra na Ilha de S. Miguel, que ele acreditava ser a lápide de Cabrillo, e assim, o mais antigo "relíquia histórica", na Califórnia (Lowie, 1972). Embora a idéia de que Cabrillo foi enterrado na Espanha foi favorecido por muitos anos, a maioria dos estudiosos aceita que ele foi enterrado em Alta Califórnia.

          Nenhuma cópia do log original da viagem de Cabrillo permanece. A conta só esquerdo foi compilado por um homem chamado Juan León e copiado em 1543 por Andrés de Urdaneta, embora o trabalho era tradicionalmente acreditado para o misterioso Juan Páez. Duas biografias completas foram escritos, o primeiro, de Henry Wagner Juan Rodriguez Cabrillo, descobridor da Costa da Califórnia, foi publicado em 1941 pela Sociedade Histórica de San Francisco, eo segundo, de Harry Kelsey Juan Rodriguez Cabrillo, foi publicado em 1986 pelo Huntington Library, San Marino, CA.

            A Sociedade Histórica Cabrillo em San Diego publicou vários volumes de documentos em vários aspectos da vida de Cabrillo ea história da influência européia na América do Norte e Sul, que incidem sobre as atividades de Cabrillo. Os volumes são A Era Cabrillo e sua viagem de descobrimento, editado por Carl Reupsch (1982) e Mundial de Cabrillo: uma edição comemorativa do Festival Cabrillo históricos Papers seminário (1991). O trabalho de Robert Heizer, mais velho relíquia histórica da Califórnia? foi publicado pela Robert H. Lowie Museu de Antropologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, em 1972.

            Outros estudiosos, além de Harry Kelsey (no mundo de Cabrillo) se preocuparam com a questão da identidade nacional Cabrillo. A principal delas são W. Michael Mathes "O Descobridor da Alta Califórnia: João Rodrigues Cabrihlo ou Juan Rodriguez Cabrillo," Journal of San Diego History 19 (Verão de 1973) :1-8 e Nacionalidade da F. Castelo Branco Cabrillo, Academia de Marinha, Lisboa (1987).

 

 

DESCUBRIMIENTOS PORTUGUEZES

 

 

Tratado de Tordesilhas garante a Portugal plenos direitos sobre a terra descoberta por Cabral 

erra de Santa Cruz é nossa. Tudo graças ao saudoso rei dom João II, conhecido como "Príncipe Perfeito", que governou o país de 1481 até sua morte, há seis anos, em 1495, em circunstâncias misteriosas. Com uma visão geopolítica à frente de seu tempo e grande habilidade diplomática, foi ele quem bateu o pé, nas conversações com a Espanha, para estender, a nosso favor, a linha divisória que definiu as áreas de influência de portugueses e castelhanos no vasto mundo ainda em grande parte por descobrir – exatamente a 370 léguas a ocidente do Arquipélago de Cabo Verde. O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, reza que as terras situadas a oeste da linha pertencem aos espanhóis e as que estão a leste são de Portugal. A terra descoberta pela expedição comandada por Pedro Álvares Cabral está nesse último caso. Não fosse a persistência de dom João II, o acordo teria sido assinado nos termos propostos pelos reis Isabel e Fernando – com o meridiano a apenas 100 léguas dos Açores ou de Cabo Verde – e neste momento teríamos de nosso apenas o mar. Negociado diretamente entre Portugal e Espanha, o Tratado de Tordesilhas é o responsável pela paz entre os dois países, que estava ameaçada desde que se tornou necessário dividir o mundo como uma laranja.

Durante toda a década de 80, a grande questão foi em que sentido deveria ser passada a faca. Se no horizontal, como queriam os portugueses, ou no vertical, reivindicação dos espanhóis. O Tratado de Alcáçovas-Toledo, assinado em 1479-80, refletia, de certa forma, o desejo de Portugal. Pelo acordo inicial, pertenceriam à Espanha todas as terras encontradas ao norte das Ilhas Canárias (veja os mapas acima). Foi o primeiro tratado do gênero que regulamentava a posse de terras ainda não descobertas. A Portugal interessava basicamente garantir direitos sobre a parte sul do Mar Oceano, na presunção, que se revelou acertada, de que por ali se conseguiria a passagem para as Índias.

 A abertura dessa rota de comércio tem sido a prioridade de Portugal desde os tempos do infante dom Henrique. Nos anos 80 estudavam-se duas possibilidades de chegar às Índias. Uma, pelo sul, contornando a África. A outra, navegando em direção ao poente, contornando o mundo. Ao chegar ao Cabo da Boa Esperança, em 1488, o heróico Bartolomeu Dias convenceu dom João II de que a alternativa mais rápida era a primeira. No dia em que o navegador, em audiência com o rei, lhe explicou as vantagens dessa rota, desenhando o caminho numa carta náutica, estava no palácio outro grande marinheiro, o defensor mais ardoroso da teoria contrária: o genovês Cristóvão Colombo. A partir do momento em que dom João II se definiu pelo projeto de Bartolomeu Dias, Colombo abandonou Portugal. Foi para a Espanha, que financiou seu projeto (veja reportagem). Em 1492, navegando na direção proposta por ele, descobriu as ilhas Fernandina, Isabela, Juana e Hispaniola. Contra todas as evidências, acreditava ter chegado ao rico Oriente, e disso convenceu os monarcas espanhóis, que passaram a empenhar seus consideráveis esforços em garantir todas as terras da banda ocidental do Mar Oceano.

O descobrimento de Colombo provocou uma reviravolta na divisão do mundo que havia sido feita até então. Por um motivo simples: pelo Tratado de Alcáçovas, em vigor até aquele momento, as ilhas estavam em território português, já que se situavam ao sul das Canárias. Consciente disso, dom João II reivindicou a posse das terras. Os reis da Espanha partiram para o contra-ataque usando a arma que tinham: sua influência no Vaticano. O papa Alexandre VI, espanhol de nascimento, deve favores ao rei Fernando de Aragão. A pedido dele e de sua intrépida mulher, a rainha Isabel de Castela, a grande patrocinadora de Colombo, o papa emitiu dois documentos, as chamadas bulas Inter-Coetera I e II. Elas dividiam as áreas de influência, com um claro favorecimento a seus conterrâneos (a partilha provocou o sarcástico comentário do rei Luís XII, da França: "Em que artigo de seu testamento Adão repartiu a Terra entre portugueses e espanhóis?" A segunda bula alexandrina estabelecia uma linha vertical a 100 léguas das Canárias como nova demarcação divisória do mundo.

Dom João II, mais uma vez, não se dobrou. Continuou sua estratégia de expressar o descontentamento de Portugal. Preparou-se ostensivamente para uma possível guerra e se aproximou da França, em disputa com a Espanha. De tanto pressionar, a Espanha aceitou negociações diretas, retomadas em 1494, quando dom João II fez sua reivindicação: concordava com a substituição da linha horizontal pela vertical, desde que esta se situasse a 370 léguas do Arquipélago de Cabo Verde. A justificativa: devido à impossibilidade de contornar a África em direção das Índias fazendo navegação costeira, era necessário um espaço de manobra para as naus. A Espanha acabou assinando o tratado graças a algumas compensações dadas por Portugal e ao relatório de Cristóvão Colombo, que voltava de sua segunda viagem asseverando que dificilmente haveria novas terras no espaço entre 100 e 370 léguas. Assim, o tratado foi assinado na cidade espanhola de Tordesilhas, em 7 de junho. É possível que ainda haja terras por descobrir do lado espanhol da divisão, mas por enquanto Tordesilhas joga a favor de Portugal.

 

O Tratado de Tordesilhas

 

O Tratado de Tordesilhas definiu as áreas de domínio dos territórios ultramarinos, entre Portugal e Espanha.

O Tratado, assinado em 1494, definia uma linha de demarcação localizada a 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde, de pólo a pólo. Caberia a Espanha, as terras do lado ocidental, e a Portugal as do lado oriental.

Contexto Histórico

Pela bula papal Romanus Pontifex, de 1455, Portugal já teria direito a todas as terras ultramarinas conquistadas e a conquistar.

As disputas pelo trono de Castela e as aspirações espanholas por conquistas ultramarinas levaram Portugal e Espanha a assinar o Tratado de Alcáçovas, em 1479, buscando a paz na Península. A Espanha assegurava o direito às Ilhas Canárias. Portugal assegurava o direito às ilhas da Madeira e dosAçores, e aos territórios conquistados ou a conquistar, ao sul das Canárias, desistindo de Castela.

Interessante notar que, antes de Tordesilhas, o Tratado de Alcáçovas já dividia o mundo em duas partes entre portugueses e espanhóis, só que através de um paralelo, embora isso não estivesse claro no acordo. Assim, a conquista de terras ao norte das Canárias seriam, pelo acordo, de direito dos espanhóis, abrindo caminho para o descobrimento da América, patrocinado por eles.

Em 1492, Colombo teria desembarcado em terras portuguesas, segundo o Tratado de Alcáçovas. Toda a região do Caribe fica ao sul das Canárias. Portugal protestou. A Espanha alegou que a expressão "as ilhas de Canária para baixo contra Guiné", do Tratado de Alcáçovas, limitava-se à região da costa africana. Era necessário um novo tratado.

Desde meados do século 15 e início do século 16, os portugueses eram a maior potência marítima do Planeta. Os Tratados de Alcáçovas e de Tordesilhas sugerem essa supremacia, pois os espanhóis ficaram com a parte das terras desconhecidas, enquanto os portugueses dominavam a África, a Ásia e possivelmente já suspeitavam da existência do Brasil.

Diferentemente da maioria das grandes potências do passado, Portugal buscava assegurar seus territórios através de acordos e com a benção do Papa. Era tudo cuidadosamente documentado e guardado na Torre do Tombo.

A expansão espanhola pelo Atlântico, no final do século 15, teve muito da influência do papa Alexandre VI (também espanhol), que tendia em favor de Castela. Mario Puzo (1920-1999), autor da trilogia O Poderoso Chefão, acreditava que esse papa, da família Bórgia, tenha sido o fundador da Máfia italiana. Os portugueses conheciam o papa corrupto e exigiram dos espanhóis que Tordesilhas fosse celebrado sem sua participação. O acordo foi ratificado pela Igreja, apenas em 1506, pelo papa Júlio II.

 

Acima, parte do mapa de Luís Teixeira (cerca de 1574), indicando o meridiano de Tordesilhas (Linha da Demarcaçam). Observa-se que as distorções do mapa, principalmente na área sul, favorecem muito Portugal. A Linha de Tordesilhas passa convenientemente pelo Rio da Prata, indicando que o exagero foi provavelmente intencional. Desde a expedição de Martim Afonso de Sousa, em 1532, que os portugueses tentavam colonizar as terras da margem esquerda do Rio da Prata.

Embaixo, o meridiano de Tordesilhas em seu traçado mais conhecido, passando por Belém do Pará e Laguna - SC.

 

Meridiano Tordesilhas

 

Os Erros de Tordesilhas

Tordesilhas foi a primeira tentativa de delimitação de território em que a forma esférica da Terra fez grande diferença. O pioneirismo envolveu erros grosseiros e desafios conceituais para a época. O sistema de construção das cartas de marearusadas pelos portugueses e espanhóis, até o século 16, tinham base nas cartas náuticas do Mediterrâneo, em que não existia qualquer projeção cartográfica.

Não foi definido a partir de que ponto do arquipélago de Cabo Verde seria considerada as 370 léguas.

Para se ter uma idéia dos erros grosseiros que existiam, oPlanisfério de Cantino, de 1502, o primeiro mapa do Brasil conhecido, indica a Linha de Tordesilhas passando possivelmente pelas Guianas.

A delimitação das terras portuguesas, principalmente abaixo do trópico de capricórnio, não era consenso entre portugueses e espanhóis. A determinação das longitudes era um grande problema da época e explica, em parte, as distorções nos mapas de então.

Os portugueses sustentavam que suas terras chegavam até o Rio da Prata, o que incluía os territórios atuais do Uruguay e de Buenos Aires. Os cosmógrafos espanhóis insistiam que suas terras iam até Cananéia. Existiam diferenças entre as técnicas náuticas adotadas entre portugueses e espanhóis, além disso, acredita-se que existiram erros propositais, com fins políticos, em certos mapas divulgados na época.

As polêmicas sobre linha da demarcação de Tordesilhas, entre portugueses e espanhóis, durou até 1750, com o Tratado de Madrid. Mas os problemas com a divisão das terras continuou por longo tempo.

publicado por luiscatina às 12:51

Abril 13 2013

BOLETÍM CULTURAL

CATINA MUNDI

 

 

LA FINALIDAD DE ESTE BOLETÍN, BIEN DEFINIDA EN SU PROPIO TITULO , OBEDECE MÁS A UN SENTIMIENTO DE PATRIOTISMO CULTURAL QUE DE INTERÉS MATERIAL.

 

  Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica

  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

   Casa de Mexico,  casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.

  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

…Para las niñas y  niños de Portugal, México, Costa Rica,  Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…

                         

PUBLICAÇÃO  MENSAL, em  PORTUGUÊS e CASTELHANO,  QUE TEM  COMO  OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES  PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES  E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.  (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)

Presentación

Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

 

 

Indagación filosófica sobre el origen de nuestras ideas acerca de lo sublime y de lo bello

La Indagación filosófica sobre el origen de nuestras ideas acerca de lo sublime y de lo bello (en inglésA Philosophical Enquiry into the Origin of Our Ideas of the Sublime and Beautiful) es un tratado sobre la estética escrito en 1757 por Edmund Burke. El trabajo llamó la atención de importantes pensadores, como Denis Diderot e Immanuel Kant.

Resumiendo, lo Bello, según Burke, es aquello bien formado y placentero estéticamente, mientras que lo Sublime es aquello que tiene el poder de hacernos evocar y destruirnos. La preferencia de lo Sublime por sobre lo Bello fue la que marcó la transición entre el Neoclásico y la era Romántica.

Los orígenes de nuestras ideas respecto de lo bello y lo sublime, para Burke, pueden ser entendidos gracias a sus estructuras causales. De acuerdo a la física y metafísica aristotélica, la causalidad puede ser dividida en causa formal, material, eficiente y final. La causa formal de la belleza es la pasión del amor; la causa material se relaciona con aspectos de algunos objetos como la pequeñez, la suavidad, la delicadeza, etc; la causa eficiente es el calmante de nuestros nerviosismo; la causa final es la providencia divina. Lo que es más original y peculiar en la visión de Burke respecto a la belleza es que no puede ser entendida bajo los viejos cánones como proporción o perfección. Lo sublime a su vez tiene una estructura causal que no responde a la de la belleza. Su causa formal es entonces la pasión del miedo (especialmente el miedo mortuorio); la causa material es igualmente ciertos aspectos de algunos objetos como la vastedad, lo infinito, la magnificencia, etc; su causa eficiente es la tensión de nuestros nervios; la causa final es Dios habiendo creado y luchado con Satán, como se expresa en el gran cantar de Milton, el Paraíso Perdido. La de Burke fue la primera exposición filosófica completa en separar la belleza y lo sublime y llevarlas a un campo racional particular, independiente del otro.

Kant critica a Burke por no entender las causas de los efectos mentales que ocurren en la experiencia de lo Bello o lo Sublime. Según Kant, Burke simplemente reunió información de modo tal que un futuro pensador pudiera explicarlas.

“Hacer observaciones psicológicas, como hizo Burke en su tratado sobre lo Bello y lo Sublime, de forma tal que se reúna material para la conexión sistemática de reglas empíricas en el futuro -sin tener en la mira comprenderlas-, es probablemente el único deber verdadero de la psicología empírica, que difícilmente pueda aspirar a ranquear como ciencia filosófica.” Kant, Primera Introducción a la Crítica del Juicio.

 

ArribaAbajoLo bello y lo sublime

Immanuel Kant



     Con el título de «Observaciones sobre el sentimiento de lo bello y lo sublime» publicó Kant en Komgsbey (1764) este ensayo de vario y atrayente contenido. Numerosas ediciones sueltas se han hecho de este encantador tratadito, sin contar las varias ediciones de las obras completas del autor.

     Más que de estética, en el sentido estricto de la palabra, tratan las «Observaciones sobre el sentimiento de lo bello y lo sublime»de asuntos varios, moral, psicología, descripción de los caracteres individuales y nacionales; en suma, de toda suerte de temas interesantes que pueden ocurrirse alrededor del asunto principal. Está escrito en estilo fácil y cómodo -extraña excepción en la obra de Kant-, lleno de ingenio, alegría, penetración, con una sencillez encantadora. Se comprende fácilmente que un crítico haya podido comparar a Kant -refiriéndose a esta obra- con «La Bruyère», el autor de los «Caracteres».

     En este ensayo es donde Kant ataca por primera vez el problema estético, y aunque sus ideas fundamentales acerca del arte y la belleza se hallan sistemáticamente expuestas en su obra posterior, la «Crítica del Juicio», tienen, sin embargo, las«Observaciones sobre el sentimiento de lo bello y lo sublime» cierto interés para el conocimiento de los orígenes de la estética kantiana. Pero sobre todo constituyen, como hemos dicho, una serie de delicadas ocurrencias, de certeras observaciones, de agudas críticas, sin el aparato solemne de la exposición didáctica.



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Capítulo primero

Sobre los diferentes objetos del sentimiento de lo sublime y de lo bello.

     Las diferentes sensaciones de contento o disgusto descansan, no tanto sobre la condición de las cosas externas que las suscitan, como sobre la sensibilidad peculiar a cada hombre para ser grata e ingratamente impresionado por ellas. De ahí proviene que algunos sientan placer con lo que a otros produce asco; de ahí la enamorada pasión, que es a menudo para los demás un enigma, y la viva repugnancia sentida por éste hacia lo que para aquél deja por completo indiferente. El campo de las observaciones de estas particularidades de la naturaleza humana es muy amplio, y oculta aún buena copia de descubrimientos tan interesantes como instructivos. Por ahora dirigiré mi mirada sobre algunos puntos que parecen particularmente destacarse en este terreno, y más con el ojo de un observador que de un filósofo.

     Como todo hombre sólo se siente feliz en tanto que satisface sus inclinaciones, la sensibilidad que le capacita para disfrutar grandes placeres sin exigir aptitudes excepcionales, no es tampoco cosa baladí. Las personas de fisiología exuberante, para quienes el más ingenioso autor es el cocinero, y las obras de más exquisito gusto se encuentran en la bodega, se entregarán a oír comunes y equívocos chascarrillos con alegría tan viva como aquella de que tan orgullosas se sienten personas de sensibilidad elevada. Un buen señor, que gusta de leer libros porque con ello concilia mejor el sueño; el comerciante, para quien todo placer es mezquino si se exceptúa el que disfruta un hombre avisado cuando calcula sus ganancias; aquel otro, que sólo ama al sexo femenino porque lo incluye entre las cosas disfrutables; el aficionado a la caza, ya sea de moscas, como Domiciano, o de fieras, como A., todos ellos tienen una sensibilidad que les permite gustar placeres a su modo, sin necesidad de envidiar otros y sin que puedan formarse idea de otros. Pero dejemos ahora esto fuera de nuestra atención. Existe, además, un sentimiento de naturaleza más fina, llamado así, bien porque tolera ser disfrutado más largamente, sin saciedad ni agotamiento, bien porque supone en el alma una sensibilidad que la hace apta para los movimientos virtuosos, o porque pone de manifiesto aptitudes y ventajas intelectuales, mientras los otros son compatibles con una completa indigencia mental. Este es el sentimiento que me propongo considerar en algunos de sus aspectos. Excluyo, sin embargo, aquella inclinación que va unida a las sublimes intuiciones del entendimiento y aquel atractivo que sabía percibir la impresión de que era capaz un Kepler cuando, como Bayle refiere, no hubiera cambiado uno de sus descubrimientos por un principado. Es esta afección excesivamente fina para entrar dentro del presente ensayo, destinado sólo a tratar la emoción sensible de que las almas más comunes son también capaces.

     Este delicado sentimiento que ahora vamos a considerar es principalmente de dos clases: el sentimiento de lo sublime y el de lobello. La emoción es en ambos agradable, pero de muy diferente modo. La vista de una montaña cuyas nevadas cimas se alzan sobre las nubes, la descripción de una tempestad furiosa o la pintura del infierno por Milton, producen agrado, pero unido a terror; en cambie, la contemplación de campiñas floridas, valles con arroyos serpenteantes, cubiertos de rebaños pastando; la descripción del Elíseo o la pintura del cinturón del Venus en Homero, proporcionan también una sensación agradable, pero alegre y sonriente. Para que aquella impresión ocurra en nosotros con fuerza apropiada, debemos tener un sentimiento de lo sublime; para disfrutar bien la segunda, es preciso el sentimiento de lo bello. Altas encinas y sombrías soledades en el bosque sagrado, son sublimes; platabandas de flores, setos bajos y árboles recortados en figuras, son bellos.

     La noche es sublime, el día es bello. En la calma de la noche estival, cuando la luz temblorosa de las estrellas atraviesa las sombras pardas y la luna solitaria se halla en el horizonte, las naturalezas que posean un sentimiento de lo sublime serán poco a poco arrastradas a sensaciones de amistad, de desprecio del mundo y de eternidad. El brillante día infunde una activa diligencia y un sentimiento de alegría. Lo sublime, conmueve; lo bello, encanta. La expresión del hombre, dominado por el sentimiento de lo sublime, es seria; a veces fija y asombrada. Lo sublime presenta a su vez diferentes caracteres. A veces le acompaña cierto terror o también melancolía, en algunos casos meramente un asombro tranquilo, y en otros un sentimiento de belleza extendida sobre una disposición general sublime. A lo primero denomino lo sublime terrorífico, a lo segundo lo noble, y a lo último lo magnífico. Una soledad profunda es sublime, pero de naturaleza terrorífica.(1)

De ahí que los grandes, vastos desiertos, como el inmenso Chamo en la Tartaria, hayan sido siempre el escenario en que la imaginación ha visto terribles sombras, duendes y fantasmas.

     Lo sublime ha de ser siempre grande; lo bello puede ser también pequeño. Lo sublime ha de ser sencillo; lo bello puede estar engalanado. Una gran altura es tan sublime como una profundidad; pero a ésta acompaña una sensación de estremecimiento, y a aquélla una de asombro; la primera sensación es sublime, terrorífica, y la segunda, noble. La vista de las pirámides egipcias impresiona, según Hamlquist refiere, mucho más de lo que por cualquier descripción podemos representarnos; pero su arquitectura es sencilla y noble. La iglesia de San Pedro en Roma es magnífica. En su traza, grande y sencilla, ocupa tanto espacio la belleza -oro, mosaico-, que a través de ella se recibe la impresión de lo sublime, y el conjunto resulta magnífico. Un arsenal debe ser sencillo; una residencia regia, magnifica, y un palacio de recreo, bello.

     Un largo espacio de tiempo, es sublime. Si corresponde al pasado, resulta noble; si se le considera en un porvenir incalculable, contiene algo de terrorífico. Un edificio de la más remota antigüedad, es venerable. La descripción hecha por Halles de la eternidad futura, infunde un suave terror; la de la eternidad pasada, un asombro inmóvil.

São Francisco de Sales

 

Baluarte da Contra-Reforma e Doutor da Igreja. Uma das maiores figuras da Contra-Reforma católica na França, tido pelos seus contemporâneos — incluído o grande São Vicente de Paulo — como a mais perfeita imagem do Salvador então existente na Terra.

No início de novembro de 1622, São Francisco de Sales,  Bispo-Príncipe de Genebra, acompanhava o Duque da Sabóia na comitiva que ia de Chambéry a Avignon encontrar-se com o Rei Cristianíssimo, que era então o soberano francês Luís XIII. O Prelado aproveitou a ocasião para visitar os mosteiros da Visitação existentes no percurso, como cofundador que era dessa Congregação. Assim, chegou no dia 11 ao de Belley.

Entre as freiras que, pressurosas, correram-lhe ao encontro, encontrava-se uma que ele muito estimava por sua inocência, virtude e simplicidade, e a quem por isso dera o nome de Clara Simpliciana. Esta, iluminada por luzes sobrenaturais, chorava desoladamente: “Oh, excelentíssimo Senhor!” disse-lhe sem subterfúgios, “vós morrereis neste ano! Eu vos suplico que peçais a Nosso Senhor e à Sua Santíssima Mãe que isso não ocorra”.

– “Como, minha filha?!”, respondeu surpreso o Prelado. “Não, não o farei. Não vos alegrais pelo fato de eu ir  descansar? Veja: estou tão cansado, com tanto peso, que já  não posso comigo. Que falta vos farei? Tendes a Constituição e deixar-vos-ei Madre Chantal, que vos bastará . Ademais, não devemos pôr nossas esperanças nos homens, que são mortais, mas só em Deus, que vive eternamente”.

Tais palavras como que resumem a vida e a obra de São Francisco de Sales, cuja festa comemoramos no dia 24 de janeiro. Embora ele contasse então com apenas 55 anos de idade e aparentemente não estivesse doente, entregou sua grande alma a Deus três dias antes que o ano terminasse, conforme predissera Irmã Simpliciana… (1)

A grande provação

Francisco de Sales, primogênito entre os 13 filhos dos Barões de Boisy, nasceu no castelo de Sales, na Sabóia, em 21 de agostode 1567. Por devoção dos pais ao Poverello de Assis, recebeu seu nome e, chegado ao uso da razão, o menino escolheu-o por patrono e guia.

A virtuosa baronesa dedicou-se ela mesma, com a ajuda de bons preceptores, à educação de sua numerosa prole. Para seu primeiro filho escolheu, por sua piedade e ciência, o Pe. Déage, o qual, até sua morte, foi para Francisco um pai espiritual e guia. Acompanhava-o sempre, mesmo a Paris, onde o jovem barão radicou-se durante seus estudos universitários no Colégio de Clermont, dos jesuítas.

Com um precoce senso de responsabilidade e intuito de fazer sempre tudo que fosse da maior glória de Deus, Francisco estudou retórica, filosofia e teologia com um empenho que lhe permitiu ser depois o grande teólogo, pregador, polemista e diretor de consciências que caracterizaram seu trabalho apostólico.

Francisco, como primogênito, era herdeiro do nome de família e continuador de sua tradição. Por isso, recebeu também lições de esgrima, dança e equitação. Convencia-se porém, cada vez mais, que Deus o chamava inteiramente a Seu serviço. Fez voto de castidade perfeita e colocou-se sob a proteção da Virgem das virgens.

Aos 18 anos, o jovem enfrentou a mais terrível provação de sua vida:  uma tão violenta tentação de desespero, que lhe causava a impressão de ter perdido a graça divina e estar destinado a odiar eternamente a Deus com os réprobos. Tal obsessão diabólica perseguia-o noite e dia, abalando-lhe até a saúde.

Ora, para alguém que, como ele, desde o início do uso da razão não procurava senão amar ardentemente a Deus, tal provação era o que havia de mais terrível.

Seria necessário um ato heróico para dela livrá-lo e ele o praticou: não se revoltava contra Deus, mesmo se Ele lhe fechasse as portas do Céu, e pedia, nesse caso, para amá-Lo ao menos nesta Terra.

“Senhor!” — exclamou certo dia na igreja de Saint Etienne des Grés, no auge de sua angústia –, “fazei com que eu jamais blasfeme contra Vós, mesmo que não esteja predestinado a ver-Vos no Céu. E se eu não hei de amar-Vos no outro mundo, concedei-me pelo menos que, nesta vida, eu Vos ame com todas as minhas forças!”.

Rezando depois humildemente o “Lembrai-Vos”, aos pés de Nossa Senhora, invadiu-lhe a alma uma tão completa paz e confiança, que a provação esvaiu-se como fumaça (2).

Calcando o mundo aos pés

Aos 24 anos, Francisco, com os estudos brilhantemente concluídos e já  doutor em leis, voltou para junto da família. O pai escolhera para ele a jovem herdeira de uma das mais nobres famílias do lugar. Apesar de sua pouca idade, ofereceram ao jovem doutor o cargo de membro do Senado saboiano. Humanamente falando, não se podia desejar mais.

Para espanto do pai, seu primogênito recusou tanto um quanto outro oferecimento. Só à mãe, que sabia de sua entrega a Deus, e a um tio, cônego da catedral de Genebra, explicou Francisco o motivo desse ato tido por insensato.

Faleceu nesse tempo o deão da catedral de Chambéry. O cônego Luís de Sales imediatamente obteve do Papa que nomeasse seu sobrinho para o posto vacante. Com muita dificuldade o Barão de Boisy consentiu enfim que aquele, no qual depositava suas maiores esperanças de triunfo neste mundo, se dedicasse inteiramente ao serviço de Deus. Não podia ele prever que Francisco estava destinado à maior glória que um mortal pode atingir, que é a de ser elevado à honra dos altares; e, por acréscimo, como Doutor da Igreja!…

Zelo anticalvinista

Os cinco primeiros anos após sua ordenação, o Pe. Francisco consagrou-os à evangelização do Chablais, cidade situada na margem sul do lago de Genebra, convertendo, com o risco da própria vida, empedernidos calvinistas. Para isso, divulgava folhetos nos quais refutava suas heresias, contrapondo-lhes as lídimas verdades católicas. O missionário precisou fugir muitas vezes e esconder-se de enfurecidos hereges, e em algumas ocasiões só se salvou por verdadeiro milagre (3).

Assim, reconduziu ao seio da verdadeira Igreja milhares de almas seduzidas pela heresia de Calvino. Ao mesmo tempo dava assistência religiosa aos soldados do castelo de Allinges, os quais, apesar de católicos de nome, eram ignorantes em religião e dissolutos. Seu renome começava já a repercutir como grande confessor e diretor de consciências.

Em 1599, o deão de Chambéry foi nomeado Bispo-coadjutor de Genebra; e, três anos depois, com o falecimento do titular, assumiu a direção dessa diocese.

Apóstolo entre os nobres

Esse fato ampliou muito o âmbito de ação de D. Francisco de Sales. Fundou escolas, ensinou catecismo às crianças e adultos, dirigiu e conduziu à santidade grandes almas da nobreza, que desempenharam papel preponderante na reforma religiosa empreendida na época, como Madame Acarie (depois uma das primeiras religiosas carmelitas na França, morta em odor de santidade), Santa Joana de Chantal, com quem fundou a Visitação.  Inúmeras donzelas da mais alta nobreza abandonaram o mundo, entrando nos mosteiros dessa nova congregação, na qual brilharam pelo esplendor de sua virtude.

Todos queriam ouvir o santo Bispo. Convidado a pregar em toda parte, era sempre rodeado de grande veneração, tornando-se necessário escolta militar para  protegê-lo das manifestações do entusiasmo popular.

A família real da Sabóia não resistia à atração do Bispo-Príncipe de Genebra, convidando-o constantemente para  pregar também na Corte. E não era a mais alta nobreza menos ávida que o povinho de ouvir aquele que já consideravam santo em vida.

Em 1608, ordenou e publicou as notas e conselhos que dera a uma sua prima por afinidade, a Sra. de Chamoisy, num livro que se tornaria imortal: Introdução à vida devota. Essa obra foi ocasião de várias conversões e carreou muitas vocações para os conventos da Visitação.

São Francisco de Sales desenvolveu seu lema no extraordinário livro que escreveu para suas filhas da Visitação, a pedido de Santa Joana de Chantal, o célebre Tratado do Amor de Deus: “a medida de amar a Deus é amá-lo sem medida”.

Glorificado na Terra e no Céu

Os contemporâneos do Bispo-Príncipe de Genebra não tinham dúvidas a respeito de sua santidade. Santa Joana de Chantal, sua dirigida e cooperadora que o conheceu tão intimamente, escreveu: “Oh! meu Deus! Atrever-me-ei a dizê-lo? Sim, di-lo-ei: parece-me que nosso bem-aventurado pai era uma imagem viva do Filho de Deus, porque verdadeiramente a ordem e a economia desta santa alma era toda sobrenatural e divina. Muitas pessoas me disseram que, quando viam este bem-aventurado, parecia-lhes ver a Nosso Senhor na terra” (4).  E São Vicente de Paulo, sempre que saia de algum encontro mantido com São Francisco de Sales, exclamava: “Ah! quão bom deve ser Deus quando o excelentíssimo Bispo de Genebra é tão bondoso! (5)

Em seu leito de morte, o resplendor de seu rosto, que já  era visível em seus últimos anos de vida, aumentava por vezes muito mais, arrebatando de admiração os que o contemplavam.

Assim que faleceu, verdadeira multidão invadiu o convento das Visitandinas, em Lyon, na França,  para oscular-lhe os pés, tocar-lhe tecidos em seu corpo, encostar-lhe rosários. Ao abrirem seu corpo, os médicos constataram que o fígado do Santo se petrificara com o esforço que fizera sempre para dominar seu temperamento sangüíneo, e conservar constantemente aquela suavidade e doçura, aparentemente tão naturais nele, que conquistavam os corações mais empedernidos.

O culto ao santo começou no próprio momento de sua morte. E foi sempre recompensado, algumas vezes com estupendos milagres.

Durante a peste em Lyon, as irmãs visitandinas não bastavam para distribuir ao povo pedaços de tecido tocados no corpo do santo. Em Orleans, a Madre de la Roche mergulhava uma relíquia do venerado Prelado em água, a qual era distribuida à multidão enquanto durou a peste: um tonel por dia em média. Em Crest e em Cremieux, os representantes da cidade foram à igreja da Visitação fazer, em nome da cidade, voto solene de ir em peregrinação ao sepulcro do Bispo, caso cessasse a peste. E todos foram ouvidos.

Foi Santa Joana de Chantal quem iniciou as gestões para o processo de canonização de seu pai espiritual. Recolheu seus escritos privados, cartas, mesmo rascunhos não terminados, e trabalhou com afinco nesse sentido. Escreveu a autoridades civis e eclesiásticas e mesmo a Roma, pedindo que urgissem o início do processo de beatificação.

Mas a alegria de vê-lo elevado à honra dos altares ela só a teria no Céu, pois a celeridade dos processos humanos ficavam muito aquém dos desejos de seu ardente coração.

São Francisco de Sales faleceu em 28 de dezembro de 1622, tendo sido canonizado em 19 de abril de 1665.

Papa Pio IX declarou-o Doutor da Igreja em 7 de julho de 1877. E Pio XI, na encíclica Rerum omnium,  de 1923, atribuiu-lhe o glorioso título de Patrono dos jornalistas e escritores católicos.

 

O celtismo e as suas repercussões na música na Galiza e no Norte de Portugal

Projecto de investigação “O celtismo e as suas repercussões na música na Galiza e no Norte de Portugal” do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md)

 

No âmbito dos processos transfronteiriços, o celtismo – um movimento transnacional influente em várias partes da Europa - desempenhou um importante papel na construção de identidades na Galiza e no norte de Portugal.

Na etnomusicologia, o celtismo tem sido o foco de investigação desde os anos 90, no entanto, em Portugal não tem sido alvo de estudos. Em Espanha, a Galiza tem sido o principal enfoque de investigação esporádica. Apesar do património musical comum, a investigação em torno do intenso intercâmbio transfronteiriço entre Portugal e Espanha, envolvendo manifestações do celtismo sobretudo na música, ainda está incipiente.

 

 

Com os Alunos

 

 

 

VERGÍLIO FERREIRA 
Conversando com os alunos no Liceu Camões (Lisboa, 1981)


    Vergílio Ferreiranasceu em Melo, Serra da Estrela, a 28 de Janeiro de 1916. Descendente de pequenos camponeses, entrou para o seminário do Fundão com 10 anos de idade, como única forma de prosseguir os seus estudos. O ambiente austero da instituição religiosa e a solidão que marcaram estes primeiros tempos de juventude levaram-no a mudar de rumo em 1932.

Em Junho de 1933 completou o curso geral dos liceus e, depois de ter feito o curso complementar no liceu da Guarda, em 1935, concluiria na Faculdade de Letras de Coimbra,  em 1940, a licenciatura em Filologia Clássica. Faleceu no dia 1 de Março de 1996.

Inicia a sua obra literária influenciado pela corrente neo-realista, escrevendo alguns romances de intervenção social. Abandonará este posicionamento estético – ideológico, de influência marxista, em meados dos anos 50, data de um dos seus romances mais famosos, a “Manhã Submersa”, o qual virá a dar lugar a um filme de Lauro António, em que Vergílio Ferreira desempenha o papel de Reitor.

Após uma vida dedicada à arte da escrita, deixou-nos uma vasta obra romanesca, ensaística e memorialística de que se destaca Aparição.

O reconhecimento do valor da sua criação literária, caracterizada por um profundo humanismo, para além de uma consagração do público e da crítica especializada, também se traduziu na atribuição de prémios literários portugueses, como o prémio Camilo Castelo Branco e o prémio Pen Clube.

Convidado para assistente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, não chegou a desempenhar funções, entrando nesse mesmo ano para o estágio pedagógico no Liceu D. João III, nessa cidade. Leccionou, sucessivamente, nos liceus de Faro, Bragança e Évora, até finais dos anos 50. No início da década de 60, exerceu funções docentes no Liceu Camões em Lisboa, onde se reformou em finais da década de setenta.

 

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O Existencialismo segundo Vergílio Ferreira


      "O existencialismo ergue o seu protesto, afirmando que o Homem é pessoalmente, individualmente, um valor; que a sua liberdade (em todas as suas dimensões e não apenas em algumas) é uma riqueza, uma necessidade estrutural de que não deve perder-se entre a trituração do dia-a-dia; e finalmente que, fixando o homem nos seus estritos limites, só por distracção ou imbecilidade ou por crime se não vê ou não deixa ver que ao mesmo homem impende a tarefa ingente e grandiosa de se restabelecer em harmonia no mundo, para que em harmonia a sua vida lucidamente se realize desde o nascer ao morrer. 
      Possivelmente gostaríeis ou teríeis curiosidade de me ouvir falar de mim, já que vou sendo insensivelmente investido na qualidade de uma espécie de delegado nacional ou regional do Existencialismo. Mas eu jamais me disse "existencialista", embora muito deva à temática existencial e pelo Existencialismo tenha manifestado publicamente o maior interesse. É que aceitarmos um rótulo automaticamente obriga a aceitar-lhe todas as consequências, entre as quais a de nos responsabilizarmos por tudo quanto sob este rótulo se disser ou fizer. 
      Por mim, preferia definir o Existencialismo como a corrente de pensamento que, regressada ao existente humano, a ele privilegia e dele parte para todo o ulterior questionar. Ou então - e paralelamente ou implicitamente a essa definição - preferiria dizer, continuando Sartre, aliás, que o Existencialismo é uma corrente do pensamento que reabsorve no próprio "eu" de cada um toda e qualquer problemática e a revê através do seu raciocinar pessoal ou preferentemente da sua profunda vivência. Aí se implica portanto que nenhum questionar se estabelece em abstracto, de fora para dentro, mas antes se retoma a partir da nossa dimensão original, ou seja, verdadeiramente, de dentro para fora."

 Vergílio Ferreira, Espaço Invisível II

 

 

APARIÇÃO
 

 Chaves de leitura

1.     Trata-se,   conforme   afirmação   do  próprio  escritor, de  umromance-ensaio:
 

   “Romance filosófico é uma expressão equívoca. Não se pode fazer romance como forma de filosofia. O que acontece é que, a meu ver, há dois tipos de romance: o romance-espectáculo que quer dar uma imagem do real que nos circunda e o romance-problema, chamado o romance-ensaio, cujo saldo é uma reflexão. Este romance tem como objectivo fundamental pôr um problema. (...)A obra filosófica ensina, enquanto aquilo a que chamo o romance-problema interroga. Temos também de distinguir o romance-problema do romance-tese que é uma coisa horrível. O romance não pretende demonstrar nada. Além do mais, o romance joga com valores vivenciais e estéticos e a filosofia, genericamente, não. Na filosofia teoriza-se, no romance vive-se.”

Um Escritor Apresenta-se (p. 112)

 

  •   Assim prevenido, o leitor deverá ter em conta dois níveis: o doseventos narrados e o das reflexões, provocadas por aqueles. São dois níveis estreitamente ligados e direccionados no mesmo sentido.
     

2.    Situando-se o romance Aparição dentro da corrente filosófica doexistencialismo, há que dominar algumas noções neste campo.

 O existencialismo é um humanismo enquanto liberta o homem dos tabus, sobretudo religiosos, e propõe a construção do homem a partir de si próprio. É o que Vergílio Ferreira afirma na obra anteriormente citada (pp. 223/224):

 

"Por humanismo integral entende o narrador do meu livro (como eu) a reconquista de uma harmonia do homem com a vida, depois de conhecidos, iluminados, os limites da nossa condição. Se não podem esquecer-se, evidentemente, as fundamentais aspirações a uma justiça económica e social, há ainda a encarar o problema das relações do homem consigo mesmo adentro de um mundo definitivamente humano, terreno. Para isso não dá o narrador do livro sugestão alguma, porque "a verdade aparece" Mas saber o que se deseja é já de algum modo conquistá-lo. O que pretendi exprimir em Aparição foi a necessidade, para uma realização total do homem, de ele se redescobrir a si próprio, não nos limites de uma estreita “individualização" mas no da sua "condição humana" Há quereconhecer o que somos e reabsorver (hoje, amanhã, um dia) em plenitude, o que se transpôs outrora a uma dimensão divina em que já não acreditamos."

 

3. Trata-se de um romance de personagem. Neste sentido, há uma personagem que ocupa a centralidade da obra, à volta da qual tudo e todos gravitam. Não se vai encontrar uma intriga tal como se estudou em Garrett,Camilo e Eça. Pode-se descobrir uma intriga muito mais sofisticada e profunda que consiste no combate que a personagem-narrador tem de travar para vencer determinados condicionalismos, limitações e contradições até ao desnudamento de si próprio, nos limites do possível. O narrador não se apresenta como individualidade pura, mas como o modelo do ser humano, conforme Vergílio Ferreira afirma in op. Cit. (pág. 149):

 

"Quero referir-me a um aspecto deste livro, precisamente porque tem sido um aspecto do desagrado de muita gente. É o facto de me ocupar do Eu.

O Eu de que me ocupo é mais profundo do que o Eu que fala de si. É um Eu que diz respeito a todos os homens. A problemática da morte, a existência de Deus, a ausência de valores, tudo isto parte justamente da reflexão sobre essa problemática do Eu."

 

 

4.    Trata-se de uma obra com algumas afinidades com o que se convencionou chamar de "novo romance", nascido em França, a partir da década de 50. Foi uma tentativa de subverter os cânones do romance tradicional: desvaloriza-se a intriga dotada de lógica interna, desagrega-se a personagem, que se torna problemática e evidencia crise de confiança na pessoa humana, dissolve-se a sequência temporal da cronologia e esvazia-se o espaço do sentido meramente referencial.

Vergílio Ferreira confessa, na obra citada (pág. 166), que alguma influência recebeu dessa corrente:

 

"Em França, surgiu uma nova corrente há uns dez anos, a que se deu o nome de “novo romance”, e é natural que eu e mais ou menos todos os escritores (um Aragon, por exemplo, em França, e que já não é nada novo) acabássemos por sentir a sua influência."

 

 

5.  Finalmente, é necessário estar atento ao processo narrativo. EmAparição há um eu-narrador distante dos acontecimentos que narra e umnarrador-personagem, auto e homodiegético. O eu-narrador distante move-se num tempo posterior aos acontecimentos narrados: "Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro. "(Prólogo e Epílogo) e num espaço bem determinado: um casarão herdado, na aldeia. O narrador-personagemmovimenta-se no tempo da diegese: os acontecimentos passados cerca de vinte anos antes, de Setembro a Junho, numa época em que leccionou no Liceu de Évora, acontecimentos que ocupam os 25 capítulos da obra. Terá sido aquela sala vazia e silenciosa, evocadora dos acontecimentos da sua infância e juventude, que desencadeou o processo da narração, favorecido pela noite de luar quente de Verão. Curiosamente, o processo da escrita irá prolongar-se por cerca de nove meses, traçando um percurso paralelo às peripécias da diegese.

 

publicado por luiscatina às 18:23

Março 16 2013

BOLETÍM CULTURAL

CATINA MUNDI

 

 

LA FINALIDAD DE ESTE BOLETÍN, BIEN DEFINIDA EN SU PROPIO TITULO , OBEDECE MÁS A UN SENTIMIENTO DE PATRIOTISMO CULTURAL QUE DE INTERÉS MATERIAL.

 

  Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica

  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

   Casa de Mexico,  casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.

  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

…Para las niñas y  niños de Portugal, México, Costa Rica,  Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…

                         

PUBLICAÇÃO  MENSAL, em  PORTUGUÊS e CASTELHANO,  QUE TEM  COMO  OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES  PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES  E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.  (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)

Presentación

Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

 

História de Santo Ignácio de Loyola

 

Nasceu no Castelo da família de Loyola, na província Basca de Guipuzcoa, na Espanha, em 1491, na cidade de Azpeitia no dia 1° de junho. Quando rapaz, era um nobre que sabiacavalgar, manejar a lança, declamar,  e era muito mulherengo,tendo como marca de sua personalidade o atrevimento.

Casa Torre de Loyola. Na cidade de Azpeitia, Espanha.

Andava sempre armado, usava uma couraça, como militar que era. Era extremamente vaidoso, gostava de vestir-se impecavelmente, usava os cabelos longos, como era o costume da época.

Brasão da Família Loyola

Lutando em uma batalha, lgnácio foi atingido por uma bala de canhão em uma de suas pernas, que quase a despedaçou. Encontrava-se muito mal e, no dia de São João, pediu para se confessar. A partir deste dia, sua saúde foi sendo restabelecida.

Durante sua convalescença ele leu vários livros sobre guerras, mas quando estes acabaram, começou a ler a Bíblia e, a partir daí, sua vida mudaria: seria agora um soldado "Servo de Deus". Sua espada era o amor e o seu escudo era Jesus.

Abandonou as roupas de soldado e as trocou por roupas de mendigo. E saiu pelo mundo pregando o amor e dando o exemplo do que pregava. Fundou a Companhia de Jesus, que são os Jesuítas, mais conhecidos atualmente. Aos 65 anos, no dia 31 de julho de 1556,  uma sexta-feira, a alma de lgnácio volta para Deus.

Dom Ignácio de Loyola

 

 

 

BREVE HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS

 

  No dia 15 de Agosto de 1534, Inácio de Loiola, estudante da Universidade de Paris, juntamente com seis companheiros vindos de Espanha, Portugal e França (Francisco Xavier, Nicolau de Bobadilla, Diogo Laínez, Afonso Salmerón, Simão Rodrigues e Pedro Fabro, o único que era sacerdote), fizeram voto de pobreza, de castidade e de dedicação à causa da Igreja Católica.

 

Santo Inácio de Loiola

Quadro de autor desconhecido, Escola Portuguesa, Séc. XVII - XVIII, existente na Capela do Centro Universitário P. António Vieira, Lisboa.  

  Em 1537, juntaram-se a este grupo três novos companheiros, Pascássio Broet, João Codure e Cláudio Jay. Dirigiram-se a Roma, puseram-se à disposição do Papa e dedicaram-se a obras de caridade. Em 1539 decidiram criar uma Ordem religiosa e Inácio de Loiola começou a escrever as Constituições que só ficaram prontas 16 anos mais tarde.

Em 27 de Setembro de 1540, o Papa Paulo III, pela Bula "Regimini Militantis Ecclesiae", aprova a constituição da nova Ordem também denominada Companhia de Jesus, então contando apenas 10 membros. A Companhia de Jesus surgiu com o objectivo missionarista de espalhar a fé cristã, não estando então previsto que fosse uma ordem religiosa especialmente consagrada ao ensino.

Como Inácio de Loiola e os outros membros da Companhia tinham frequentado a Universidade, pensaram abrir "Casas" ou "Residências"  junto das Universidades onde se formariam os novos membros da Companhia. Assim aconteceu em Paris em 1540, e posteriormente em Coimbra, Lovaina e Pádua. Só mais tarde é que essas "Residências" se transformaram em "Colégios".

Na impossibilidade de converter a população adulta, os jesuítas perceberam que é pela educação das crianças que se pode fazer a renovação do mundo. Nesse sentido, e aproveitando o esforço expansionista dos dois maiores impérios da altura, o português e o espanhol, os jesuítas vão estar presentes nos novos mundos desde o início da colonização. S. Francisco Xavier percorre a Índia, a Indonésia, o Japão e chega às portas da China. Manoel da Nóbrega e José de Anchieta ajudam a fundar as primeiras cidades do Brasil ( S. Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro ). João Nunes Barreto e André de Oviedo empreendem a fracassada missão da Etiópia.

 

S. FRANCISCO XAVIER

Em 1545, S. Francisco Xavier, em carta dirigidada Índia a Jerónimo Nadal, seu contemporâneo na Universidade, convida-o a aderir à Companhia de Jesus. Jerónimo Nadal vai ter uma grande influência na definição da vocação docente da Companhia na medida em que é ele que vai ser incumbido de introduzir nos Colégios Jesuítas o Modus parisiensis  e de elaborar os primeiros programas de ensino. A vocação docente da Companhia acentuar-se-á com o decorrer dos anos de tal maneira que passará a ser a característica principal das actividades da Companhia.

Apesar de inicialmente os Colégios aceitarem apenas alunos que eram candidatos a jesuítas, passaram posteriormente a aceitar também alunos que não pretendessem seguir a vida religiosa. Assim, eram admitidos gratuitamente nos Colégios estudantes pobres e também filhos de ricos e de nobres ficando no entanto a cargo destes o pagamento dos seus estudos. Tanto uns como outros se deveriam sujeitar às mesmas regras dos candidatos a jesuítas, se bem que se devessem vestir de maneira diversa e residissem numa parte diferente do Colégio.

Foi em Messina, na Sicília, que em 1548 Inácio de Loiola abriu o primeiro Colégio da Companhia, aquele  que inspirou todos os outros. Para o Colégio de Messina foram escolhidas pessoas com uma excepcional preparação. Jerónimo Nadal era o reitor e professor de hebreu, Pedro Canísio professor de retórica, André des Freux professor de grego, Isidoro Bellini professor de lógica, Giovanni Battista Passerino, Hannibal du Coudret e Benedetto Palmio, professores respectivamente das 3ª, 2ª e 1ª classes de gramática. À excepção de Pedro Canísio que havia estudado em Colónia, todos estes professores, de várias nacionalidades,  tinham em comum o facto de terem estudado na Universidade de Paris, razão que explica a adopção pela Companhia do Modus Parisiensis

O êxito do Colégio de Messina levou Inácio de Loiola a pensar na criação de um Colégio em Roma que servisse de modelo aos outros e onde se podessem formar os futuros professores da Companhia. Uma doação de Francisco de Bórgia, duque de Gandía, permitiu que o Colégio Romano, mais tarde Universidade Gregoriana, começasse a funcionar em 1551. Dois anos mais tarde, em 1553, já com algumas centenas de alunos, esse Colégio começou a ensinar, além da Gramática e da Retórica, a Filosofia e a Teologia. Para além dos alunos externos, estudavam ali os futuros jesuítas oriundos de Itália, Espanha, Portugal, Bélgica e da Alemanha. Em dez anos, o número de professores elevou-se a mais de 200. 

Tendo por base este importante centro pedagógico, os jesuítas  empreenderam uma implementação sistemática da sua actividade docente cuja lei orgânica é consagrada na publicação, em 1599, da Ratio Studiorum, . Os seus esforços dirigiam-se preferencialmente para França e Alemanha onde os movimentos protestantes iam tendo uma maior penetração. 

Em 1759, o Marquês de Pombal, com o pretexto de um atentado contra o rei D. José, expulsou os jesuítas de Portugal e das colónias. A Companhia de Jesus foi também expulsa de França em 1764 e da Espanha e das suas colónias em 1767. A pressão das monarquias destes países foi-se intensificando e o Papa Clemente XIV dissolveu a Companhia de Jesus no ano de 1773 em todo o mundo, com excepção da Prússia e da Rússia Branca. 

Em 1814 o Papa Pio VII, através da Bula Sollicitudo Omnium Ecclesiarum, restaurou a Companhia de Jesus.  Durante todo século XIX, a vida da Companhia foi muito atribulada. Quando os governos eram conservadores, os jesuítas eram chamados e exaltados, quando os governos eram liberais, os jesuítas eram perseguidos e expulsos. 

No século XX a Companhia acompanhou de perto os grandes conflitos internacionais: duas guerras mundiais, a revolução russa e sua expansão nos países da Europa oriental que abalou dez  vice-províncias da Companhia. O triunfo de Mao-Tsé-Tung na China arrasou a estrutura missionária construída durante um século de trabalho. O nacionalismo dos povos de África e da Ásia, lutando contra as potências colonizadoras, criou dificuldades para os missionários estrangeiros.

***

Quando Inácio de Loiola morreu em 1556, existiam 40 Colégios aprovados, mas só 35 é que estavam em funcionamento. A Companhia tinha cerca de 1000 membros,  distribuídos em 110 Casas e 13 Províncias, sendo a de Portugal a primeira a ser criada. Em 1615, quando Acquaviva faleceu, os jesuítas eram mais de 13.000 e os Colégios eram 372. Em 1773, quando a Companhia foi extinta, contava com 23.000 membros e dirigia, na Europa, 546 Colégios e 148 Seminários e, fora da Europa, 123 Colégios e 48 Seminários, num total de 845 estabelecimentos de ensino. Aquando do Concílio do Vaticano II,  entre 1962 e 1965, o número de jesuítas era de 36.000, mas nos anos 80 passou a 26000.    

 



 

 
A HISTÓRIA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
O nascimento
Filho de Pietro Bernardone e Dona Pica Bernardone, Francisco nasceu entre 1181 e 1182 , na cidade deAssis, província da Umbria no centro da Itália.Seu pai era um rico e próspero comerciante de tecidos, que viajava frequentemente em negóciosprincipalmente para França, de onde trazia a maior parte de suas mercadorias. Foi de lá também queele trouxe sua linda e bondosa esposa, Dona Pica. A mãe de Francisco, foi de fato a mulher da sua vidae foi ela que emocionado muitas vezes invocou. Francisco sempre nutriu uma atenção e um carinhoespecial pela relação materna em geral.A sua grande ligação espiritual a Maria, mãe de Jesus, é mais um sinal do seu particular respeito e Amorpelas mães de todo o mundo. Era freqüente usar a relação materna em geral, como exemplo de Amornos seus diálogos e pregações.Em relação ao pai, apesar do amor e respeito que nutria por ele, a relação não foi um exemplo e assimconheceu alguns episódios desagradáveis.Francisco teve um irmão, de que a história pouco fala.Chegado o momento do parto, Dona Pica, assistida por várias pessoas que ajudavam, teve muitasdificuldades e o nascimento da criança parecia se complicar.Eis que batem à porta, e a criada ao atender depara-se com um mendigo que lhe transmite que asenhora da casa deverá dar à luz no estábulo da casa, junto aos animais.Dona Pica, ao saber do sucedido, pediu ajuda às criadas para a levarem até ao estábulo. Lá chegada, acriança nasceu e foi lhe dado o nome de João (Giovanni). O pai, quando regressou, em homenagem àFrança, mudou-lhe o nome para Francisco.
A Juventude 

Francisco era o líder da juventude de sua cidade. Alegre, amante da música e das festas, com muitodinheiro para gastar, tornou-se rapidamente um ídolo entre seus companheiros. Adorava banquetes,noitadas de diversão e cantar serenatas para as belas damas de sua cidade.A Itália, como toda a Europa daquela época, vivia uma fase bastante conflituosa de sua história,marcada pela passagem do sistema feudal (baseado na estabilidade, na servidão e nas relaçõesdesiguais entre vassalos e suseranos) para o sistema burguês, com o surgimento das "comunas" livres(pequenas cidades).Eram freqüentes, nesta época, guerras e batalhas entre os senhores feudais e as emergentes comunas.Como todo jovem ambicioso de sua época, Francisco desejava conquistar, além da fortuna, também afama e o título de nobreza. Para tal, fazia-se necessário tornar-se herói em uma dessas freqüentesbatalhas. No ano de 1201, incentivado por seu pai, que também ansiava pela fama e nobreza, Franciscopartiu para mais uma guerra que os senhores feudais, baseados na vizinha cidade de Perúsia, haviamdeclarado contra a Comuna de Assis. Durante os combates, em uma tarde de inverno, Francisco caiuprisioneiro, sendo levado para a prisão de Perúsia, onde permaneceu longos e gelados meses. Para um jovem cheio de vida como ele, a inércia da prisão deve ter sido especialmente dolorosa. Somente seuespírito alegre, seu temperamento descontraído e seu gosto pela música o salvaram do desespero.Encontrava ainda forças para reconfortar e reanimar a seus companheiros de infortúnio.Costumava dizer, em tom de brincadeira para seus companheiros: "Como quereis que eu fique triste,sabendo que grandes coisas me esperam? O mundo inteiro ainda falará de mim!"Ao término de um ano foi solto da prisão, retornando para Assis, onde se entregou novamente aossaudosos divertimentos da juventude e às atividades na casa comercial de seu pai.
Enfermidade e o início da conversão
O clima insalubre da prisão, agravado pelos prolongados meses de inverno, haviam-lhe enfraquecido oorganismo, provocando agora uma grave enfermidade. Depois de longos meses de sofrimento, sempoder sair da cama, finalmente conseguiu melhorar. Ao levantar-se, porém, não era mais o mesmoFrancisco. Sentiu-se diferente, sem poder compreender o porquê. A verdade é que a humilhação e osofrimento da prisão, somado ao enfraquecimento causado pela doença, provocaram profundasmudanças no jovem Francisco. Foi o caminho que Deus escolheu para entrar mais profundamente emsua vida. Já não sentia mais prazer nas cantigas e banquetes em companhia dos amigos. Começou aperceber a leviandade dos prazeres puramente terrenos, embora ainda não buscasse a Deus. Naverdade, Francisco não nasceu santo, mas lutou muito para se tornar santo!Francisco havia perdido o gosto pelos prazeres mundanos, mas conservava ainda a ambição da fama.Por esse motivo, sonhava com a glória das armas e a nobreza, que se conquistavam nos campos debatalha.Por isso, aderiu prontamente ao exército que o Conde Gentile de Assis estava organizando para ajudaro Papa Inocêncio III na defesa dos interesses da Igreja. Contou para isso com a aprovaçãoentusiasmada do pai, que vislumbrava aí a oportunidade tão longamente esperada de enobrecer suafamília. Deus, porém, lhe reservava algumas surpresas ...Antes de partir, num impulso de generosidade, Francisco cedeu a um amigo mais pobre os ricos trajes ea armadura caríssima que havia preparado para si. Isso lhe valeu um sonho estranho: viu um castelorepleto de armas destinadas a ele e a seus companheiros. Francisco não conseguiu entender o significado do sonho. Pensou que estava, talvez, destinado a ser um famoso guerreiro! O fato é que osonho não lhe saía do pensamento.Ao chegar ao povoado de Espoleto, Deus tornou a lhe falar em sonhos, desta vez com maior clareza, demodo que ele reconheceu a voz divina que lhe perguntava: "A quem queres servir: ao Servo ou aoSenhor?" Francisco respondeu prontamente: "Ao Senhor, é claro!" A voz tornou a lhe falar: "Por queinsistes então em servir ao servo? Se queres servir ao Senhor, retorna a Assis. Lá te será dito o quedeves fazer!" Francisco entendeu, então, que estava buscando apenas a glória humana e passageira.Estava fazendo a vontade de pessoas ambiciosas e mesquinhas e não a vontade do Senhor doUniverso.Desafiando os sorrisos de desdém dos vizinhos e a cólera de Pedro Bernardone, contrariado em seusprojetos, Francisco retornou a Assis, dando prova da energia de seu caráter e do valor do seu ânimo,virtudes que se mostrariam valiosas mais tarde nos percalços de seu novo caminho.Começou a longa busca e a longa espera: "O que Deus quer de mim? O que Ele quer que eu faça?" Eraesse o constante questionamento de Francisco.Para tentar desvendar os desígnios de Deus, passou a se dedicar à oração e à meditação. Percorriacampos e florestas em busca de lugares mais tranqüilos, em busca de respostas para suas dúvidas einquietações. Para ele, tudo passou a ter outro sentido. Passou a enxergar as coisas com outros olhos eoutro coração.
Viagem a Roma
Em busca de respostas, decidiu viajar para Roma, isso no ano de 1205. Visitou a tumba do ApóstoloSão Pedro e, indignado pelo que viu, exclamou: "É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveiscom o Príncipe dos Apóstolos!" E jogou um grande punhado de moedas de ouro, contrastando com asescassas esmolas de outros fiéis menos generosos. A seguir, trocou seus ricos trajes com os de ummendigo e fez sua primeira experiência de viver na pobreza. Voltou a Assis, à casa paterna, entregando-se ainda mais à oração e ao silêncio.A família e os amigos estavam preocupados com o jovem Francisco: o que lhe estaria acontecendo?Será que ainda estava em pleno juízo? Seu pai, então, não se conformava! Não era isso que ele tinhasonhado para seu filho! Indignado, forçava-o a trabalhar cada vez mais em seu estabelecimentocomercial.
O beijo no leproso e o novo chamado de Deus
Em 1206, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, que sempre lhe parecera umser horripilante, repugnante à vista e ao olfato, cuja presença sempre lhe havia causado invencível nojo.Mas, então, como que movido por uma força superior, apeou do cavalo, e, colocando naquelas mãossangrentas seu dinheiro, aplicou ao leproso um beijo de amizade.Falando depois a respeito desse momento, ele diz: "O que antes me era amargo, mudou-se então emdoçura da alma e do corpo. A partir desse momento, pude afastar-me do mundo e entregar-me a Deus".Pouco depois, entrou para rezar e meditar na pequena capela de São Damião, semi destruída peloabandono.

Papa desvenda história por detrás do nome Francisco

"Não te esqueças dos pobres". Frase do cardeal brasileiro Claudio Hummes foi decisiva.
O novo Papa agradeceu hoje a todos os jornalistas pelo trabalho árduo dos últimos dias

Mistério desvendado. A razão que motivou a escolha do nome Francisco pelo cardeal argentino Jorge Bergoglio após ter sido eleito o novo "chefe espiritual" dos católicos é a homenagem a Francisco de Assis, um "homem da pobreza", revelou o próprio Papa, esta manhã, no Vaticano. A inspiração surgiu das palavras do arcebispo emérito de São Paulo.

"Aquando da eleição, tinha ao meu lado o arcebispo emérito de São Paulo, Claudio Hummes. Um grande amigo. Quando as coisas se tornaram perigosas, ele reconfortou-me. Quando os votos chegaram aos dois terços, começaram a aplaudir porque tinha sido eleito o Papa. Ele abraçou-me, beijou-me e disse: ' Não te esqueças dos pobres'. Imediatamente pensei em Francisco de Assis. Um homem da pobreza, da paz, que ama a criação, que queria uma Igreja pobre e para os pobres".

O episódio foi transmitido pelo Sumo Pontífice numa audiência com os representantes dos media de todo o mundo. O encontro não serviu como conferência de imprensa mas antes uma manifestação de apreço pelo trabalho desenvolvido pelos jornalistas, durante o Conclave, e a quem se dirigiu como "amigos".

"O papel da Igeja tem vindo a crescer nos últimos tempos e tem sido indispensável também o papel da imprensa nesse desenvolvimento. E, portanto, conto com o vosso serviço qualificado dos últimos dias", afirmou momentos antes de contar o episódio relativo ao seu nome.

"Trabalharam arduamente", continuou, bem disposto, perante um auditório lotado na sala Paulo VI, no interior do Vaticano, o local onde são celebradas as audiências públicas, tendo sido interrompido pelos aplausos e sorrisos dos presentes.

"Nos últimos dias em que os olhos se viraram para a cidade de Roma, falou-se muito da Santa Sé, das tradições, da fé e do papel do Papa no seu ministério", acrescentou e dirigiu um agradecimento "muito especial a todos os que apresentaram este evento da história da Igreja, tendo em conta a perspetiva mais correta da eleição".

"Não são eventos mais complicados do que os políticos ou económicos. Todavia, têm uma característica de fundo muito particular. Respondem a uma lógica que não é principalmente de categoria mundana e exige conhecimentos específicos, com uma componente especial", apontou o Papa Francisco. "Cristo é a referência fundamental. Sem ele, a Pedro e a Igreja não existiriam", salientou, alundindo ao sentido seguido pelo seu antecessor Bento XVI. Deixava ainda um sinal de gratidão pela comunicação baseada na "busca da verdade, da bondade e da beleza tal como faz a Igreja".

Depois de ser cumprimentado pessoalmente por alguns dos presentes e antes de abandonar a sala, o Papa voltou a pedir o uso da palavra. Despediu-se num tom mais informal, com a nota de que respeita a "consciência" de cada um, a propósito das suas crenças, e deixou a sua benção a todos.

 

 

 S. Josemaria Escrivá de Balaguer

 

 

Vida de S. Josemaria Escrivá de Balaguer (1902-1975), fundador do Opus Dei.
Josemaria Escrivá de Balaguer nasceu em Barbastro (Huesca, Espanha) no dia 9 de Janeiro de 1902. Os pais chamavam-se José e Dolores. Teve cinco irmãos: Carmen (1899-1957), Santiago (1919-1994) e outras três irmãs, mais novas, que morreram quando ainda eram crianças. O casal Escrivá deu aos filhos uma profunda educação cristã.

Em 1915, faliu o negócio do pai, comerciante de tecidos, e a família teve de mudar-se para Logronho, onde o pai conseguiu outro trabalho. Nessa cidade, Josemaria, depois de ver na neve umas pegadas dos pés descalços de um religioso, intui que Deus deseja alguma coisa dele, embora não saiba exactamente o que é. Pensa que poderá descobri-lo mais facilmente se se fizer sacerdote, e começa a preparar-se para tal, primeiro em Logronho, e mais tarde no seminário de Saragoça. 

Seguindo um conselho do pai, na Universidade de Saragoça estuda também o curso civil de Direito como aluno voluntário. José Escrivá morre em 1924, e Josemaria fica como chefe de família. Recebe a ordenação sacerdotal em 28 de Março de 1925, e começa a exercer o seu ministério numa paróquia rural e, depois, em Saragoça.

2 DE OUTUBRO DE 1928

Em 1927 vai para Madrid, com autorização do seu bispo, com o objectivo de se doutorar em Direito. Em Madrid, no dia 2 de Outubro de 1928, Deus faz-lhe ver o que espera dele, e funda o Opus Dei. Desde então, trabalha com todas as suas forças na fundação que Deus lhe pede, ao mesmo tempo que continua exercendo o ministério sacerdotal de que está incumbido naqueles anos, através do qual se encontra diariamente em contacto com a doença e a pobreza em hospitais e bairros populares de Madrid. 

Quando rebenta a guerra civil, em 1936, Josemaria encontra-se em Madrid. A perseguição religiosa obriga-o a refugiar-se em diversos lugares. Exerce o ministério sacerdotal clandestinamente, até conseguir sair de Madrid. Depois de ter atravessado os Pirenéus, até ao sul de França, passa a residir em Burgos.

Acabada a guerra, em 1939, regressa a Madrid. Nos anos que se seguem dirige numerosos retiros para leigos, sacerdotes e religiosos. Nesse mesmo ano de 1939, acaba os seus estudos de doutoramento em Direito.

Em 1946 fixa residência em Roma. Faz o doutoramento em Teologia pela Universidade Lateranense. É nomeado consultor de duas Congregações da Cúria Romana, membro honorário da Academia Pontifícia de Teologia e prelado honorário de Sua Santidade. Segue atentamente os preparativos e sessões do Concílio Vaticano II (1962-1965), e mantém um relacionamento intenso com muitos dos padres conciliares. 

De Roma desloca-se, em numerosas ocasiões, a diversos países da Europa, a fim de impulsionar o estabelecimento e consolidação do Opus Dei nessas zonas. Com o mesmo objectivo, entre 1970 e 1975, realiza longas viagens pelo México, pela Península Ibérica, pela América do Sul e Guatemala, onde também tem reuniões de catequese com grupos numerosos de homens e mulheres. 

Falece em Roma no dia 26 de Junho de 1975. Vários milhares de pessoas, entre as quais muitos bispos de diversos países, – no conjunto, um terço do episcopado mundial – solicitam à Santa Sé a abertura da sua causa de canonização.

Em 17 de Maio de 1992, João Paulo II beatifica Josemaria Escrivá de Balaguer. Proclama-o santo dez anos depois, em 6 de Outubro de 2002, na Praça de São Pedro, em Roma, perante uma grande multidão. “Seguindo o seu exemplo”, disse nessa ocasião o Papa na sua homilia, “difundi na sociedade a consciência de que todos somos chamados à santidade, sem distinção de raça, de classe, de cultura ou de idade”.


 

Lista de Papas da Igreja Católica Romana 
(textos compilados por Carlos Fernandes) 

 

 
O ESTADO DO VATICANO

O Estado do Vaticano é o menor país independente do mundo e a última monarquia absolutista da Europa. Um minúsculo território independente de 44 hectares em Roma, sob jurisdição pontifícia, que tem sua existência calcada espiritualmente na criação do cristianismo e politicamente nos extintos Estados Pontifícios. 
Os Estados Pontifícios ou Estados Papais foram fundados (752) pelo papa Estêvão III, e codificado quase trinta anos depois (781). Ocupavam uma grande área, basicamente no centro da península itálica e tinha um governo teocrático com capital Roma, com língua oficial latim e religião católica, sob a autoridade civil dos Papas. 
Também chamado de Estados da Igreja, eram formados por um aglomerado de territórios, que se mantiveram como um estado independente por mais de onze séculos (756-1870). 
O Vaticano é o resultado de uma longa história de mais de dois milênios, desde os tempos em que o papa era apenas o bispo de Roma, uma entre muitas lideranças vinculadas às origens do cristianismo, quando Roma virou centro da seita judaica originada no Oriente Médio. 
Com a instituição a sede episcopal de Roma, os fiéis poderosos, especialmente os imperadores cristãos, foram fazendo doações de bens territoriais à Igreja romana, abrangendo áreas até mesmo fora da península italiana. Criou-se, então, o que se conheceu como Patrimônio de São Pedro, administrado pelos papas católicos que ganharam autênticas prerrogativas de chefes de estado através da Pragmática Sanção (554) promulgada pelo imperador Justiniano I, inclusive a de possuir um respeitável exército, que em algumas ações esteve sob o comando do próprio pontífice. 
Com o declínio da influência do Império Bizantino sobre Roma, o distanciamento em relação ao império do Oriente tornou-se cada vez mais profundo, a ponto do papa Constantino I, enfrentar o imperador Filípico Bardanes, chamando-o de herege. Durante a ofensiva do lombardo Astolfo contra Roma, o papa Estêvão IIpediu socorro ao rei dos francos, Pepinoo Breve. Depois da derrota de Astolfo, o pontífice recebeu o domínio temporal de um Estado que compreendia o antigo exarcado de Ravenna, os bispados de Rimini, Pesaro, Fano, Senigallia e Ancona e a região de Roma. 
O papa Estêvão II exibiu um documento de três anos antes, de autenticidade duvidosa e que chamaria de Doação de Constantino, segundo o qual o imperador bizantino havia cedido ao papa Silvestre I, para si e seus sucessores, não só o palácio de São João de Latrão, mas também a possessão de toda a península Itálica e a dignidade imperial. 
Assim surgia um Estado que haveria de perdurar durante mais de onze séculos (756-1870). Pêlos seus corredores passariam reis, criaram-se e decidiram-se guerras, o melhor da arte e até alguns santos, escrevendo uma página da história humana correspondente a mais de onze séculos. Em seu auge, pontífices se consideravam os senhores do mundo, desencadeavam disputas e tomavam decisões de todas as naturezas, em nome de Deus. 
A autonomia começou a cair quando uma primeira parte do território foi anexada pelo Reino da Itália (1860) e terminou com a anexação do restante (1870) pelos nacionalistas peninsulares. 
A Itália meridional nunca formou parte dos Estados Pontifícios e com o surgimento dos movimentos revolucionários nacionalistas italianos do século XIX, originaram-se fortes correntes políticas pela unidade nacional. Em meados do século as rebeliões contra a autoridade papal eram freqüentes. Finalmente, algumas cidades da Romanha resolveram anexar-se ao reino de Sardenha (1860) do reiVictor Manuel II, que entrou em guerra contra o pontífice Pio IX pelo controle das regiões da Umbria e das Marcas. Com as derrotas militares em Castelfidardo e em Ancona (1860), o estado papal perdeu aquelas regiões que, em união com a Toscânia, Parma e Módena e o reino de Sardenha, passaram a se chamar de Reino de Itália. 
Com a deflagração da guerra franco-prussiana, os Estados Pontifícios apoiaram os francos, enquanto o Reino da Itália apoiou os Austríacos. O exército de oito mil soldados do papa Pio IX não foi páreo para as divisões reais, que entravam em Roma (1870) e declararam a cidade capital do Reino de Itália. Estabelecida a corte do rei Victor Emanuel II no Palácio do Quirinal, decretou-se o fim dos Estados Papais com a anexação do restante dos territórios pontifícios. 
Somente 59 anos depois, em 11 de fevereiro (1929), quando as portas do Palácio de Latrão, quartel-general da Cúria Romana, se abriram para a entrada do homem mais temido da Itália, o ditador Benito Mussolini, chefe do regime fascista que governava o país, é que o desejo da volta de um estado católico politicamente independente voltou a ser real. 
Mussolini queria que a Igreja reconhecesse oficialmente o regime e a Igreja queria recuperar o que havia perdido, durante o processo da unificação italiana, ou seja, o direito a um Estado soberano. Naquele mesmo dia, Mussolini assinou oTratado  de Latrão, que concedia ao papa Pio XI um território independente dentro de Roma e, em troca, a Igreja reconhecia o tirano como legítimo titular do governo da Itália como estado soberano. 
Nascia assim, o Estado do Vaticano como ele é hoje: o menor país independente do mundo, com um território de 44 hectares, em Roma, mas sob jurisdição pontifícia. 

Mapa do Vaticano com destaque para a localização da Basílica e a Praça de São Pedro, local de contato do Papa com a multidão de fiéis que visitam a Santa Sé diariamente. 

 


Vista frontal da Basílica 
e a Praça de São Pedro


  
 
 
PAPAS CATÓLICOS

O catolicismo é o maior ramo do cristianismo e o mais antigo como igreja organizada. Nenhuma história conta mais sobre os últimos 2 000 anos da presença humana no planeta do que a  Igreja Católica. O termo católico deriva do grego katholikos, que quer dizer universal, exprimindo, pois, a idéia de uma igreja que pode levar a salvação a qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. A sua doutrina baseia-se na canonização dos cristãos que de tornaram mártires na defesa da fé ou realizado atos milagrosos, reconhecendo-os como santos. Seus fiéis veneram estes santos como intermediários entre os homens e Deus. A dogmática Maria, mãe de Jesus Cristo, a Imaculada Conceição, teria nascido sem pecado e concebido seu filho virgem. Cconsiderada a principal intermediária entre os católicos e seu filho divino, teria ascendido aos céus em corpo e alma. A veneração aos santos e os dogmas marianos são dois dos principais pontos que distinguem os católicos romanos dos demais cristãos, especialmente os protestantes ou autoditos evangélicos.

A Igreja Católica Romana tem uma rígida hierarquia, centrada na autoridade do papa, que é eleito por um colegiado superior de prelados. O chefe supremo da Igreja Católica, considerado infalível desde 1870, também é chamado de Pontífice Romano ou Sumo Pontífice. Sua veste habitual é a sataina branca. Entre os ornamentos que lhe são reservados, merecem destaque a tiara e o anel de São Pedro. É também soberano do Estado do Vaticano, tem um corpo diplomático e tem como seu principal colaborador o secretário de Estado.

A sede da Igreja Católica Romana fica no Vaticano, um pequeno Estado independente no centro de Roma, Itália. O Estado da Cidade do Vaticano, com seus 0,44 quilômetros quadrados de superfície, o menor e o menos populoso país do mundo e que se encontra dentro da cidade de Roma, Itália, separado com cerca de 4 quilômetros de fronteira, foi fundado com o Pacto de Latrão, firmado entre a Igreja e o governo italiano, através deBenito Mussolini, em 11 de fevereiro (1929), durante o pontificado de Pio XI, encerrando uma luta de seis décadas depois do desmoronamento dos Estados Pontifícios.

Pacto de Latrão foi assinado pelo Cardeal Gasparri, então o Cardeal Secretário de Estado da Santa Sé. Por esse tratado, o governo italiano reconhecia o Vaticano como Estado soberano. Por seu lado, a Santa Sé cedia à Itália todas as terras dos antigos Estados Pontifícios, que o Papa havia governado desde o século V até 1870, quando o Piemonte tomou à força os territórios pontifícios. Entre 1870 e 1929, os Papas se consideravam prisioneiros no Vaticano, com relações cortadas com o Estado italiano, que conquistara Roma pela força.

O título de papa não existia antes de 306 e até 325, com o Concílio de Nicéia, exercia apenas a função de um metropolita, como bispo de Roma. Anteriormente o nome Papa era dado a todos os bispos da Igreja Católica. Aos poucos, foi reservado ao bispo de Roma, também patriarca do Ocidente e primaz da Itália. Em 609 foi instituído o papado, com poder central, mantendo sob suas rédeas toda a hierarquia romana. Em 1074, Gregório VII criou o celibato, proibindo o casamento para os papas. No ano seguinte, os padres casados se divorciaram. Em 1303, a Igreja Católica Apostólica Roma

publicado por luiscatina às 16:52

Fevereiro 09 2013

BOLETÍM CULTURAL

CATINA MUNDI

 

 

 

  Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica

  Casa México-- Aljuriça  (Portugal)

   Casa de Mexico,  casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.

  (O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)

 

       

…Para las niñas y  niños de Portugal, México, Costa Rica,  Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…

                         

PUBLICAÇÃO  MENSAL, em  PORTUGUÊS e CASTELHANO,  QUE TEM  COMO  OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES  PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES  E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.  (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)

Presentación

Boletín de periocidad mensual  aparece en septiembre de 2009  como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo essencial  de Casa  México  es coadyuvar  en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea.

 

 

Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )

Nunca e tarde para prestar homenagem  a quatro ilustres  e talentosas figuras do nosso Pais  que deixaram marcas no Mexico.  São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan Rodriguez  Cabrillo, Beatriz Costa, Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.

 

Universidade de Coimbra

A ratificação da fundação da Universidade de Coimbra realizou-se a 1 de Março de 1290, através de diploma régio emitido por D. Dinis, Rei de Portugal.

Deste modo, Coimbra possui o mais antigo estabelecimento de ensino superior em Portugal, apesar de, durante toda a Idade Média, os estudos universitários terem oscilado entre esta cidade e Lisboa.

No ano de 1537, o rei D. João III transferiu definitivamente a Universidade para a Lusa-Atenas, consolidando assim a tradição escolar anterior da cidade e afirmando, ao mesmo tempo, a sua autonomia.

Situado no topo de uma colina, o Paço da Alcáçova – antigo palácio medieval onde permaneciam os reis durante a sua estadia em Coimbra – foi o edifício eleito para acolher a Universidade de Coimbra, vindo a sofrer obras de remodelação nos reinados de D. Manuel I eD. João III.

Deste modo, Coimbra crescia à sombra da sua Universidade de Coimbra, ao mesmo tempo que os edifícios escolares eram objeto de reformas nos séculos XVII e XVIII.

 


Características da Universidade de Coimbra
 

A Porta Férrea, que estabelece o acesso ao pátio das escolas, integra alegorias que se referem às faculdades de Medicina e de Leis no exterior e às faculdades de Teologia e Cânones no interior, para além de estátuas dos reis que as estabeleceram, D. Dinis e D. João III, e ainda figura da Sapiência que coroa todo este conjunto.

No lado esquerdo da fachada encontra-se o Colégio de S. Pedro, uma construção maneirista de linhas simples que foi edificada sobre os antigos aposentos palacianos dos Infantes, servindo até 1834 como albergue dos candidatos às diversas faculdades.

 

Universidade de Coimbra (Autor: Alves Gaspar)

Universidade de Coimbra (Autor: Alves Gaspar)

A partir de 1855, uma parte das suas instalações da Universidade de Coimbra serviu como aposentos da família real e como residência dos diversos reitores.

Entrando no Pátio das Escolas vemos, ao lado direito, a Via Latina, no centro da qual se ergue uma escadaria nobre conducente a um corpo porticado e rematado por frontão triangular.

Nesse espaço destaca-se um retábulo escultórico em pedra, obra do escultor francês Claude Laprade e executada em 1701.

Através da Via Latina podemos aceder à Reitoria e às suas dependências, reformuladas, na sua maior parte, na Reforma Pombalina de 1773, durante o reitorado de D. Francisco de Lemos. Por via também se pode chegar à Sala dos Capelos, lugar onde costumam decorrer as mais significativas cerimónias da vida académica.

Esta sala ocupa o espaço do antigo salão nobre do paço manuelino, edificado por Marcos Pires durante a segunda década do século XVI. Na galeria superior do salão podemos observar grandes telas com todos os reis de Portugal, pintados, até D. João IV, por Carlos Falch. Os restantes foram pintados por diversos artistas nacionais.

De volta à Via Latina, caminhamos em direção à área das antigas salas de aula, dispostas em torno de um claustro de dois pisos. Estas ocuparam as antigas instalações do paço da rainha.

Um dos ex-libris da cidade de Coimbra é a Torre da Universidade de Coimbra, que foi erguida num dos ângulos do Pátio das Escolas. Na continuidade da torre encontramos a Capela de S. Miguel, um templo de estilo manuelino que ocupa a área de um oratório do paço medieval.

O seu portal nobre é uma composição manuelina naturalista, de arco polilobado e colunas torsas, onde se encontram inseridos símbolos relativos à “crucificação” de Cristo e à heráldica de D. Manuel I.

No átrio interno da capela encontramos a entrada de uma dependência que foi convertida em Museu de Arte Sacra e onde se podem admirar algumas das melhores obras de ourivesaria, paramentaria e pintura pertencentes ao acervo deste estabelecimento universitário.

Na continuidade da Capela de S. Miguel ergue-se a magnífica Livraria da Universidade de Coimbra, mais conhecida como Biblioteca Joanina, um empreendimento barroco concretizado entre 1717 e 1728, sob o patrocínio de D. João V.


Portal da Capela de S. Miguel, no Paço da Universidade (Autor: Alves Gaspar)

O imponente interior barroco reparte-se por três salas quadrangulares, divididas por arcos de volta perfeita, onde podemos ver emblemas universitários em talha dourada, sobrepujados por coroa real de D. João V.

Mas, mais importante do que a riqueza dos materiais e do requinte artístico da decoração barroca, a Biblioteca Joanina possui também alguns dos mais raros e importantes livros existentes em fundos bibliográficos nacionais, podendo-se assim dizer que é, sem sombra de dúvidas, um verdadeiro templo artístico consagrado ao saber humano.

Ainda hoje, no nosso país, quando se fala em Universidade vem-nos logo à mente a Universidade de Coimbra – a mãe do ensino superior em Portugal.

COIMBRA  BREVE   HISTÓRIA

  

Coimbra é uma cidade cheia de história e tradições; os seus mais antigos vestígios remontam à época de dominação romana.

Edifícios de carácter religioso, civil, cultural, militar, jardins e parques, lembram passadas épocas de grandeza e também quantas horas de amargura. Capital política do jovem reino português ao tempo dos nossos primeiros monarcas, foi simultaneamente o seu primeiro grande centro cultural, logo com a escola monástica de Santa Cruz, depois com a Universidade fundada por D. Dinis em 1290 em Lisboa, e para aqui transferida em 1537; dela destacamos a Biblioteca Joanina, de estilo Barroco construída em 1717 contendo cerca de 500000 obras dos séculos XII a XIX, privilegiando as temáticas de Direito, Filosofia e Teologia; a Capela de S. Miguel, fachada de estilo Manuelino foi construída entre 1517 e 1522; a Sala  dos Capelos, de meados do século XVII é o palco das mais importantes cerimónias Académicas; a Torre em estilo Barroco Mafrense erigida entre 1728 e 1733, tem 34 metros de altura e o seu signo é conhecido entre estudantes pela “Cabra”; a Porta Férrea, entrada nobre do edifício principal, data de 1634, maneirista de corrente popular.

 Limitando o perímetro urbano há três zonas que merecem ser visita. A primeira é a Quinta das Lágrimas, onde Camões quis colocar a morte trágica de Inês de Castro; outro, já o lendário Choupal, ao longo do Mondego; finalmente numa posição sobranceira à cidade, a mata de Vale de Canas.

Mondego, rio onde a cidade de Coimbra se espelha, outrora tantas e tantas vezes cantado pelos poetas, entre eles Camões que fez dele um rio de devoção e lembrança, nasce na Serra da Estrela para desaguar na cidade da Figueira da Foz depois de percorrer 232 Kms.

Os monumentos conimbricenses mais significativos, pertencem ao periodo medieval; é o caso da Sé Velha, a mis importante das igrejas Românicas portuguesas. Foi construída a partir de 1162 por arquitectos que haviam trabalhado em Santiago de Compostela; o Clausto é gótico e o mais antigo de Portugal.

Igreja de Santiago, do último quartel do século XII, é também de estilo românico e foi grandemente influenciada pelo estilo da Sé.

Da época gótica é o convento de Santa Clara a Velha, o mais importante testemunho. Foi fundado no final do XIII e gozou de especial protecção da Rainha Santa Isabel que aí passou parte da sua vida; devido às cheias do rio, foi abandonado em 1677, e o seu restauro está em fase de conclusão.

Mosteiro de Santa Cruz, fundado em 1131 e grandemente reformado ao longo da história, possui a Sala do Capítulo e Corpo da igreja da Segunda metade do século XVI, o Claustro Manuelino de 1517, o Pálpito, considerado uma obra prima do Renascimento, datado de 1521 e nela estão sepultados D. Afonso Henriques (primeiro rei de Portugal) e D. Sancho I.

De 1570 data o início das obras do grande Aqueduto dos Arcos do Jardim, que mais tarde seria acabado por Filipe Tércio, arquitecto de grande importância.

Nos arredores de Condeixa, confinando com a aldeia de Condeixa-a-Velha, fica a grande estação arqueológica de Conímbriga, maravilhosa cidade romana de veraneio que ainda hoje seduz pelos seus mosaicos e jardins.

A vida quotidiana de Coimbra é também um dos seus grandes motivos de interesse, pois a grande massa estudantil torna-a alegre e agitada; inesquecível é aQueima das Fitas, festa organizada pelos estudantes universitários, que tem o seu ponto alto com o cortejo dos quartanistas, onde escolares e citadinos se unem em desbordante alegria.

 De dois em dois anos, nos anos pares, nos primeiros dias de Julho, realizam-se as grandes festas da Rainha Santa, englobando manifestações religiosas, culturais e diversões públicas.

Realiza-se também em Coimbra a secular tradição de uma feira de cariz rural, que se efectua no dia 23 de cada mês.

O artesanato regional é variado destacando-se a louça de Coimbra e as tapeçarias e colchas decorativas de Sobral de Ceira e Almalaguês. Quanto à cozinha regional muito haveria para dizer, salientando-se a Chanfana (carne de cabra assada em vinho tinto), as arrufadas, os pastéis de Santa Clara e os manjares brancos.

   

COIMBRA

DOIS MIL ANOS DE HISTÓRIA

 A cidade que hoje é Coimbra, teve o seu primeiro núcleo de povoamento no cimo da colina da Alta. A posição estratégica e dominante para isso concorreu, mas não menos de considerar seria a encruzilhada de caminhos, pois o local era ponto de passagem quase obrigatória, entre o Norte e o Sul.

Se não faltam conjecturas quanto à ocupação pré-histórica deste sítio privilegiado, é na época romana que começam as certezas. O povoado de Aeminium – nome romano de Coimbra – tornou-se uma cidade com seu centro vital no fórum, construído sobre larga plataforma apoiada em espectacular criptopórtico.

O perímetro da urbe não seria muito grande, nem mesmo ocuparia a superfície que mais tarde as muralhas medievais ou tardo-romanas vieram a definir.

As invasões bárbaras trouxeram a perturbação. Álanos, Suevos e Visigodos dominaram a cidade. Mas os Visigodos, já meio romanizados, restabeleceram o equilíbrio e a prosperidade. Emínio cresce de importância, torna-se capital regional e sede de bispado de Conímbriga, apagando para sempre o prestígio da cidade vizinha e rival, cujo nome acabou por usurpar.

711 trouxe os Muçulmanos à Península e trouxe-os também a Coimbra, onde assentaram arraias e permitiram que a vida continuasse a decorrer com normalidade, mediante o pagamento de uma contribuição. A sua permanência valorizou a região  com a introdução de novas sementes, árvores, novos processos de cultura e de exploração do solo. Muitas terras dos arredores os recordam nos seus nomes: Alcarraques, Arrifana, Alcabideque, Arzila, Almalaguês...A reconquista cristã definitiva teve lugar em 1064, sob a chefia de Fernando magno, rei de Leão, e após um assédio de meio ano, Coimbra torna-se a capital de um vasto condado cujo território se estende desde o Douro até à fronteira sarracena, tendo o mar como limite ocidental. O seu governo foi entregue ao moçarabe Sesnando, que praticou uma notável política de valorização económica e de povoamento.

Coimbra era uma cidade florescente quando o conde D. Henrique e a rainha D. Teresa dela fizeram a sua residência predilecta.

D. Afonso Henriques fez dela o centro das suas incursões contra moirama.

A história de Coimbra é indissociável da de Portugal, sobretudo durante a primeira dinastia. Nesta cidade nasceram D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, D. Afonso IV, D. Pedro I e D. Fernando. Aqui se gizaram os planos de grandes lutas nacionais, contra a mourama ou contra a nobreza e o clero.

Coimbra do românico e do gótico ergueu templos que permaneceram e são o orgulho da cidade – Sé Velha, Santiago, S. Salvador, Santa Clara-a-Velha -; arrancou da pedra de Ançã, pela mão dos seus estatuários, mil imagens expostas à veneração dos fiéis durante séculos e levadas a paragens longínquas.

O século XVI trouxe a Coimbra a instalação definitiva de Estudos Gerais, ponto de partida de grandes transformações. A par da instituição oficial, inúmeros colégios universitários se fundaram na cidade, a expensas das diversas ordens religiosas, para alojarem os seus membros que aqui vinham em busca do saber e dos graus académicos.

A sua obra capital foi, porém a abertura da Rua da Sofia, a mais nobre e de maior renome em Portugal até ao século XVIII, ainda hoje urna das melhores artérias de Coimbra. Sofia significava saber, ciência, e de facto aí se concentrou grande número de colégios.

 Os burgos vizinhos de Celas e Santa Clara, que se haviam formado à sombra dos mosteiros, desenvolveram-se também.

Este surto de novas ruas e construções foi acompanhado por um salto espectacular do número de habitantes. Dos 5200 que eram em 1527 passou-se para 10000 em 1570. O aumento não se deve apenas aos estudantes vindos para a cidade, mas igualmente a todo um conjunto novo de pessoas ocupadas em prestação de serviços necessários à permanência de mestres e alunos.

O rosto de Coimbra quinhentista irá manter-se com poucas alterações até finais do século XIX.

Uma pequena excepção: as reformas operadas pelo Marquês de Pombal que levaram ao desaparecimento do castelo, à criação do Jardim Botânico e rasgaram a praça que hoje tem o seu nome.

A extinção das ordens religiosas em 1834 em muito contribuiu também para alterar o viver citadino. Basta dizer que as casa religiosas, incluindo conventos, mosteiros e colégios das respectivas ordens, prefaziam em Coimbra o número de 33.

  O desenvolvimento da pequena burguesia, os começos da industrialização vão possibilitar o crescimento da cidade. Em 1867 inaugura-se o Mercado D. Pedro V. É o começo da urbanização da Quinta de Santa Cruz, cujo fundo do vale se viu transformado, a partir de 1889, na mais larga e bela das vias da nova Coimbra, a Avenida Sá da Bandeira. Ao cimo, planeou-se a grande Praça de D. Luís (agora da República), para onde se rasgaram ruas convergentes. Constroem-se moradias elegantes para uma classe pequeno-burguesa e capitalista que assim afirma o seu gosto e aspirações.

Neste século XX, Coimbra aí está, herdeira de um passado a que não pode voltar costas sob pena de deixar de ser ela própria, crescendo entre desiquilíbrios nem sempre fáceis de resolver, por vezes à custa do sacrifício do seu património histórico.

A Alta essa sofreu o mais rude golpe que uma cidade pode sofrer, a destruição quase completa, para se edificarem os novos edifícios universitários. Foi como se os bombardeamentos de uma guerra que andava por outras paragens se tivessem repercutido em Coimbra.

As demolições iniciaram-se em 1943 e em lugar das ruas cheias de história, vida, tradição e poesia, casas de bom porte e colégios, levantou-se a frieza hierática e esquadriada das novas faculdades.

O burgo de Santa Clara é outro polo de desenvolvimento, onde se estabelecem indústrias, desde finais do século XVIII.

Santa Clara constituiu o primeiro núcleo de industrialização de Coimbra, numa segunda fase preferiu-se a zona da Estação-Velha; mais  modernamente as novas indústrias tendem a estabelecer-se junto à estrada de Lisboa.

Ao presente Coimbra é uma cidade que não pára de se estender, envolvendo no seu seio lugarejos dispersos da periferia. Sítios que não há muitos anos eram terrenos de cultivo, povoados rurais, são hoje casas e ruas. O Calhabé liga-se ao Tovim; as quintas da Bela Vista, das Flores ou o Pinhal de Marrocos fazem a sua entrada na cidade; o mesmo acontece com a zona da Estação Velha, onde locais distantes como o Loreto ou o Ingote se candidataram...

 

 SÉ VELHA 

A primeira pedra da construção afonsina foi lançada em 1162 e deveu-se á acção do Bispo D. Miguel Salomão, tendo-se iniciado o culto regular em 1184.

O projecto do templo é da autoria do mestre Roberto. Era um arquitecto de origem francesa que, vivendo em Lisboa, veio a Coimbra quatro vezes para fiscalizar as obras e ver se o plano era correctamente posto em prática. A direcção local das obras foi assegurada por Mestre Bernardo.

Até 1772, o templo serviu de Sé Episcopal, ano da transferência para a igreja do extinto Colégio de Jesus. A partir de 1816, passou a desempenhar as Funções de sede de Paróquia.

 O seu estilo integra-se no ROMÂNICO COIMBRÃO  da  segunda fase, isto é, o afonsino. O seu autor terá sido influenciado pelas igrejas de peregrinação de Caminho de Santiago.

O exterior é de forma paralelipipédica, o que lhe confera um ar de grande robuste. A decoração da porta tem influência islãmica. O janelão colocado sobre esta porta tem a mesma estrutura que ela, embora com menor desenvolvimento.

O coroamento geral é feito por AMEIAS de função e tipo defensivo.

 Na fachada lateral esquerda, abrem-se outras duas portas.

A primeira é a famosa PORTA ESPECIOSA que data da década de trinta do século XVI; é uma das obras mais importantes de João de Ruão. O seu tipo é o dos grandes arcos triunfais do renascimento italiano.

A Segunda porta é a dedicada a Santa Clara e fica no topo do transepto.

O plano interior da igreja organiza-se do seguinte modo: três naves de largura e altura desiguais, sendo a central a de maiores dimensões; o corpo divide-se em cinco tramos; a nave principal está coberta por uma abóbada de berços  e as secundárias por abóbadas de arestas; tem, ainda, um cruzeiro com uma torre lanterna gótica. Sobre as naves laterais existe uma larga galeria.

 O retábulo principal é de madeira dourada e policromada, tendo sido executado pelos escultores Flamengos Olivier de Gand e Jean de Ipres, nos anos seguintes aos de 1898.

 A absidíola de lado direito foi reformada no século XVI, para albergar a capela do Sacramento. Esta é coberta por uma elegante cúpula quartelada e, no seu retábulo figuram as estátuas de Cristo e dos dez Apóstolos, no plano superior, e dos Evangelistas, da Virgem e de outro Santo, no inferior, que engloba ainda o Sacrário.

Esta obra foi executada por João Ruão, em 1566. Todo o conjunto da Capela é uma autentica manifestação de espírito contra-reformista. O estilo, decorativo e arquitectónico é MANEIRISTA.

 O retábulo do outro absidíolo é da inovação de S. Pedro, de tipo Coimbrão da primeira renascença, podendo atribuir-se a Nicolau Chantaréne.

Esta capela foi remodelada para servir de capela funerária do Bispo D. Jorge de Almeida que aí viria a ser enterrado em campa rasa.

As paredes das naves laterais têm arcos-capelas, de 1636, que englobam pinturas em tela, de nível e estilo maneirista, datáveis, também, de meados do século XVII.


Os Povos Ameríndios

 

Quando chegaram ao continente americano, os conquistadores europeus encontraram povos que, embora possuíssem certa unidade étnica, apresentavam enormes diferenças sociais e culturais. A dispersão geográfica e os contextos históricos diversos faziam com que civilizações complexas em todos os aspectos (como os astecas e os incas) coexistissem com tribos nômades de organização e modo de vida muito simples (como os peles-vermelhas), e até com comunidades primitivas de características ainda do mesolítico (como a maior parte dos índios brasileiros).
São chamados de ameríndios quase todos os representantes daqueles povos que já existiam nas Américas antes dos descobrimentos do século XVI e da colonização européia. A exceção indiscutível são os esquimós, de traços étnicos estritamente mongólicos e que têm seu habitat tanto nas costas árticas da América quanto na Ásia.

A antiga divisão da espécie humana em quatro raças - brancos, negros, amarelos e vermelhos -, que teve longa tradição de uso na Europa, tornou-se obsoleta depois de importantes contribuições da antropologia contemporânea. Os povos ameríndios, que eram classificados como de raça vermelha, na verdade têm parentesco étnico com os habitantes do leste e do sudeste asiáticos. Fica claro, atualmente, que a denominação "peles-vermelhas", usada pelos exploradores europeus, deve-se à tinta vermelha com que os primeiros nativos da América por eles encontrados pintavam o rosto.

Embora todos os povos ameríndios sejam essencialmente mongolóides, há grandes diferenças de traços físicos entre uns e outros, às vezes no mesmo subcontinente. A estatura varia entre baixa-mediana e alta, sendo geralmente alta entre os índios das pradarias da América do Norte e os patagões do extremo meridional da América do Sul, e baixa ou mediana na maioria dos outros casos (1,55 a 1,60m em média entre os maias e outros povos centro-americanos, 1,70 a 1,74m entre os yumas e certos índios das pradarias da América do Norte, 1,68 a 1,80m entre os patagões).

Outras características notórias dos ameríndios é a tendência a terem as mãos e os pés pequenos, a cintura pouco marcada, a coloração da pele geralmente pardo-amarelada (embora em alguns casos chegue ao amarelo quase branco), o cabelo preto e escorrido, pouca pilosidade facial e corporal. Não é comum a calvície ou cabelos brancos. O rosto, de modo geral, é largo: as populações ameríndias são braquicéfalas, exceto alguns grupos do leste da América do Norte e das selvas amazônicas, predominantemente mesocéfalos, ou os fueguinos e uru-chipayas, quase dolicocéfalos. O nariz é carnudo e as maçãs do rosto, acentuadas. Os olhos, de um castanho ora mais claro, ora escuro, nem sempre apresentam nos adultos o característico formato mongólico.

O fator sangüíneo MN é mais comum entre os ameríndios que em qualquer outro grupo racial. Apesar de haver na Ásia os maiores índices do mundo de grupo sangüíneo B, este se mostra raro nas populações ameríndias, assim como o A, que só apresenta alguma incidência na América do Norte.

De acordo com os indícios ora disponíveis e pesquisados, o povoamento da América teve início entre 40000 e 20000 a.C., quando viajantes procedentes da Ásia atravessaram o atual estreito de Bering no fim da glaciação de Würm, ocasião em que o nível do oceano era mais baixo e o Alasca se ligava à Sibéria por uma nesga de terra firme. Há sinais de que a ocupação humana se deu de norte a sul do continente, ao longo de 200 séculos. Entre 10000 e 5000 a.C., navegadores vindos do atual Japão, do Sudeste Asiático e da Polinésia teriam chegado casualmente às costas americanas do Pacífico, o que explicaria a excelente cerâmica do sítio arqueológico de Valdívia, no Equador. Essa cerâmica, que surgiu ao redor de 3000 a.C., assemelha-se à jômon, do neolítico, nas ilhas nipônicas. Por volta do ano 1000 da era cristã, viajantes escandinavos parecem ter chegado, por sua vez, às costas da Terra Nova e do Labrador.

Há controvérsias, entre antropólogos americanos e europeus, estes acompanhados por latino-americanos, sobre se as culturas ameríndias se desenvolveram autonomamente (opinião dos primeiros) ou sob influência desses contatos com povos de origens tão distantes. Os argumentos utilizados são igualmente discutíveis. As diferenças de traços entre diversos grupos de povoadores ameríndios constituem outro motivo de muitas hipóteses ainda não esclarecidas. O certo é que asiáticos pré-mongolóides e mongolóides chegaram em várias levas, até mais ou menos 10000 a.C. A diversidade de habitats do continente e o isolamento de muitos grupos entre si são também fatores que podem explicar as discrepâncias existentes, conforme as adaptações que se fizeram necessárias: os índios do planalto boliviano, por exemplo, têm a caixa torácica muito maior que a dos litorâneos, resultado indiscutível de sua adaptação à atmosfera rarefeita em que têm de viver.


 


América Central

 

A região antropológica da América Central estende-se pelo centro e sul do México de hoje e pelos países centro-americanos até a Costa Rica. Essa área compreende grande variedade de zonas climáticas e ecológicas, podendo-se afirmar que fosse povoada desde tempos pré-históricos, embora a principal concentração humana ocorresse nos vales do México, Oaxaca, Jalisco e Guatemala.

Eram muito variadas as características dos povos da América Central, que falavam centenas de línguas. Todos, no entanto, possuíam uma série de componentes culturais comuns: constantes arquitetônicas -- pirâmides escalonadas, quadras para jogos rituais de péla --, calendário, registros históricos, complexa religião em que quase sempre havia um deus da chuva e um herói civilizador, notável desenvolvimento urbano, rígida estratificação social e uma agricultura baseada no complexo milho-feijão-pimenta-abóbora.

Na América Central a revolução neolítica teve início entre 5000 e 4000 a.C., mas foi por volta de 3500 que, paralelamente a certo resfriamento do clima e aumento das chuvas, passaram a ser cultivadas as espécies que ainda constituem a base da alimentação do homem centro-americano. Nos começos do segundo milênio havia povoados de grupos sedentários, cuja subsistência dependia fundamentalmente da agricultura.
Período pré-clássico. Deu-se o nome de período de formação, ou pré-clássico, àquele que transcorreu aproximadamente de 1500 a.C. até o início da era cristã. Foi nesse período que o homem centro-americano se tornou sedentário, desenvolvendo técnicas agrícolas de grande complexidade, aprendendo a cerâmica e a tecelagem, criando as primeiras cidades.

A civilização olmeca surgiu em meados do século XII a.C., na planície junto ao litoral do golfo do México. Embora esse povo ainda seja mal conhecido, sabe-se que tinha sacerdotes e classes sociais bem definidas, centros cerimoniais e de culto. Os olmecas já conheciam o calendário e a numeração e praticavam o jogo da péla, elementos culturais que se tornariam característicos de todas as civilizações centro-americanas. Possuíam ainda grande domínio da expressão artística, como se pode apreciar nas enormes cabeças esculpidas na pedra e em estatuetas de jade. Encontraram-se importantes depósitos arqueológicos: La Venta, grande centro religioso, e Tres Zapotes, importante núcleo populacional, ambos na parte sul do golfo do México.

Do começo da era cristã até o século X, as civilizações centro-americanas tiveram seu período clássico, alcançando excelente desenvolvimento artístico e urbano.

A partir do final do século IV da era cristã, desenvolveu-se no vale do México a primeira das grandes civilizações centro-americanas do período clássico. O povo que construiu Teotihuacan dominou a totalidade do vale, e sua influência cultural -- e talvez seu controle político -- chegou até a atual Guatemala. Suas edificações arrolam-se entre os mais empolgantes vestígios de civilizações antigas ainda existentes no mundo. A destruição de Teotihuacan parece ter-se dado no ano 650, mas só em torno de 900 a cidade veio a ser tomada pelos toltecas.

Aparentadas em muitos traços com a civilização teotihuacana e, por conseguinte, com a olmeca, foram as de El Tajín, na costa do golfo do México, e de Monte Albán, em Oaxaca, que também não chegaram ao princípio do século X.

Durante o período clássico desenvolveu-se a civilização dos maias, a mais original e avançada da América Central -- e também uma das que encerram maiores mistérios. De início, sua área geográfica limitava-se ao pequeno planalto da Guatemala, mas depois estendeu-se ao de Chiapas e à península de Yucatán.

Em sua origem, os maias não constituíam uma civilização urbana. Dependiam da agricultura de subsistência em glebas isoladas, que após algumas colheitas se empobreciam, impondo constante procura de novas terras. Tais circunstâncias econômicas não propiciavam a criação de centros urbanos. Estes, no entanto, surgiram em torno dos templos cerimoniais, construídos no alto de pequenas colinas. É provável que o sistema de cultura agrícola, que esgotava as terras, tenha sido a causa do súbito desaparecimento das cidades, que depois de abandonadas sem razão aparente, eram cuidadosamente recobertas de terra e reedificadas em outro lugar.

O tipo físico dos maias é ainda hoje facilmente reconhecível. Comparando-o ao dos povos vizinhos, nota-se que têm cabeça em geral mais arredondada, o nariz mais proeminente e o rosto mais chato.
Período pós-clássico. O período clássico acabou abruptamente por volta do século X, devido, ao que se crê, a invasões de povos provenientes do norte. Teve início em seguida o chamado período pós-clássico, em que prosseguiu a tendência ao desenvolvimento de grandes cidades e se acentuou um significativo traço guerreiro, tanto nos costumes como na religião. Os antigos deuses da chuva passaram a concorrer com os deuses da guerra e tornaram-se comuns sacrifícios humanos para saciar a sede divina. Os povos tolteca e asteca, que se sucederam, ocuparam grandes territórios a partir do vale do México. Por ocasião da chegada dos espanhóis, a confederação asteca estava no apogeu de seu poder, e a conquista truncou subitamente uma civilização em pleno florescimento.

Índios centro-americanos hoje. A mestiçagem generalizou-se nos diversos países da América Central. Entretanto, há ainda núcleos indígenas mais ou menos puros na região, caracterizados pelo uso de seus idiomas e pelas comunidades que formam. Entre as numerosas línguas que existiram na área, as extintas seriam em maior número que as ainda faladas, mas só no México se utiliza uma meia centena delas, com destaque para as dos grupos uto-asteca e maia, seguidas pelo otomi, o zapoteca e o mixteco. Como no México, em todos os atuais países centro-americanos há uma parte da população, maior ou menor, que se exprime em idiomas autóctones, sendo representativa a parcela dos que desconhecem o espanhol.
Só muito recentemente as comunidades indígenas da região passaram a introduzir em sua agricultura algumas técnicas modernas. De modo geral, continuam a ocupar e usar a terra extensivamente, acrescentando ao milho e feijão a cana-de-açúcar, o café e o arroz.

O habitat é bastante variável, porém são mais comuns as aldeias com um núcleo central, praça onde ficam a igreja e a administração, e se realizam feiras semanais. A casa, dependendo do lugar, ora é apenas choupana de palha, ora, como em Yucatán, tem paredes de tijolos e teto de palha, um cômodo apenas e a cozinha, quase nenhum mobiliário; para dormir, as pessoas usam redes e esteiras.

A cerâmica e a cestaria representam o artesanato mais constante, embora em muitos casos este tenha sido descaracterizado pela semi-industrialização. Acontece o mesmo com a tecelagem, conquanto ainda se empregue o tear artesanal. Nas planícies os homens vestem camisas e calças brancas, de algodão, e sandálias; as mulheres, blusa, saia, com freqüência um xale que recorda a presença espanhola. Nas montanhas, o poncho de lã completa o vestuário.

O autogoverno das comunidades indígenas regula suas questões internas, inclusive de divisão do trabalho, e nem sempre é reconhecido pelos estados nacionais. As comunidades, não obstante o padrão de vida muito modesto, valorizam as despesas de celebração, as vestimentas e as refeições festivas, depois das colheitas. Para estas últimas, como para os produtos artesanais indígenas, os pequenos mercados são essenciais. Finalmente, a religião é quase sempre sincrética, mesclando ritos e costumes autóctones às crenças e cerimônias cristãs.

É conhecido o equívoco que esteve na origem do termo «índios», desde a viagem de Cristóvão Colombo, em 1492, ao atingir as Antilhas , convencido que tinha alcançado a Índia. Mas equívoco, ou não, já quando Colombo se encontrou com os primeiros selvagens das terras que acabara de descobrir, descreveu-os de modo muito semelhante ao de Pero Vaz de Caminha, sentindo que tinha encontrado o «Paraíso Terrestre», «(...) andan todos desnudos como su madre los parió, y también las mugeres, aunque no vide más de una afrto moça, y todos los que yo vi eran todos mançebos, que ninguno vide de edad de más de XXX anos, muy bien hechos, de muy fermosos cuerpos e muy buenas caras, los cabellos gruessos cuasi como sedas de cola de cavallos e cortos. (...) Ellos todos a una mano son de buena estatura de grandeza y buenos gestos, bien hechos.» (cf. Cristóvão Colombo, Textos e Documentos completos, Madrid, 1982, p. 30-31).

O problema da origem dos habitantes do continente americano tem sido um tema polémico desde as primeiras descrições desses povos. Já numa obra do século XVI, de 1576, um humanista lusitano, Pero de Magalhães de Gândavo sugeria que os «brasis» tinham origem asiática, comparando as suas fisionomias com a dos chineses, «(...) estes índios são de cor baça e cabelo corredio: têm o rosto amassado e algumas feições dele à maneira de chins...» (inHistória da Provincia de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, Lisboa, 1576).

Muitos milénios antes deste contacto dos Espanhóis e dos Portugueses com os povos ameríndios, o continente americano já estava habitado. As datas das ocupações mais antigas, as rotas e condições de migração e a proveniência das populações são ainda sujeitas a controvérsia. Pode-se, no entanto, afirmar que o homem ameríndio não é autóctone; no território brasileiro, como no resto do continente americano, não há nenhum indício de formas anatomicamente anteriores ao Homo Sapiens aparecido no Velho Continente.

Os «senhores da Terra» que as tripulações cabralinas avistaram no trecho da Terra de Vera Cruz eram os Tupiniquin, grupo tribal pertencente ao ramo Tupi da grande família Tupi-Guarani. Esta será segundo a maioria das teses, originária da Amazónia. 

O padre Fernão Cardim menciona, num dos seus Tratados a existência de muitos e variados povos indígenas. «Em toda esta província há muitas e varias nações de diferentes línguas, porém uma é a principal que compreende dez nações de Índios: estes vivem na costa do mar, e em uma grande corda do sertão, porém são todos estes de uma só língua ainda que em algumas palavras discrepam e esta é a que entendem os Portugueses; é fácil, e elegante, e suave e copiosa, a dificuldade dela está em ter muitas composições...» (in Tratado da terra e gente do Brasil, Lisboa, CNCDP, 1997, p. 192-207).

Segundo uma proposta de reconstrução das migrações da família Tupi-Guarani, uma das sete que constituía o tronco linguístico Macro-Tupi, o grande processo de expansão dessa família terá ocorrido há cerca de 2500 anos, numa área situada entre os rios Madeira e Xingu, na margem direita do Amazonas (cf. Jorge Couto e Max Justo Guedes, O Descobrimento do Brasil,Lisboa, CNCDP, 1998, p. 19-21).

Crescimento demográfico e episódicos surtos de desertificação terão impelido os Tupi-Guarani a procurar nichos ecológicos mais favoráveis, e através dos cursos dos rios Madeira e Guaporé, terão chegado, por volta do início da presente Era, às bacias do sistema fluvial Paraguai-Uruguai, de onde terão irradiado para Leste, dividindo-se em dois ramos, os Tupi e os Guarani, e mais tarde em vários subgrupos.

Em 1500, os Tupi ocupavam a larga maioria da costa entre o Ceará e a Cananeia, actual São Paulo, e os Guarani, estabelecidos exclusivamente a sul do Trópico de Capricórnio, dominavam o litorial situado entre Cananeia e a Lagoa dos Patos (Rio Grande do Sul), além de importantes regiões no sertão.

Estas sociedades eram semi-sedentárias, ou seja, comunidades de horticultores-caçadores-recolectores-pescadores que baseavam o seu modo de subsistência no cultivo intensivo de raízes, sobretudo da mandioca, sem recurso à utilização do arado ou de adubos que são característicos da agricultura sedentária, na caça, na pesca, na colecta de animais, vegetais e matérias-primas, adoptando um padrão cultural que é designado de «cultura da floresta tropical».

Adoptaram normalmente padrões de estabelecimento modestos, construindo núcleos pequenos e dispersos, que eram condicionados pelas condições de subsistência e, na medida em que, a permanência das populações num local era temporária, cerca de três a quatro anos, a precaridade da instalação determinava, naturalmente, o tipo de materiais utilizados na edificação das habitações, como a madeira, cipós e folhas de árvore para as coberturas. 

Nas sociedades ameríndias vigorava além da divisão etária, a divisão sexual do trabalho, em que os homens executavam tarefas que implicavam esforço intenso, assim como actividades arriscadas. Às mulheres competiam os trabalhos produtivos, de recolecção, domésticos e de apoio nas expedições guerreiras terrestres ou marítimas. Estavam organizados em famílias extensas, constituídas por famílias nucleares ligadas entre si por laços de parentesco e subordinadas ao patriarca da oca: o murubixaba, o principal.

A nível familiar os Ameríndios admitiam e praticavam a poligamia, ainda que só um reduzido número de indivíduos, sobretudo os mais importantes de cada taba, como o chefe, o feiticeiro e os grandes guerreiros, é que dispunham de várias mulheres, que era um sinal de prestígio. O casamento podia ser endogâmico ou exogâmico, conforme era realizado entre membros da mesma aldeia ou de povoações diferentes.

Nas sociedades Tupi-Guarani, o complexo guerra-vingança-antropofagia desempenhava um papel fundamental, sendo a guerra a sua instituição fundamental, mas sendo a antropofagia uma prática corrente entre os Ameríndios. Esta prática era, em termos antropológicos, parte indissociável da guerra endémica entre grupos tupi e uma prática corrente de algumas sociedades ameríndias, particularmente junto dos potiguares, caetés, tupinambás, tupiniquins e tamoios.

Considerou-se, durante anos, que os povos ameríndios não acreditavam em deuses, mas segundo o testemunho dos cronistas e viajantes quinhentistas e seiscentistas, sabe-se que existia um sistema de crenças e não uma religião organizada segundo os parâmetros conhecidos.

A visão cosmológica dos Tupi-Guarani não atribuía a formação do Universo a um ser supremo, concebendo esse processo como resultante de sucessivas acções parciais e incompletas. Acreditavam ainda em vários seres sobrenaturais, demónios, génios da floresta, espíritos que habitavam os bosques, os lugares escuros, além dos que habitavam a água. Entre as várias crenças, os caraíbas falavam nas suas andanças na «terra-sem-mal», que era um lugar de abundância, de ausência de labuta, da imortalidade, mas sobretudo da guerra e do canibalismo. Era o paraíso para os heróis, os guerreiros que se notabilizaram em façanhas guerreiras. Um paraíso terrestre, um lugar de abundância, onde não era preciso trabalhar, onde a juventude era eterna e onde existia a imortalidade. E, já durante a colonização era a procura de uma terra onde não fossem escravizados e dominados pelos europeus. Os Tupi-Guarani fugiam das epidemias, das doenças e da escravização.


 


Trabalhos sobre as espécies vegetais e animais de Miróbriga

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Brasil 
Quem eram os povos ameríndios
É conhecido o equívoco que esteve na origem do termo «índios», desde a viagem de Cristóvão Colombo, em 1492, ao atingir as Antilhas , convencido que tinha alcançado a Índia. Mas equívoco, ou não, já quando Colombo se encontrou com os primeiros selvagens das terras que acabara de descobrir, descreveu-os de modo muito semelhante ao de Pero Vaz de Caminha, sentindo que tinha encontrado o «Paraíso Terrestre», «(...) andan todos desnudos como su madre los parió, y también las mugeres, aunque no vide más de una afrto moça, y todos los que yo vi eran todos mançebos, que ninguno vide de edad de más de XXX anos, muy bien hechos, de muy fermosos cuerpos e muy buenas caras, los cabellos gruessos cuasi como sedas de cola de cavallos e cortos. (...) Ellos todos a una mano son de buena estatura de grandeza y buenos gestos, bien hechos.» (cf. Cristóvão Colombo, Textos e Documentos completos, Madrid, 1982, p. 30-31).

O problema da origem dos habitantes do continente americano tem sido um tema polémico desde as primeiras descrições desses povos. Já numa obra do século XVI, de 1576, um humanista lusitano, Pero de Magalhães de Gândavo sugeria que os «brasis» tinham origem asiática, comparando as suas fisionomias com a dos chineses, «(...) estes índios são de cor baça e cabelo corredio: têm o rosto amassado e algumas feições dele à maneira de chins...» (inHistória da Provincia de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, Lisboa, 1576).

Muitos milénios antes deste contacto dos Espanhóis e dos Portugueses com os povos ameríndios, o continente americano já estava habitado. As datas das ocupações mais antigas, as rotas e condições de migração e a proveniência das populações são ainda sujeitas a controvérsia. Pode-se, no entanto, afirmar que o homem ameríndio não é autóctone; no território brasileiro, como no resto do continente americano, não há nenhum indício de formas anatomicamente anteriores ao Homo Sapiens aparecido no Velho Continente.

Os «senhores da Terra» que as tripulações cabralinas avistaram no trecho da Terra de Vera Cruz eram os Tupiniquin, grupo tribal pertencente ao ramo Tupi da grande família Tupi-Guarani. Esta
publicado por luiscatina às 15:20

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