BOLETÍM CULTURAL
CATINA MUNDI
Boletim de letras,
ideias, diálogos e crítica
Casa México-
Aljuriça (Portugal)
Casa de Mexico,
casa de la cultura, donde los libros son la verdadera Universidad.
(O primeiro Boletim
electrónico publicado na Freguesia de Cadima para o Mundo)
…Para las niñas y
niños de Portugal, México, Costa Rica,
Hispanoamérica e America Portugueza es esta publicación mensual…
* Porque o mundo me empurrou/ Caí na lama, e então/
Tomei-lhe a cor, mas não sou/ A lama que muitos são. ( António Aleixo)
“ Há tantos burros mandando/ Em homens de inteligência/ Que as vezes fico
pensando/ Que a burrice e uma ciência “
( Antonio Aleixo )
“ Ao refugiar-me nos livros aprendi a fugir do mal sem o
experimentar”
Camilo C. Branco
*“Procurando o bem para os nossos semelhantes encontramos o
nosso”
Platão
"A leitura para
mim sempre foi uma fonte de prazer, e gostaria que isso fosse uma coisa
generalizada." "Um país se
faz com homens e com livros"
Monteiro Lobato
PUBLICAÇÃO MENSAL,
em PORTUGUÊS e CASTELHANO, QUE TEM
COMO OBJECTIVO A PUBLICAÇÃO DE
TRADUÇÕES DE TEXTOS DE AUTORES
PORTUGUESES, CASTELHANOS E LATINO-AMERICANOS, RESENHAS DE PUBLICAÇÕES
RECENTES E PASSADAS E NOTÍCIAS SOBRE
EVENTOS CULTURAIS D’AQUÉM E D’ALÉM MAR.
(GANDRASMEXICOCOSTARICA.BLOGS.SAPO.PT)
Presentación
Boletín de periocidad mensual aparece en septiembre de 2009 como fruto del amor por las letras
luso-mexicanas. El objectivo esencial de Casa
México es coadyuvar en la promoción y en la difusión de las
literaturas clásica y contemporânea.
Dicha publicación llega a los cuatro rincones del mundo por InterNet.
Catina Mundi recorda Matilde Rosa Araújo, a escritora que
revestiu as páginas dos seus livros com perfume de rosas silvestres para as
crianças dos quatro cantos do mundo.(1921-2010 )
Nunca e tarde para prestar homenagem a quatro ilustres e talentosas figuras do nosso Pais que deixaram marcas no Mexico. São elas: Joao RodriguesCabrilho ou Juan
Rodriguez Cabrillo, Beatriz Costa,
Fidelino de Souza Figueiredo e Joaquim de Carvalho Montezuma.
Casa México convida-o, leitor a visitar Cadima ( antiga
Catina romana) através das fotos que colocámos nesta página e que constituem o reconhecimento da importância da
actual Cadima e da sua história.
O caminho dos moleiros—percurso pedestre com inicio em Aljuriça
porlongando-se por atalhos de natureza silvestre até às Fervenças.
Editorial
PARQUE
DE MERENDAS, DE LAZER OLHOS
DA FERVENÇA
Este é o melhor parque da Gândara! As nascentes
das Fervenças foram mencionadas por Raúl Brandão no seu livro “ Os Pescadores “ . Este grande vulto da literatura portuguesa do
século XX andou por essas bandas por volta
de 1921... Palheiros
de Mira onde os bois lavram o mar e as águas
mansas das fervenças fazem mover centenas de mós de moinhos de água…
Os moinhos foram até 1960
a vida dos vizinhos das Fervenças e mataram a fome a toda a população
campesina que habitava as aldeolas
pertencentes `a freguesia de Cadima(
antiga Catina romana ). Durante toda a
Segunda Grande Guerra -- Que chegou a ser mundial-- os
moleiros das Fervenças não tinham mãos a medir.
Nos tempos que correm, o cenário é outro: as águas das
nascentes da Fervença já não alimentam
moinhos de água, mas sim um lago natural transformado n uma pequena
praia fluvial, com areal fino preparado
para banhos. O parque de merendas tem
mesas, assadores, balneários públicos decentes…, não sei ? estacionamento razoável,
bons acessos rodoviários, um pequeno restaurante-café com vista panorâmica para
o lago, recipientes para o lixo e escorregas para as crianças brincarem.
De Inverno, o movimento é pouquíssimo, mas durante os meses
de Julho, Agosto e Setembro chegam
excursionistas de todo o nosso
reino- e até do estrangeiro-para gozarem
o sossego, olhar as nascentes,escutar o trinar dos pássaros e saborear a brisa
sussurrante do lago. Os Domingos são
pouco recomendados para todos aqueles que gostam de estar à vontade. Famílias e mais famílias
chegam logo de manhãzinha com cestos e
canastas de comida, garrafões de vinho, rádios, câmaras, cãezinhos, gatinhos, bolinhas
e guarda-sóis. Para a miudagem este parque de merendas é uma maravilha! Este é, sem
dúvida, o melhor parque de merendas da nossa bucólica Gândara. Só lhe falta que comece a chegar o Jet
Set para lhe dar fama internacional. Seria lindo ver no parque das Fervenças os nossos 230 deputados e ministros do governo central de Lisboa a comer sardinha assada com salada
de tomate!
O Parque de merendas das
Fervenças tem sido centro privilegiado para festivais de folclore, com apoio da
autarquia marialvina, do Grupo Típico de Cadima e da Junta de Freguesia de Cadima. O cenário natural do parque é acolhedor, porém, o palco que serve para cantar e dançar é triste,
frio e pobre, incaracterístico para o lugar em questão. Um
novo e espaçoso palco é necessário para embelezar o parque de merendas e dar
maior conforto aos grupos que serão convidados para dançar e cantar este verão
que já se avizinha. Que assim seja.
NOVOS DOUTORES
Até aos anos 70, estudava-se à luz das velas para se saber mais e
mais, porque tinha-se o cuidado cívico
de que o saber não ocupa lugar. E para se saber alguma coisa é preciso ler e
estudar durante toda a vida.” Os livros são a verdadeira Universidade”, disse,
certo dia, um estudioso inglês.
Neste século XXI, prevalece o”
faz de conta” ,o “eu quero lá saber”.
Moços e moças andam carregados de livros caríssimos que para nada
servem, uma vez que não perdem tempo a acariciá-los. Promovem-se mestrados,
licenciaturas disto e daquilo, cursos e cursinhos de requalificação apressada
que dão direito a receber um canudo superior que para nada serve, uma vem que
quem o recebe nada fez para o merecer…
Já dizia a saudosa Beatriz Costa que “quem burro vai
para Coimbra, de Coimbra burro vem, porque Coimbra não dá nem tira saber a ninguém”.
Portugal está a copiar a América Latina: compra-se o canudo e já
está! Estamos no jardim da ignorância, do atrevimento e do oportunismo. Ser
culto, viajado, cortês, sábio, não chama
a atenção nem ajuda em quase nada nos dias que correm. Não
sabemos respeitar as pessoas por aquilo que elas são, somente por aquilo que
elas têm de valor material.
Ser tolinho com canudo… E tenho, logo existo… está na moda.
SER SÁBIO
Possuir riqueza
de conhecimento
Experiência em
assuntos que têm que ver com a condição humana
Julgamento
baseado no conhecimento do mundo e em si mesmo
Abertura a novas experiências
Capacidade de
aprender com os erros
Sensibilidade e
interesse
Capacidade de dar
bons conselhos
Preocupação com
os outros
Combater os
homens que cometem injustiça
Zargueida» - Francisco de Paula Medina e Vasconcelos
MEDINA e VASCONCELOS, Francisco de Paula (1768-1824). Nasceu na
freguesia da Sé a 20 Novembro de 1768, filho de Teodoro Félix de Medina
Vasconcelos e de D. Ana Joaquina Rosa de Vasconcelos. Matriculou-se na
Universidade de Coimbra, mas em consequência das suas actividades políticas e
do seu revolucionarismo foi preso em 1790 e depois expulso da Universidade
tendo de sair, para sempre, de Coimbra. Em 1792 regressou ao Funchal e passou a
desempenhar o cargo de Tabelião. Como voltasse às actividades revolucionárias,
foi de novo preso e condenado a oito anos de degredo em Cabo Verde. Em 1823
seguia, a cumprir a pena a que foi condenado, na Ilha de Santiago, tendo
morrido no desterro no ano de 1824. Medina no seu tempo gozava de grande
prestígio como poeta, publicou várias obras: Poesias Lyricas de Medina ...
1797; Sextinas Elegiacas (...), 1805; Zargueida, Descobrimento da Madeira,
1806; Georgeida, 1819, entre outras. Das composições de Medina e Vasconcelos ,
foi a Zargueida a que lhe deu maior renome e ainda hoje é, de todas, a mais
conhecida.
Obras
impressas
Ecloga piscatoria : Filleno desenganado, Lisboa : na Offic.
de Domingos Gonsalves, 1787.
Noite triste a que deu assumpto a infausta e sentidissima
morte da excellentissima senhora D. Carlota Margarida, filha do excellentissimo
senhor Duque de Lafões / por F. P. M. V., Lisboa : Offic. de António Gomes,
1792.
Poesias lyricas de Medina, dedicadas à ...Senhora D.
Catharina Michaela Sousa Cesar e Alencastro por seu author / Francisco de Paula
Medina e Vasconcellos, Lisboa : Na Offic. de Simão Thaddeo Ferreira, 1797.
Sextinas elegiacas ao sempre memoravel estrago da cidade do
Funchal da Ilha da Madeira, na calamitosa alluvião do dia 9 de Outubro de 1803
/ por F. P. M. V., Lisboa : Imp. Regia, 1805.
Elegia á deploravel morte do grande e incomparavel Manoel
Maria Barbosa du Bocage / por F. P. M. V., Lisboa : Imp. Regia, 1806.
Zargueida, descobrimento da Ilha da Madeira : poema heroico
/ Francisco de Paula Medina e Vasconcellos, Lisboa : Off. Simão Thaddeo Ferreira,
1806. Está disponível no Google esta obra no formato Pdf: Medina Vasconcelos
Georgeida, poema dedicado ao senhor Roberto Page / Francisco
de Paula Medina e Vasconcelos, Londres : Imp. por Stephen Couchman, 1819.
Memorial metrico / dedicado ao... Senhor Conde
dos Arcos do Conselho de Sua Mag.de Fidel.ma, Grão-Cruz da Ordem Militar de S.
Bento d'Aviz, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios Ultramarinos... por
seu author Francisco de Paula Medina e Vasconcellos
ZARGUEIDA-- poesia heróica. Este livro é uma
raridade bibliográfica.
O autor desta obra poética está completamente
esquecido.
Outra figura esquecida da literatura clássica é
Stefan Zweig, escritor austríaco que
chegou a ter residência na villa de
Cascais quando investigava nos Arquivos Históricos da Torre do Tombo( hoje, a
Torre do Tombo anda aos tombos) as aventuras do nosso Fernão de Magalhães para
a sua biografia histórica: “Magallanes—Historia
del Primer Viaje Alrededor del Mundo”.
Magalhães fizera, até aos dias de hoje, com 265 homens, a mais
extraordinária odisseia na história da
Humanidade
António
Pigafetta conta as tremendas aflições que passaram no Cabo de Hornos, entrada para o Oceano
Pacífico.
Quando
tinha residência na República da Costa Rica, encontrei por mera sorte um
exemplar( primeira edição) de Magallanes, e outro de António Pigafetta.
Não sei
se em Portugal as editoras portuguesas
já traduziram a histórica obra literária
de Stefan Zweig
Stefan
Zweig teve uma vida atormentadíssima, acabou por apanhar o vapor na doca de
Alcântara em Agosto de 1936, com destino
ao Rio de Janeiro.
A
sua simpatia ao Brasil levou-o a escrever “ BRASIL—País do
Futuro”. O sucesso desta obra não evitou
que o escritor austríaco se envenenasse junto com sua mulher, uma secretária
inglesa, no dia 23 de fevereiro de 1942,
na sua luxuosa casa em Petrópolis. O
escritor-humanista, Stefan Zweig, deixou
para trás a sua angustiosa angústia de ver a satânica expansão do nazismo e, conseqüentemente, a
destruição dos valores que mais estimava e admirava na sua querida e amada Europa culta. Este mun do é
dos malvados… o veneno dessa semilla maligna tem levado o terror e o sofrimento
a todos os cantos do mundo. Nem este nosso jardim à beira mar plantado escapou!
texto de José de Souza Castro:
Em 2008, um aventureiro espanhol que se tornou escritor publicou pela editora El Andén, de Barcelona, o livro Guinea e, logo em seguida, pela Internet, uma carta para tentar sensibilizar as pessoas para o drama dos pouco mais de 616 mil habitantes da ex-colônia espanhola Guiné Equatorial, submetidos, desde a independência, em 1968, a uma das piores ditaduras africanas.
Teodoro Obiang, presidente desde 1978, foi eleito pela revista “Forbes” o oitavo governante mais rico do mundo, enquanto 80% da população sobrevivem (até os 43,3 anos, que é sua expectativa média de vida) com menos de 20 euros por mês.
Menor país do Golfo da Guinea, com apenas 28.051 km², tem uma das maiores produções de petróleo da África, um PIB de US$ 15,5 bilhões e renda per capita de US$ 12.895 (maior que a do Brasil, estimada em US$ 10 mil), mas 98% do rendimento nacional vai para Obiang e seus cúmplices no governo.
Como a imensa maioria da população mundial, eu ignorava essa situação até receber ontem, pela Internet, a carta de Fernando Gamboa, o escritor. Ela foi lida à luz dos acontecimentos de agora no Egito que balançam uma ditadura tão corrupta e longeva quanto a de Obiang.
Para ler a carta, tive que interromper, na página 138, a leitura de Pequena Abelha, um livro de 270 páginas escrito pelo psicólogo londrino Chris Cleave, colunista do jornal The Guardian. Foi lançado em Londres em 2008, com o título de The Other Hand, e publicado no Brasil no ano passado pela Editora Intrínseca. Não me perguntem por que mudaram o título.
Mas isso não importa. O livro é um relato ousado e emocionante das desventuras de uma menina negra de 14 anos, provocadas pela exploração de petróleo na Nigéria, o maior país do Golfo da Guiné. A aldeia dela, cujo único pecado era estar sobre um rico campo petrolífero cobiçado por uma multinacional, foi queimada e seus moradores mortos. Ela escapou.