BOLETÍM CULTURAL
CATINA MUNDI
Boletim de letras, ideias, diálogos e crítica
Casa México-Aljuriça(Portugal)
(O primeiro Boletim electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)
…Para las niñas y niños de Portugal, México, Costa Rica y Hispanoamérica es esta publicación mensual…
* As quadras humaníssimas do poeta Aleixo abrem as páginas deste boletim
* Porque o mundo me empurrou/ Caí na lama, e então/ Tomei-lhe a cor, mas não sou/ A lama que muitos são. ( António Aleixo)
“ Há tantos burros mandando/ Em homens de inteligência/ Que as vezes fico pensando/ Que a burrice e uma ciência “ ( Antonio Aleixo )
“ Ao refugiar-me nos livros aprendi a fugir do mal sem o experimentar”
Camilo C. Branco
*“Procurando o bem para os nossos semelhantes encontramos o nosso”
Platão
PUBLICAÇÃO MENSAL, em PORTUGUÊS e CASTELHANO, QUE TEM COMO OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES RECENTES E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR. (GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)
Presentación
Boletín de periocidad mensual aparece en septiembre de 2009 como fruto del amor por las letras luso-mexicanas. El objectivo esencial de Casa México es coadyuvar en la promoción y en la difusión de las literaturas clásica y contemporânea. Dicha publicación llegara a los cuatro rincones del mundo via air mail e InterNet
Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )
Editorial
A Recuperação da Educação
Onde há ordem e respeito está Deus , reza um refrão galego, e é uma grande verdade para os nossos bisavós e avós. E se assim é… parece que Deus não está presente em muitos dos nossos centros educativos, tanto básicos como secundários, pois neles reina o caos. Actualmente este fenómeno de desordem moral e educativa não é próprio de Portugal: Espanha, França, Inglaterra e Itália estão pagando um alto preço por falta de ordem e autoridade nos estabelecimentos de ensino público.
Quando entramos num centro educativo público, seja nas zonas centro, norte ou sul, nos damos conta do ambiente de desordem que reina. Os alunos correm sem tino, gritam, pontapeam-se, jogam pedras uns aos outros, e tudo isto acontece por falta de supervisão dos professores. É bom que no futuro os directores ponham ordem e respeito nos centros educativos portugueses. As escolas têm uma tarefa urgentíssima para salvar os nossos filhos do abismo: cultivar nos alunos regras de respeito para que reine a paz, a autoridade, compreensão e segurança.
O nosso Primeiro Ministro foi de visita à Finlândia para conhecer in situ o modelo de ensino básico e secundário desse rico País nórdico e poder um dia tê-lo como modelo de educação orientado para o crescimento económico. Sim, porque o modelo de educação finlandês está assente na cultura geral: aos alunos não basta apenas saber ler, escrever e contar. Todos os estudantes têm que ter bons conhecimentos em informática e tecnologias, e devem, obrigatoriamente, aprender um oficio para que todos os estudantes possam encontrar emprego assim que deixam de estudar. Na Finlândia a educação tem como lema o crescimento económico e milita a favor das Humanidades e das Artes. Neste nosso Portugal empobrecido os nossos jovens querem tudo fácil, sem esforço e sacrifício, andar com a cabeça no ar sem pensar no futuro; só querem festa e dirversão viciosa. Os vícios destroem a democracia.
Nós, Pais responsáveis, sabemos o que necessitam os nossos filhos para ser pessoas com êxito na vida, honestas, cultas, que formem lares nos quais seus filhos encontrem modelos de verdadeiro amor e disciplina. Porém, para que se logrem lares felizes e filhos realizados é necessário criar lugares que os inspirem a conhecer a ordem, a responsabilidade, o esforço e a disciplina. Os males da educação resolvem-se com mais educação.
Devemos cultivar estes valores morais e cívicos para sermos homens bons e cultos, e para continuarmos a ter pão, paz, ordem, progresso, democracia e também liberdade de expressão para não invejarmos o modus vivendi dos povos nórdicos.
- Famílias sanas, sociedades fortes.
- Devemos fazer do nosso lar o melhor lugar.
- As famílias são as células básicas da sociedade.
- Ditoso aquele que se cultiva a si mesmo.
- Os homens de bem nunca se esquecem.
- Pensar é sofrer, escreveu Eça de Queiroz.
- Um homem alegre nunca é pobre, ainda que não tenha muito; o descontente nunca é rico por muito que tenha.
- O comunismo científico anunciava uma sociedade perfeita, sem classes, sem desigualdades. Caiu devido ao egoísmo humano.
- Com a Globalização a humanidade não sabe para onde caminha.
- O povo não tem poder por falta de saber.
- A Eneida de Virgílio serviu de modelo aos Lusíadas de Camões.
- As raças são uma ficção. O que existem são sociedades decentes e sociedades indecentes.
- Os loucos não são seres livres porque não sabem pensar.
- Os turcos limpam o cú com a mão esquerda.
- Se existissem no mundo 100 Vicentes Ferrer e 100 Terezas de Calcuta, o mundo seria maravilhoso!
- Na justiça há sempre um perigo: quando não é a lei a castigar, é o juiz.
- Onicofagia: costume de comer ou roer unhas.
- O primeiro europeu a chegar ao pico do Monte Everest foi um português.
- Cada pessoa observa e analiza os acontecimentos com a sua cultura, com a sua própria experiência.
- “Consagrar a vida à verdade”, Jean Jacques Rousseau fez desta frase a sua divisa. Se os nossos políticos seguissem os ensinamentos deste filósofo humanista, Portugal seria hoje a segunda Suissa. Os suissos construíram uma das nações mais prosperas `a base de laboriosidade, disciplina e honestidade.
- Salazar foi até à sua morte um raro exemplo de austeridade e autenticidade.
- Os cães e os livros são os nossos melhores amigos nesta vida de cão.
- Uma casa sem livros é como uma família sem filhos.
- O coração do homem não mudou desde os tempos de Jesus Cristo.
- Jesus veio ao mundo para transformar e salvar o homem, mas acabou por ser sacrificado na Cruz como se fosse um ladrão. Este mundo é um mundo cão…
- A cultura vacina os povos contra a ignorância.
- A educação vacina os povos contra a estupidez.
- Portugal é o País da União Europeia com mais “mentalidades quadradas”, pela simples razão de o povo ser demasiadamente ignorante e ler pouco ou mesmo nada de nada…
- Os gigantescos incêndios que acabaram com milhares de hectares de matas no Centro e no Norte são um signo apocalíptico, e Portugal poderá transformar-se num pequeno deserto dentro de poucos anos.
- Jean Jacques Rousseau dizia que os homens não são naturalmente reis ,nem príncipes, nem ricos: todos nascem nus e pobres, sujeitos a todas as misérias da vida, condenados à morte.
- Se o ser humano não variar o estilo de vida que leva, deixará de existir antes de acabar o século XXI.
- PORTUGAL está em poder não de um, senão de muitos Herodes.
- Os E.U.A. não são uma grande democracia, são um grande império.
- De advogados, curandeiros, videntes, adivinhadores, vendedores de casas, tende cuidado, muito cuidado.
- Mundo inigmático- Nostradamus jugou ao ar as suas quartetas e ordenou-as consoante as apanhava do chão.
- Os castigos extremos que se impões às crianças criam comportamentos agressivos.
- Eça de Queiroz morreu jovem com maleza de estômago. Gastou uma pequena fortuna em consultórios de médicos lusos, franceses e suissos, e nenhum o salvou da sepultura. Admira-me como um homem tão culto e viajado não tenha tido sensibilidade para se curar com remédios caseiros. Eça de Queiroz ter-se-ia curado da doença de estômago tomando diariamente , em jejum, sumo de limão com água e uma pedra de sal , ou argila verde diluída em água. Sem gastar um vintém, esta medicina milagrosa natural teria salvo o maior romancista português de todos os tempos.
- Sua filha, Maria Eça de Queiroz, escreveu um livro em memória de seu Pai “ Eça de Queiroz Entre Os Seus” onde dá a conhecer ao público cartas íntimas do Pai e da Mãe, e, também, os arrepiantes momentos últimos de vida de Eça de Queiroz. As últimas páginas do volumoso livro fazem vir as lágrimas aos olhos! A morte não é pensável mas ela está presente em cada minuto de nossa vida.
- Que seria de Portugal sem Camões, Eça de Queiroz, Camilo C. Branco. Teixeira de Pascoaes, Alexandre Herculano, Almeida Garret, Jaime Cortesão, Ramalho Ortigão, Jorge de Sena, Eduardo Lourenço, Ferreira de Castro, Oliveira Martins, Eugénio de Andrade, Saramago.
- José Martí e Octávio Paz são homens históricos de ampla visão, da mais elevada hierarquia mental de que pode ogulhar-se América Latina.
- A literatura é a arte de expressar a beleza por meio da palavra.
- É na Natureza que encontramos os melhores remédios para nos curarmos, saibamos aproveitá-los e gozaremos de saúde, vigor e boa disposição.
- A RELIGIAO DO TERCEIRO MILÉNIO
- Chegou-me as mãos um interessante tratado filosófico sobre o futuro da Humanidade” A Religiao do Terceiro Milenio “ de autoria de Raimon Panikkar, lente espanhol doutorado em filosofia, e vêm-me a memoria uma celebérrima frase de aquele ingenhosíssimo e ilustrissimo duriense que era Camilo Castelo Branco, frase tão digna de recordar como de poetar: “ Ao refugiar-me nos livros aprendi a fugir do mal sem o experimentar”. E como os livros são os nossos melhores amigos, e junto deles que passo muitas horas no meu-dia-adia.
A Suécia é o país que mais investe em educação no mundo
Artigo de Nelson Valente - professor universitário, jornalista e escritor brasileiro
A Suécia é o país que mais investe em educação. Só em 2005, gastou 7,6% do seu Produto Interno Bruto nessa área, superando os Estados Unidos, a França, o Japão e a Itália, que aplicaram índices inferiores do seu PIB no mesmo setor. Com uma população de 8,4 milhões de habitantes, o país passou por uma intensa reforma educacional, a partir dos anos 50. Hoje, dedica nove anos à escolarização obrigatória, que abrange alunos dos sete aos dezesseis anos de idade; dispõe de classes integradas para o ensino médio, objetivando acomodar indivíduos a partir dos 16 anos; possui um sistema municipal de educação de adultos oferecendo a mesma qualidade-padrão dada aos mais jovens; e conta com um nível superior aberto a qualquer um, com qualificações bastante diversificadas.
Todas as crianças entram no pré-escolar pelo menos um ano antes de iniciar a escolarização obrigatória. As instituições que realizam esse trabalho não pertencem ao sistema regular de ensino, mas a programas governamentais de auxílio à criança. A parcela do orçamento voltada para o ensino é distribuída de tal forma que aumenta os incentivos, estimulando os estudantes. A pré-escola, a educação obrigatória e o ensino médio são controlados pelas autoridades municipais, mas os gastos com a manutenção são divididos com o Estado. As escolas são gratuitas e seus alunos recebem ainda o material escolar, a refeição e o transporte. Existem poucas escolas particulares. Os pais dos estudantes recebem o salário-família, que é idêntico para todos, até que os dependentes completem 16 anos. A partir daí, os jovens que desejam continuar os estudos recebem bolsas. Chegando ao nível superior, essas bolsas passam a ser empréstimos reembolsáveis. As administrações municipais proporcionam a um número cada vez maior de crianças atendimento durante todo o dia e atividade fora do horário escolar, por preços módicos. A educação em nível universitário é totalmente controlada pelo governo, existindo mais de 30 instituições que proporcionam ensino gratuito.
Na Suécia, as pessoas com retardamento mental cursam uma escola especial, que não é apenas um direito, mas faz parte da escolarização obrigatória, na faixa dos 7 aos 21 anos. A integração entre o ensino regular e o especial cria condições para uma cooperação mútua, oferecendo aos deficientes mentais as mesmas facilidades de que dispõem os outros estudantes. Observando o sistema educacional sueco, nota-se uma forte preocupação em manter.
- A democracia portuguesa tem estórias da breca que até os touros de morte se arrepiam!
- Napoleão de Bonaparte ao chegar a Salamanca ficou admiradíssimo com a suprema grandeza da Praça Central ( Plaza Mayor), e perguntou a um oficial de seu exército onde estava na verdade a cidade.
O país luso-galaico: um mundo a (re)descobrir
Numa altura em que se completam 625 anos da decisiva Batalha de Aljubarrota (14/8); dos 1142 anos da tomada de posse, das terras a norte do Rio Douro, por parte de Vímara Peres, aos Mouros; dos 914 anos após a criação do Condado Portucalense e após os 146 anos do Tratado dos Limites que deixou os «Povos promíscuos» mais descontentes do que estavam, a tendência das populações lusas e galegas tem sido para a aproximação e não para o afastamento.
Povos ibéricos desde os tempos pré-históricos, sempre se mantiveram como irmãos siameses que não se dão um sem o outro.
Os usos e costumes são comuns; os rios, as serras, o clima, os produtos agrícolas, em muitas casos, os matrimónios e os parentescos que nunca deixaram de existir, são provas seguras de que há uma união intrínseca que o poder político, a muito custo, separou por períodos sangrentos, quase fratricidas, mas que o direito natural, tende a restabelecer.
A União Europeia veio legitimar esse direito natural. E se continuaram a invocar-se guerras mortíferas que o poder político, ao longo dos tempos, foi travando, aí está a sã vizinhança que teima em impor-se, extinguindo fronteiras, esforçando uns e outros por cultivar a mesma língua, sem preocupações de impor a Portuguesa ou a Galega, como se infere dos fins associativos da Academia Galega da Língua Portuguesa.
As relações entre o Norte de Portugal e a Galiza são cordiais. De ambos os lados, aquela que já foi uma fronteira rígida não passa de uma linha imaginária, mais para separar o direito de propriedade do que para recriminar uns ou outros.
Já existem associações de um e outro lados que visam aproximar pessoas e culturas. O comércio de cá e de lá, funciona livremente, o mesmo se dando com a mão-de-obra que ora trabalha na Galiza, ora no Minho ou em Trás-os-Montes, sobretudo quando esse pessoal é especializado e fica mais perto do local de trabalho. O custo de vida, poderá parecer que é mais caro em Portugal. Mas é verdade que alguns materiais da construção civil se vão buscar à Galiza, de onde também chegam o cimento, a telha e electrodomésticos.
A alimentação gira em torno dos mesmos produtos, confeccionados à imagem e semelhança de ambos os lados. E se o polvo, por exemplo, é um prato abundante e popular na Galiza, já o cozido à Portuguesa, como o café e os vinhos seduzem os galegos que enchem, aos fins de semana, os restaurantes das cidades e vilas mais próximas do lado de cá.
Em 2005 criou-se o chamado Grupo dos Amigos do Castelo da Piconha. São onze casais de Barrosões que quiseram conhecer, mais de perto, a história desse Castelo Medieval que foi o mais importante dos três que Barroso teve e dos quais apenas resta o da vila, sede de concelho.
Dia 3 de Julho esse grupo marcou encontro na Casa dos Braganças, em Tourém e empreendeu uma visita de estudo ao complexo arqueológico de Aquis Querquennis, que se situa no Porto Quintela, Bande. Em 1975 foi fundada a União Fenosa, sob a orientação técnica do Prof. António Rodríguez Colmemero e também do Grupo Arqueológico Larouco. Essa Fundação fez obra admirável nestes 35 anos, bem patente no aproveitamento e estudo da antiga Via Nova (XVIII do Itinerário de Antonino), escavando e editando DVD,s e desdobráveis explicativos sobre as ruínas do acampamento militar e balnear romano identificado junto à barragem das Conchas (Portoquintela).Esse complexo está perfeitamente recuperado e explicado ao visitante que encontra, ali bem perto, um centro interpretativo dessas épocas e dessas culturas, graças ao recurso tecnológico e turístico que merece uma visita museológica. Esse complexo militar situa-se no itinerário da Via Nova, identificado pelo miliário XVIII, que ligava Braga a Celanova, Ourense. O Centro Arqueológico mostra como foi ocupado esse complexo militar por um destacamento da Legião Sétima Gémina, durante o reinado de Vespasiano (69-78), para garantir a construção da Via Nova. Mais tarde seria essa mansão viária (de Aquis Querquennis), a quarta desde Braga e a 50 milhas de distância desta cidade, transformar-se-ia no núcleo urbano mais importante dos Querquernos e um dos mais famosos da Gallaecia. Falamos de uma variante da Via Romana que partia de Braga, por Amares, Terras de Bouro, Parque Nacional Peneda-Gerês, Portela do Homem, Banhos de Rio Caldo, Entrimo, Barragem de Conchas e seguia para Castroromão, Freixo etc. Era a rede viária oficial do Império Romano
No centro interpretativo pode ver-se um filme de 20 minutos sobre essa e outras vias romanas luso-galaicas, ficando-se com uma ideia muito clara da fraternidade telúrica que existia e continua a existir entre a Galiza e o Norte de Portugal. E vendo-se o esmero com que os galegos reconstruíram esses vestígios romanos, pode ajuizar-se da pobreza franciscana com que os da nossa banda tratam os seus. A Junta Geral do Turismo da Galiza, em parceria com a Fundação Aquae Querquennae Via Nova e com a União Fenosa, souberam organizar-se. Os arqueólogos, antropólogos e medievalistas em geral, têm ali uma lição prática e viva para aprender.
Barroso da Fonte, Dr.
Os doutores da mula ruça:
... um famoso bruxo ... usa nos cheques bancários o título de «Dr.» tendo apenas a quarta classe.
... muitos outros, e outras, usam o título de Dr/ª e Engº/ª que nem o 12º ano possuem ...
e no mundo da bruxaria e até pornografia já há quem use nos chamamentos, documentos e cheques o título de
Professores/as Doutores/as e que mal sabem ler e escrever...
Uma das minhas últimas crónicas que intitulei «Cristo: vem cá ver isto» foi pretexto para vários dos meus habituais leitores me felicitarem pela coragem em mexer num assunto tão melindroso, como é o dos falsos «doutores» que se passeiam por aí, sem que alguma vez tivessem transposto a «Porta Férrea» de uma Universidade. Há uns trinta anos atrás, ser «doutor» era uma façanha, um acto heróico, uma raridade e um privilégio. Era o escalar da montanha mais difícil de uma carreira académica que simbolizava aquilo que de mais inovador se podia ter em vida. Havia poucos «doutores», mas quem o fosse, de verdade, simbolizava um saber que seduzia muita gente que pedalava uma vida inteira, para imitar essas poucas dúzias de «homens especiais». De repente o país povoou-se dessa «estirpe» académica, o que seria legítimo e louvável se houvesse decoro, bom senso e crivos legais para somente permitir esses títulos a quem, verdadeiramente, suando, pedalando, investigando, os obtém e os merece, pela sua competência técnica. Não foi, pois, contra esses que aquela minha crónica foi escrita e que esta nova abordagem aparece com o título que pode parecer ofensivo para alguns. Não é. Inspirei-me nela depois de ver na televisão pública um verdadeiro vendedor de banha de cobra, ser tratado por «Prof. Doutor». Conheci-o, suficientemente bem, para garantir que não podia, em tempo útil, fazer uma licenciatura de cinco anos, um mestrado de três e um doutoramento de mais cinco. Mesmo que tivesse feito, directamente, o doutoramento, sem o mestrado, para o que teria de ter uma nota superior a 16 valores na licenciatura. Fez tais e tantas piruetas, nesses anos em que o conheci que teimo em afirmar que era impossível, pelas vias legais e usuais, obter nesses treze anos, o curriculum que dê suporte àquele tratamento.
Todos nós temos lido, repetidas vezes, notícias sobre falsos médicos, falsos professores, falsos especialistas. São – isso sim – vigaristas especializados. Mas tentam e, se até as televisões os chamam e lhes dão tempo de antena, o «falso» tratamento fica oficializado. Como terá sido o caso.
Conversando sobre esse tema garantiram-me que um famoso bruxo que também conheci – porque igualmente me vigarizou – usa nos cheques bancários o título de «Dr.» tendo apenas a quarta classe. E garantiu-me a mesma fonte que um alto quadro partidário da cidade em que vivo e que apenas possui o antigo quinto ano de liceu, também se faz passar por «Dr.» usando esse título nos cheques da banca. Aqui há uns anos conheci um fulano que se apresentou, em público como «engenheiro». Como escrevia num jornal local, acabou por vingar esse epíteto que lhe serviu de trampolim para entrar na alta roda, chegando a ser nomeado para altas funções de que se saiu mal. Tinha apenas o antigo curso geral dos liceus. Um outro sujeito apresentou-se-me como ex-capitão miliciano dos comandos. E, graças a isso, eu próprio, o convidei para vice-presidente da segunda maior associação de Combatentes. Vim a saber que nem militar havia sido. Obviamente foi chamado à pedra e desapareceu.
No dia em que escrevo esta crónica recebo um Boletim Municipal em que aparecem vários editais, impressos, a letras gordas e espaçadas, estas pomposas palavras: «Doutor———licenciado em direito e Presidente da Câmara—-»…
Este autarca, para mais sendo «apenas licenciado» em Direito, deve saber que o «Doutor» por extenso somente deve ser usado por académicos que tenham feito, pelo menos, mais cinco anos de investigação e que tenham defendido, com sucesso, uma tese original. Essa tese de doutoramento, desde que reconhecida pela comunidade científica é que confere o direito ao uso, por extenso, desse tratamento. Ao utilizar (ele e muitos outros autarcas), em editais e documentos públicos «Doutor, licenciado em», está a contradizer-se, porque se é licenciado não é «doutor»; deve usar somente «Dr.» e se fosse (que não é) «doutor» estava a repetir-se, à custa do orçamento autárquico, porque quantas mais palavras usa nesses textos públicos, mais gasta aos munícipes. E já nem falo nessa outra praga de «analfabetos» que frequentam umas semanas num qualquer organismo de certificação e ficam habilitados com o «nono ano». Um antigo motorista da câmara onde vivo, ainda ontem me disse que acabara de frequentar essas aulas, que já tem o certificado de equivalência e que vai tentar o exame «ad hoc» para entrar na universidade. Será que o Processo de Bolonha vem travar este caos ou ainda irá agravá-lo mais?
Barroso da Fonte, Dr.
O «doutor da mula ruça»
Soldado raso que sou, em matéria de letras e ciências, jamais entrei em altas cavalarias de intelectualidade, nos escritos que dia a dia vou fazendo.
Para tanto, mesmo que não me faltasse o jeito, minguava-me o saber e a arte. Por isso, aos arroubos intelectuais e à profundeza do conceito filosófico, sempre preferi o chão raso da conversa popular e o "tu lá, tu cá" do linguajar quotidiano. Nada perdi com o facto e ainda fico com o lucro de não ter abusado da paciência dos meus devotados leitores. Serve este intróito, à laia de preâmbulo, para introduzir e justificar o assunto que hoje vou tratar. Desde menino que na aldeia ouço chamar, umas vezes em jeito de troça, outras, em estilo de provocação, "doutor da mula ruça" a qualquer chico-esperto, armado em sabido. Há dias ouvi, mais uma vez, o referido aforismo aplicado a um engraçadinho que, com dez réis de verniz cultural, já se julgava com direito a um prémio nobel, talvez, de qualquer associação sediada no café ao lado. Esta circunstância aguçou-me a curiosidade de encontrar a razão explicativa que justificasse o uso, quer do título, quer da cor do animal, em tão interessante veredicto popular. Por um lado, trata-se de um popular e irónico doutoramento "honoris causa" que, não sei por que bulas e, muito menos, por que decreto, a universidade popular resolveu atribuir. Por outro lado, é chamada à causa do doutoramento uma mula que, não sei como nem por quê, tem de ser de cor arruçada. Confesso a minha ignorância, mas a verdade é que no momento ignoro onde o povo foi buscar a "mula ruça". Se foi para completar a ironia e empolar as qualidades do sujeito do doutoramento, podia-se arranjar um cavalo que, assim como burros, também por cá os há e bem afidalgados. A "mula" certamente foi buscar à cor a importância adquirida no estribilho pois, no meio de tanta cavalgadura, havia outras animalidades talvez mais adestradas ao transporte do doutor. Mas o aforismo fala na "mula ruça" e, por isso, temos de aceitar o veredicto tal e qual como é proferido. Creio que a razão justificativa da "mula ruça" não se encontra nas alimárias cavalgadas por D. Quixote e Sancho Pança. O primeiro, conforme a sua condição, montava um cavalo rocinante e o segundo, dada a sua servidão, trauteava uma azémola feia e atarracada como ele. Também não me parece que a origem da "mula ruça" se encontre na burrica do João Semana, embora tudo indique que o doutor referido na frase tem todo o jeito de ser também um médico de aldeia. O uso da "mula" assim o parece indicar. Foi já há tempos que li o romance de Júlio Dinis e, no momento, não me recorda da cor atribuída ao prestável animalejo, nem de que essa atribuição tenha sido feita. Ignoro, ainda, que a origem da "mula ruça" se encontre sobre as ilhargas das antigas malas-postas, que transportavam as missivas das Julietas que, para lá das serras, suspiravam amores pelos Romeus levados no comboio, após as "sortes", "para a vida militar...para aquela triste vida'"!.. Contudo parece-me que, com tantos postos de trabalho criados na ocasião, toda a jericada ainda devia ser pouca, para se darem ao luxo de escolher só "mulas ruças" para o efeito. Assim sendo e não me recordando de ter lido, falado ou estudado mais qualquer coisa onde se fale de alguma "mula ruça" fico na expectativa de um dia poder decifrar o mistério. - Mas... um homem também não pode saber tudo!...
Opinião Diario do Minho
Juan Marsé: «¡Pobre cultura catalana si está en manos de gente así!»
Tras desvelar ayer ABC la discriminación sufrida por los autores catalanes que escriben en castellano en el nuevo portal cultural de la Generalitat, las reacciones no se han hecho esperar tanto en círculos literarios como políticos
Juan Marsé
Tal como desvelaba ayer ABC en estas mismas páginas, según Culturcat.cat, el nuevo portal cultural creado por la Generalitat catalana para colgar en la red «la información básica para empezar a conocer Cataluña y su cultura», autores que escriben en lengua castellana como Juan Marsé, Eduardo Mendoza o Ana María Matute son catalogados como autores de «literatura catalana en otras lenguas», y son equiparados a escritores como Mario Vargas Llosa, Roberto Bolaño y Gabriel García Márquez, autores nacidos en el extranjero pero que han desarrollado parte de su obra en Cataluña. Otros, como los son los casos de Carlos Ruiz Zafón e Ildefonso Falcones, dos de los novelistas de mayor éxito tanto en Cataluña como en el resto de España en los últimos años, directamente no aparecen en la nueva web. Aunque, según sus creadores, el citado portal no tiene «voluntad de exhaustividad», sí se autoproclama como valedor de «los conceptos básicos para conocer la cultura catalana».
Reacción en cadena
Las reacciones ante lo que se antoja una nueva actitud discriminatoria y absurda de los responsables culturales de la Generalitat no han tardado en llegar. Para muchos, vuelve a llover sobre mojado. Varios de los «afectados» tomaron ayer la voz y la palabra. Así, el Cervantes Juan Marsé señala: «No me extraña el tratamiento. Casi me siento honrado. Las opiniones sobre cultura de nacionalistas como el conseller Tresserras me producen repelús. ¡Pobre cultura catalana si está en manos de gente así!».
Por su parte, Ildefonso Falcones, autor de éxitos como «La catedral del mar», opina que «esto demuestra el rumbo que está tomando Cataluña en todo. El problema es que nos encontramos en una constante provisionalidad desde hace treinta años... y lo que nos queda».
En parecida línea, la novelista barcelonesa Ana María Matute tampoco se mordía la lengua. La autora de «Olvidado rey Gurú» se expresaba con palabras diáfanas: «Estas cosas me dejan fría: no les doy más importancia que otras tonterías que padecemos. Son ellos los que no quieren ser españoles y yo quiero ser española y catalana». En similares términos se manifestó Jorge Herralde. El prestigioso editor y escritor declaraba a este periódico que este asunto le parece «grotesco, auto punitivo, empobrecedor y lamentablemente previsible».
Para David Castillo (periodista, poeta y novelista en catalán, autor de títulos como «El cel del infern» y «El llibre dels mals catalans», cuyo nombre tampoco aparece en la web), «la literatura catalana es una, sea escrita en catalán o en castellano. Colocar unos autores supuestamente "puros" por encima de otros es una discriminación. Hay demasiada policía y pocos analistas con criterio estético. Situar a Marsé, Mendoza o Vila-Matas en el mismo plano de la literatura extranjera me parece una fantasmada: forman parte del patrimonio literario, histórico y cultural de Cataluña. Asistimos a la emergencia de los pequeños talibanes. Un nuevo fracaso del conseller Tresserras».
Museu da Casa Ramos Pinto
Fundada em 1880 por Adriano, a quem m ais tarde se juntou o irmão António, entre outros accionistas, a Casa Ramos Pinto teve diversas instalações no entreposto do vinho do Porto, actualmente o centro histórico de Vila Nova de Gaia e complemento essencial da área do Porto classificada pela UNESCO como Património da Humanidade.
Situado na margem do Douro, o actual complexo é composto por várias caves, alguns antigos armazéns de envelhecimento de vinho do Porto e o edifício-sede, onde estão instalados a Administração, o centro de recepção de visitantes, a loja de venda directa e os serviços culturais, nomeadamente o Arquivo Histórico e o Museu Casa Ramos Pinto.
Os visitantes têm acesso às caves e aos espaços mais nobres da sede, mantidos quase como foram criados em 1907, e podem contemplar inúmeras peças que recordam a história da empresa, incluindo, por exemplo, o seu apoio à primeira travessia aérea do Atlântico Sul, em 1922, por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, ou a oferta ao Brasil de uma fonte monumental.
PONTE DE LIMA FEIRAS NOVAS HISTÓRIA Ocupando uma posição geográfica privilegiada, com uma boa rede de escoamento para os seus produtos, Ponte de Lima está, a bem dizer, equidistante de todos os concelhos do distrito de Viana (ao qual pertence), e encontra-se também nas proximidades dos concelhos do distrito de Braga. Ainda mais a sul, a cidade do Porto está a cerca de 70 km. Para norte, a cerca de 60 km, Vigo na Galiza é outro mercado importante. A proximidade com o litoral, onde o porto de Viana assume relevância para toda a região, tem sido factor importante no desenvolvimento do concelho. Os romanos, há mais de vinte séculos, já haviam descoberto a importância destas terras ao fazer passar por Ponte de Lima a "via romana" que ligava Braga a Astorga e Tui. Pinho Leal em seu livro Portugal Antigo e Moderno do final do século XIX, nos informa que esta via militar romana, foi aberta, ou reedificada, pelo imperador Augusto César; pois assim o atestava um marco miliário, que se achou enterrado em uma das margens do rio Cávado, quando se reedificou a ponte do Prado. Tinha a seguinte inscrição gravada: IMP. CAESAR DIVI F. AUG. / PONT. MAXIMUS IMP. XV CONSUL / XIII. TRIB. POTEST. XXXIV. PATER / PATRIAE BRAC. III ( O imperador César, feliz, augusto, pontífice máximo, 15 vezes imperador, 13 cônsul, 34 investido do poder tribunício, pai da pátria. Daqui a Braga, 4 milhas). Conforme informa o autor, esta via foi construída ou reedificada no 11º ano de nossa era, porque Augusto teve o seu 1º poder tribunício em Junho do ano 731 da fundação de Roma, que era já cônsul pela 9ª vez - e em Junho de 764, principiou o seu 34º poder tribunício que terminou em Junho de 765, da fundação de Roma. O ano de do nascimento de Jesus Cristo corresponde ao ano 753 de Roma. Outros marcos miliários informam de reedificações efectuadas ao tempo do imperador Tito Claudio e do imperador Adriano. Ainda a título de exemplo o autor transcreve as inscrições que contem o marco achado em 1680, na margem esquerda do Rio Minho, num sítio chamado Arinhos: Ti CLAUDIUS, CAESAR, AUG. / GERMANICUS PONTIFEX / MAX. IMP.V. COS. III TRIB. / POTEST III P.P BRACA XLII (O imperador Tito Cláudio, cesar augusto, germânico pontífice máximo, cinco vezes imperador, cônsul três, e três do poder tribunício, pai da pátria. Daqui a Braga 42 milhas). Foi pois reformada esta via (no sítio indicado) no ano 43 da nossa era. As origens da Vila levantam algumas dúvidas. Uns dizem ter sido fundada pelos Gregos, em 1304 a. C. Outros atribuem a fundação aos Túrdulos, em 500 a.C. de seguro sabe-se que é vila muito antiga, no livro,” Inventário Colectivo dos registros Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais /Torre do Tombo”. está a seguinte informação que aqui se transcreve na integra, “ Povoação antiquíssima e que ao tempo do Imperador Romano Adriano em 114 a.C. chamava-se Forum Limicorum. Em 985, o Conde Telo Alvites, na doação de Paradela ao mosteiro de Ante-Altares, refere outra doação anterior, onde é citada a igreja de Santa Maria de Ponte de Lima. Em 1125, D. Teresa, concede-lhe o foral, no qual já se faz referência à feira. É a vila e a feira mais antiga de Portugal. Em 1226 e 1228 há referências à igreja de Santa Maria na vila de Ponte. No catálogo das igrejas, organizado em 1320, foi taxada em 120 libras». A esse respeito voltamos à informação de Pinho Leal: «É povoação antiquíssima, parece que o seu primeiro nome foi Limia e era cidade muito importante no tempo dos romanos, que lhe chamavam Forum Limicorum - Praça dos Limios, os Limios eram uns povos que se estabeleceram nestas paragens, uns 140 anos antes de Cristo.(...) Logo abaixo da ermida de Nossa Senhora da Guia, perto da vila, no Monte dos Médos há vestígios de um castelo, e dizem que foi neste sítio o assento da antiga Limia. Outros dizem que esta cidade era no sitio da actual aldeia de Santo Estevão de Geraz, o que não é verosímil. Talvez a que a antiga Limia não fosse exactamente no mesmo lugar onde os romanos fundaram o Fórum Limicorum, mas com certeza, eram sítios muito próximos. Julga-se que a cidade romana foi fundada, ou reedificada, no tempo de Bruto, isto é, uns 130 a 140 anos antes de Jesus Cristo (...) mas, depois de exactas investigações, por homens competentes, veio ao conhecimento, que esta antiga cidade, ou foi onde depois se fundou a primitiva capela de N. Senhora da Guia, ou no sítio da actual Vila, ou muito perto. (...)Tanto esta cidade como muitas da Lusitânia, foram arrasadas pelos ferozes Godos, Vandalos, Suevos, etc., no princípio do século V; (...) de entre todos estes cataclismos se distingue o de 997, ano em que o cruelíssimo Al-Mançor califa de Córdoba, invadiu esta região,(...) repetiu as cenas de atrocidades, que pouco antes dele, e no reinado de Ramiro III, tinham feito os normandos. Diz a história dos Godos, que estes bárbaros chegaram ao castelo de Vermoim, no território de Barcelos, assassinando e destruindo tudo quanto encontraram na sua passagem devastadora. Expulsos os árabes, nem por isso Ponte de Lima se repovoou, perdendo até o nome romano, e tornando a chamar-se Limia, e era o nome que tinha em 1125, e que o foral de D.Teresa lhe dá. Então todo este território era de um único proprietário, chamado Sesnando Ramires, como consta daquele foral. Parece, porém, que no meado do século XIII já se lhe dava o nome de Ponte do Lima: porque Sandoval (igreja de Tuy, fl 1550, verso) cita uma escritura existente no arquivo da colegiada de Valença, que é uma doação feita por D. Afonso III, de Portugal, em 1262, à igreja de Tuy, e diz no final: Facta carta apud Pontem Limiae O mesmo nome lhe dá este monarca, em uma carta de privilégios ao couto da Correlhã, datada em Lisboa, a 14 de Junho de 1268». Ao lado da vila amuralhada vestida de granito, está a ponte medieval, com os seus quinze arcos ogivais, soberba de formas. Esta ponte que deu o nome à terra. Esta terra muito antiga que ostenta garbosamente o título da "vila mais antiga de Portugal" Em 4 de Março de 1125 recebe o primeiro foral, de D. Teresa, viúva do Conde D. Henrique. D. Afonso II, em Guimarães, no mês de Agosto de 1217 confirma o foral e aumenta-lhe os seus privilégios. Posteriormente em Lisboa D. Manuel dá-lhe novo foral, no dia 1º de Junho de 1511. A criação da "vila" a entrega do 1º foral, o estabelecimento da "feira" e as sanções aplicadas " se (alguém) fizer mal aos homens que de qualquer terra vierem à feira, tanto na ida como na vinda, pague sessenta soldos", são algumas das intenções de D. Teresa em "fixar" mais gente na terra, inclusive, estabelecendo que, das "terras rotas" (cultivadas) se pagasse o terço, das novas rotas, um quinto, num claro estimulo aos lavradores para que cultivassem as terras, a maior parte ainda "ermas" dos tempos da Reconquista. E logo depois ficou marcada a história da "Vila de Ponte" pois, do lado da margem direita do Rio Lima ( Arcozelo, Brandara, Calheiros, Refoios), ficaram as "honras" e os "solares" da Ribeira Lima, na margem esquerda, os "reguengos" e os "Coutos"( Arca, Correlhã, Feitosa). Vai ser no entanto D. Pedro I, quem dá novo impulso à Vila. Reconstrói-se a ponte, circunda-se a Vila de muralhas com nove portas e outras tantas torres. Nove portas significam nove caminhos e isso, diz bem, do centro de comunicações que já naquele tempo era Ponte de Lima. Refira-se que a "Feira" não mudou de local até hoje realizando-se sempre no "areal". Centenas de anos passados, em tempo de "Feiras Novas" ou de "Feiras Velhas" é sempre uma "Santa Feira". Por isso, as Feiras Novas são, também, Dia de Festa, Dia de Santo, Dia de Romaria. A não perder no 3º Domingo de Setembro. No artesanato o povo de Ponte de Lima se representa através da arte em: bordados, cestaria, cantaria, cerâmica, funilaria, instrumentos musicais, luminárias, móveis, talha, pirotecnia, rendas, tanoaria, tamancaria, tecelagem, rodilhas. Rica de tradições, com um património bastante preservado o povo de Ponte de Lima, bem merece os prémios que vem recebendo com muito orgulho. Prémios resultantes da aposta que se realizou no sector do turismo em geral. Oferecendo uma gama de opções no campo da hotelaria e com destaque também no turismo de habitação, Ponte de Lima vem acumulando vitórias. Em 1995 ganha o Grande Prémio Europeu de Turismo e Ambiente, assim como Prémio Especial do Júri na Recuperação da Herança Arquitectónica. Em 1994 recebe o Prémio de Honra no Concurso das Cidades e Aldeias mais Floridas da Europa. Em 1993 e 1995 no Concurso de Limpeza Urbana mais dois prémios.
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Não é certo o local da Galiza onde nasceu D. Santiago Garcia de Mendoza, como também não se conhece a data, nem está provada a sua filiação. Sousa Machado dá-o como filho de D. Joaquín Garcia, Governador do Forte de Marín, em Pontevedra e de sua mulher D. Catarina de Mendoza e, por uma referência que Camilo Castelo Branco lhe faz, citando uma carta de Pinho Leal, a data estará entre 1810 e 1816.
D. Santiago foi uma curiosíssima personagem. Aventureiro, destemido, apaixonado, culto e cavalheiresco, exerceu um grande fascínio em Portugal, onde teve uma intensa actividade, acabando por fixar residência em Ponte de Lima. Ainda muito novo alinhou com os carlistas na violenta contenda que resultou da pretensão de Carlos de Bourbon ao Trono de Espanha, contra seu irmão Fernando VII, pretensão que em Portugal era bem vista por el-Rei D. Miguel e que teve o apoio explícito da população conservadora, sobretudo no norte do País. Parece ter andado metido nas guerrilhas que assolaram a Galiza, com D. Manoel Alvarez Romero, que viria a ser preso no Porto, julgado como desertor e salteador de estrada, e garrotado em Celanova, em 6 de Abril de 1850. A descrição das últimas horas de vida deste Romero, com a carta de despedida que escreveu a sua mulher, correu impressa no Porto; nela se diz que o réu terá desabafado com o juiz nestes termos – “Senhores, peço a todos que me perdoem, assim como eu perdoo de coração aos meus inimigos. Tenho porém aqui dous (pondo a mão sobre o coração) que muito peso me fazem. Disseram-me que Garcia me atraiçoou: póde ser que assim fosse, porque ele estava em Londres considerado como general, e eu lhe descobri a impostura. Veio depois para Portugal, conseguiu enganar os portuguezes, e casou com uma joven, que reúne em si as melhores prendas de nobreza, riqueza e formusura. Não sei que tivesse parte na minha entrega…”. Sobre este assunto parece-nos esclarecedor um comentário de Camilo, numa carta escrita a Tomás Mendes Norton, em 1884 – “Eu não pretendo denegrir a memoria do Garcia, e occultarei as atoardas q. são peores do q. V.Exª sabe, antes da sua vinda da Galliza (pátria d’elle) onde nunca mais foi…”. Em 1846 estourou no Minho a revolução da Maria da Fonte, também conhecida por Patuleia, exacerbando ódios acumulados contra o governo de Costa Cabral, a pretexto do confinamento dos enterros aos cemitérios e do aumento das contribuições fiscais. A primeira fase da revolta, que decorreu na Primavera, encerrou-se com a exoneração do Governo e a substituição de Costa Cabral pelo Duque de Palmela. Mas os ódios recrudesceram, reunindo cabralistas, setembristas e até antigos miguelistas, que exigiam mesmo a destituição da Rainha. O clima de alvoroço levou à queda de Palmela em Outubro, tomando o seu lugar o Duque de Saldanha, para chefiar um governo de força. A Junta do Porto, que ainda não estava dissolvida e outras que entretanto se refizeram, pegaram em armas e arrastaram o País para a guerra civil, com as guerrilhas a correrem a província a ferro e fogo. |